Hoje, como já é habitual, convidei alguém fora da blogozona para este cantinho. Ora atentem:
Olá sou a Sónia, 34 anos, educadora de infância e tenho uma linda filha, a Salomé de 4 anos.
Bem-vinda Sónia, a este meu humilde espaço. Vamos começar com aquele tema sempre interessante e capaz de nos pôr os cabelos em pé: as birras. Ocorre-te alguma que a Salomé tenha feito?
Sim, lembro-me de várias. Até porque minha filha é muito teimosa... Contudo, não posso dizer que foram daquelas mesmo feias ao ponto de se deitar no chão, de gritar ou de me bater.
Sorte a tua. O meu, com 17 meses, é muito dramático nas birras.
Como costumas lidar com elas?
Tento que ela oiça o porquê de ouvir um não. Se não resultar, respiro fundo e faço de conta que nem estou a ver, nem ouvir a birra.... Quando se acalma, converso com ela.
Sendo educadora de infância, suponho que ao final do dia a tua paciência esteja próxima do zero. Como tentas gerir isso?
Tendo já trabalhado com as idades todas de creche e jardim de infância, acho que se torna mais difícil gerir a paciência trabalhando com idades mais tenras, pois choram muito mais, não são tão autónomos e são um pouco mais egocêntricos com os brinquedos.
Tento explicar à Salomé o porquê de haver um dia ou outro que a mãe está mais cansada, mas fico sempre um pouco a brincar com ela para que entenda que tenho tempo para ela e para as minhas coisas.
Conta-nos um episódio que te tenhas marcado enquanto mãe.
Quando ela tinha 8/9 meses, já não me recordo ao certo, adormecia sempre bem, mas nessa noite estava um pouco mais aborrecida. Como já não mamava no peito, dei-lhe um pouco de leite que foi recusado. Tentei novamente e bebeu-o sem problema. Esperei que arrotasse e deitei-a. Passado mais ou menos uma hora, quando me ia deitar olhei para ela e estava toda vomitada, cheia de sopa e leite. era no nariz, nas orelhas, no cabelo, tudo! Pensei que tivesse sufocado e fiquei paralisada durante uns segundos, mas "acordei" e sentei-a chamando-a normalmente para não se assustar. Quando abriu os olho, esfregou-se toda e eu desatei a chorar, abraçando-a com toda a força. O maior susto da minha vida!
Faço ideia! Não foi comigo e até eu me assustei.
Qual aquela que consideras ser a maior dificuldade nesta aventura da maternidade?
Explicar o porquê de lhe responder não a determinada coisa e ter paciência depois de um dia de trabalho para birras e choros.
O de tens aprendido nesta jornada?
Um amor diferente e que afinal tenho mais paciência do que julgava.
Por fim Sónia, és capaz de me descrever a maternidade numa só palavra?
Sonho. A maternidade é um amor inexplicável, é um misto de emoções, é uma descoberta diária. Para mim, foi um sonho de vida que consegui tornar realidade.
Muito obrigada Sónia por teres aceite este convite e teres dispensado um pouco do teu tempo para esta conversa.
Foi tão grande, mas tão grande que temo não encontrar as palavras certas para vos contar. Corri logo à Cunhada para lhe contar semelhante acontecimento. Os meus fanicos são os balões verdes.
Ah, e as gralhas foram da emoção. Foi muita coisa ao mesmo tempo, uma pessoa não é de ferro e tem os nervos fraquinhos.
Achavam mesmo que vos ia deixar com legumes? Coisas verdes? Nunca! O meus leitores merecem o melhor açucar e gordura, tal como as suas veias e artérias.
Mas eu sei que vocês aguentam, que vocês são fortes e têm estofo para noticias deste calibre. Vou dizer de uma vez, como quem tira um penso rápido, para vos doer menos:
Ora pois que hoje vos trago mais alguém da blogozona. Dona de duas casas aqui na vizinhança (nesta morada e nesta), ainda faz uma perninha neste prédio comum.
Já sabem quem é?
É a Magda, pois claro, que simpatica e prontamente acedeu ao meu pedido e veio dar duas de letra sobre isto da maternidade e afins. E que bem que ela falou, ora oiçam:
Magda, 47 anos a caminho dos 48 (se não me enganei nas contas como é habito...) e com tantos filhos que nem sei o nome de todos...
Começo pelos filhos biológicos: a Maggie (que tem 14 anos e vai a caminho dos 15) e o Martim (que tem 12 e vai a caminho dos 13).
E depois os filhos adoptivos que são mais que as mães. Primeiro os da faculdade e que são uns 15 ou 16. Como eu era a mais velha, era mais cuidadosa com os preparativos da viagem de finalistas, era eu que os acordava em Cancun para irmos para as excursões, tratava-lhes das feridas... fiquei a mãe.
A Joana diz que eu sou a mãe dois. A irmã duma grande amiga pediu para mudar o nome para um qualquer que comece por M para poder ir viver para a minha casa para ter livros, séries e animais com fartura. A Bruna é uma das melhoras amigas da minha filha e trata-me por mãe porque eu a trato como filha...
Sorrio sempre que leio a tua apresentação Magda, ser - se assim mãe de tanta gente é obra! Conta-nos cá, o que tens aprendido nisto da maternidade?
A maternidade é tal qual a vida - aprendemos todos os dias coisas novas. Os filhos não vem com manual de instruções (o que, às vezes, é uma pena). E é tudo novo - para os pais e para os filhos.
Como gostarias que os teus filhos te recordassem daqui a uns valentes anos?
Como alguém imperfeito que fez o melhor que sabia por eles.
Embora já sejam mais crescidos, as birras continuam? Ou nem por isso? Como reages quando elas surgem (ou surgiam)?
Nunca foram crianças de fazer grandes birras. Felizmente. Mas se as tivessem feito teriam corrido o risco de ficar a fazer birras sozinhos porque eu ia-me embora. Ou então dava-lhes cinco boas razões para chorarem (lá vou eu ser fuzilada).
Vais nada, aqui não se fuzilam mães. E olha que digo isso imensas vezes, os putos tiram-nos do sério. Imagino que dois adolescentes também não seja pêra doce. Como é isso de ser mãe de adolescentes?
É ser mãe. Todas as idades tem as suas coisas boas e as suas coisas más.
Além de tudo o que aprendeste, de tudo o que ensinaste, há algum momento que tenha marcado?
Vários. Uns pelo humor outros nem por isso. Mas um dos que mais me mais me marcou e me fez perceber o que era ter dois filhos foi quando a gaiata tinha 2 anos e pouco e o gaiato dois meses e pouco. Estávamos em casa os três sozinhos e ela estava a dormir a sesta no quarto dela. Eu estava a dar de mamar ao gaiato na sala. De repente ela caiu da cama e desatou a chorar. Deitei-o no berço e fui para ir ter com ela e nisto parei no meio do caminho. Estavam os dois a chorar e eu sem saber qual acudir primeiro. Como se escolhe um dos filhos?
Sendo já os teus pequenos completamente autónomos tens a gestão do tempo facilitada ou nem por isso?
Eu sou uma mãe muito má. Porque habituei os meus filhos, desde muito novos, a fazerem coisas sozinhos. E a ajudarem em casa. E isso reflecte-se no resto. sim, sem dúvida que assim é mais fácil gerir o tempo. O meu e
o deles mas acima de tudo o nosso tempo, aquele que passamos em conjunto.
Algum conselho para futuros pais e para pais com miúdos prestes a entrar na adolescência?