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A Caracol

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

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Experiências #13

Maria estava uma crescida do alto dos seus seis anos. A sua vida mudara radicalmente nos últimos 10 meses, mas isso não a impedira de obter bons resultados no primeiro período escolar. Aprendia rapidamente e devorava a informação que a professora debitava na sala de aula. Preferia os lápis às bonecas de outrora e os conjuntos de loiça pequenina foram substituídos por livros com pequenas histórias de fácil leitura. Gostava de ler alto e com um público de bonecos bem alinhado e atento, não gostava que a interrompessem e era por isso que preferia um público inanimado a um público vivo – os adultos à vezes esquecem-se que para aprender também é preciso errar, passam a vida a corrigir pequenas falhas e estão sempre cheios de pressa: ou têm que fazer o jantar ou preparar alguma coisa que não pode esperar.

 

Nesses momentos tinha saudades do pai. Passava mais tempo fora de casa que dentro dela é certo, mas quando lá estava e lhe dedicava tempo não havia mais nada. Era sempre ela a comandar a brincadeira e o pai vestia a pele daquilo que lhe pedia. Se fosse público, escutava com atenção, sem interromper. Se fosse parte do espectáculo, encarnava a personagem com rigor. Chegou a ser modelo e cobaia da sua manicure desajeitada. Podiam ser 20 ou 30 minutos, mas naquele tempo só eles existiam e isso valia por todas as outras horas.

 

Tinha saudades do pai.

 

A mãe e os avós garantiam-lhe que ele haveria de recuperar, mas Maria não percebia do quê. O pai nunca lhe parecera doente. Se calhar era por causa das discussões com a mãe, a avó dizia que ralhar dava-lhe cabo dos nervos e na volta o pai ficara com os nervos avariados. Desejava que melhorasse depressa, queria brincar de novo com ele e não apenas ter uma conversa de circunstância na hora da visita estipulada. Queria mostrar-lhe que já sabia ler e que o fazia cada vez mais rápido e melhor. Queria desenhar e pintar com ele e brincar como antes.

 

Concentrada e compenetrada em melhorar para dar o seu melhor quando estivessem de novo juntos, Maria retomou a leitura para o público mudo, ansiando o dia em que o pai faria de novo parte dele.

 

Texto original da minha autoria

 

* * * 

 

 

Capítulos anteriores:

Experiências #12

Experiências #11

Experiências #10

Experiências #9

Experiências #8

Experiências #7

Experiências #6

Experiências #5

Experiências #4

Experiências #3

Experiências #2

Experiências #1

 

 

Tive uma ideia brilhante!

Ou parva, vá. 

Quem nunca chegou ao ginásio e ficou com mil e quinhentos pontos de interrogação na testa ao ver o nome do exercício? Ora aí está! É urgente a criação de um "Dicionário de Nomenclatura Fit para Totós". 

Como é óbvio - e porque sou eu que a fazer a coisa - podem contar com toda a verdade o exercício em questão, nada de termos muito técnicos e em linguagem acessível a todos, que é como quem diz: um dicionário altamente parvo. 

Posto isto e porque quero que vocês se sintam incluídos nesta demanda, digam-me lá quais os exercícios que vos causaram mais estranheza ao inicio? Podem deixar em comentário a este post que eu depois trato do resto. =) 

 

 

Sou fit! E agora?! #9

 

Vamos lá falar sobre isto. Algum dia tinha de ser, não posso guardar estas coisas comigo é demasiado para uma pessoa só. 

Fui a duas aulas e meia de zumba. E porquê duas aulas e meia? - perguntam vocês. Porque da terceira vez em me vi obrigada* a tentar havia bastante condensação na sala tornando a sua prática perigosa (para quem mexe convenientemente, para estátuas como eu estava tudo muito bem) e acabamos por mudar para localizada - confesso que foi a melhor coisa que já ouvi numa aula destas e voltei a ganhar um pouco mais de fé em deus. 

Eu e zumba e o zumba e eu temos um grave problema: começa na música, passa por toda a coordenação com que claramente não fui abençoada e termina naquela coisa que se designa por "sentir a música e deixar fluir o corpo".

Lá ber uma coisa, a única altura em que meu corpo flui de forma maravilhosamente bela é quando pratico aquela técnica super conhecida dos destrambelhados: a queda, vulgarmente conhecida por "esbalhardanço". Ah, eu quando caio - ou tropeço e quase lambo o chão - sou super fluída, há todo um movimento bem executado e digno de uma dança contemporânea. Começa na planta dos pés, põe os tornozelos num ângulo esquisito, as pernas derrapam, o rabo apresenta um efeito de mini trampolim dando pequenos saltinhos enquanto tenta evitar que o costedo roce sensualmente pelo asfalto e termina sempre com uma dor de cotovelo lixada, já que este é sempre o cristo das quedas.

Depois há a coordenação. Não sou coordenada. Ok, estou melhor, mas não me peçam para levar a mão direita ao pé esquerdo atrás das costas e inverso com um passe rodopiante pelo meio porque não vou conseguir e o mais certo é terminar amarrada com os meus próprios membros, num abraço desequilibrado, amarfanhado e nada confortável. Acreditem: é muito mais digno morrer a meio de uma prancha marada, porque é difícil de executar, do que não conseguir coordenar a direita com a esquerda - isso é só embaraçador a roçar o humilhante.  

E não vamos sequer falar daqueles "abajos" que substitui por agachamentos, daqueles passos deslizantes para todos os lados e que só consigo fazer quando termino de passar o chão com a esfregona ensopada, do torcicólo que quase ganhei por manter os olhos sempre focados no instrutor (e nunca no espelho, já me sentia idiota o suficiente, não precisava de o comprovar num reflexo) e das tentativas de de movimentos sexys. Ah, os movimentos sexys! Gosto tanto! E a anca que parece ter vida própria a descola da cintura numa ondinha perfeita, ao mesmo tempo que os pés fazem um sapateado perfeito. Ah, como isso é bonito. Infelizmente, não sou capaz de executar. A minha anca jurou amor eterno à cintura e selou-o com super cola 3, não mexe, não descola e não desliza, o que faz com eu pareça um carapau tentar sair da rede de pesca. E os meus pés teimam em bater na canela oposta (vá lá que tive o discernimento de manter afastada do grupo...).

Nódoas negras - 1 Movimento Sexy - 0. 

Então mas não houve nada de nada que não conseguisses fazer? Houve, claro! Bater palmas. Sou óptima a bater palmas. Acima da cabeça, frente ao peito, atrás dos joelhos... É para bater palmas? Eu consigo! 

 

 Image result for bater palmas gif

 

* Ler muito rápido como as informações de medicamentos que passam no final dos anúncios: 

O problema nesta equação de zumba vs caracoleta é única e exclusivamente da minha pessoa. O zumba é recomendado a toda e qualquer pessoa que se disponibilize a mexer, a divertir e a aprender. Válido inclusive a descoordenados e para qualquer idade. Sem efeitos ou danos colaterais a não ser sair da sala a trautear as músicas que rodaram.  Ah! E claro que nunca fui obrigada a ir. Só não tinha era alternativas. ;)

Atletas Anónimos - A Maria

 

Foto de Maria Canha.

 

 A Maria, nutricionista de profissão, é uma inspiração no que toca à actividade física.

Abrir o seu Instagram é como accionar um mecanismo de Pavlov carrregado de adrenalina e ficamos logo com vontade de calçar as sapatilhas e enfiar o esqueleto no ginásio. 

Não lhe bastando o treino de "manutenção", a Maria é culturista, participando várias vezes no Bikini Fitness, onde arrecadou o 3º lugar na sua categoria, em 2017.

Uma autêntica bomba que podem conhecer um bocadinho mais a fundo na conversa que se segue. 

 

 

 

Bem-vinda ao meu humilde tasquinho Maria. Quem te vê pelas redes sociais, percebe que dedicas grande parte do teu tempo ao treino. Já o fazes há muito tempo?

 

Comecei a treinar ginásio (musculação vá, que aulas de grupo sempre fiz) no último ano da faculdade. Em 2012 (que velha!!!) porque tinha conhecido, no Algarve um casal de culturistas que me inspirou! e apaixonei-me pelo estilo de vida. Achei que era fantástico um desporto em que o resultado final acabamos por ser "nós"!

 

Levas a coisa um bocadinho a sério e inclusivamente participas em provas de culturismo. Consegues dar-nos umas luzes do que é avaliado ou testado numa prova dessas?

 

Ora bem então a resposta a essa pergunta é fácil... TUDO é avaliado desde o bikini, à quantidade de massa muscular (não pode ser demasiada mas também não pode ser "pouca"), maquilhagem, pintura (sim, a tonalidade do corpo não é solário, nem natural!), o desfile, as poses, a forma de estar em palco…

E a definição muscular, não? Ou é apenas uma benesse dos treinos?

Sim, sim! A definição também é avaliada! É preciso saber equilibrar muito bem o grau para não ser em demasia nem ser "em falta".

 

Sei que vai parecer parvo, mas... Como é que vocês sabem qual a proporção ideal de definição?

 

Não é nada parvo! Na realidade até faz sentido a pergunta. Não há é uma resposta taxativa. É o que fica esteticamente bem. Por definição "Os grupos musculares devem ter uma beleza natural e firme, com baixa percentagem de gordura e sem volume muscular. A beleza deve ser realçada em todos os momentos."

 

Hmmm... Tinha uma ideia errada do culturismo, achava que o objectivo era “crescer” ao máximo o tecido muscular.

 

Muita gente tem!

Depende muito da categoria! Na minha (bikini fitness), a demasiada massa muscular acaba por ser um factor que prejudica, já que o objectivo é apresentar um corpo harmonioso.

 

 

 

maria canha.jpg

  

Estou a perceber... 

Para conseguir a definição que precisas, deves a vida a treinar, literalmente. Quanto do seu tempo é dedicado aos treinos? E, pergunta pertinente, gostas efectivamente de exercício?

 

Essa parte depende do macrociclo competitivo, ou seja: se estiver a quase a chegar a altura de uma prova (mais ou menos 1 mês e meio antes) começo a fazer o cardio e aí demoro cerca de 1h45 a treinar (siiim é muito :P) mas no resto do tempo demoro, no máximo, 1h15!

Entendo a pergunta, porque para muita gente, treinar fechada num ginásio é um sacrifício. Para mim, é o melhor tipo de desporto! Amo! Amo o tempo que tenho para mim, sentir cada repetição. A música faz toda a diferença no processo. Não foi sempre assim, no início não tinha esta paixão toda, claro! Mas depois de começarmos a ver resultados é bem mais fácil!

E, não sendo hipócrita, nem sempre apetece treinar! Daí ser importante criar o hábito.

 

Bem sei que já é do conhecimento praticamente geral, mas nunca é demais: qual é, verdadeiramente, a importância da alimentação para aquela pessoa que treina de forma rotineira?

 

A alimentação é a base de tudo! Vejo todos os dias pessoas que treinam há anos e estão exactamente iguais. Isso não tem nada de errado, se o objectivo delas for ir para o ginásio para descomprimir ou fazer amigos. Agora, se o objectivo passar por perda de peso/aumento de massa muscular/saúde temos de ter sempre em atenção o que comer antes do treino (na maioria das vezes, preferência hidratos de carbono de absorção lenta e alguma proteína) e após o treino (regra geral, proteína e HC de absorção rápida!).

 

Sendo culturista (é este o nome?), não sentes que ao fim de algum tempo a musculação acaba por ser "mais do mesmo"? Não se torna entediante?

 

Entendo bem a pergunta! Mas realmente acho que se aplica o "quem corre por gosto não cansa!"

Eu adoro treinar com ferro!

 

Já eu... Adorooooooo cardio, tem que haver doidos para tudo. :P

Num mundo maioritariamente masculino, não sentes dificuldade acrescida por ser mulher? Ou é algo que (já não) se aplica tanto no culturismo?

 

Hmm… Pois! Já não é um mundo tão masculino assim!

 

Fantástico não sentires discriminação, já cá tive outra menina que lamentou isso, o que torna a coisa mais difícil. 

Por fim, queria que descrevesses o desporto numa só palavra e justificasses a escolha.

 

 

M- Superação: consigo atingir coisas que nunca achei possível (mesmo de prova para prova, quando acabei de o fazer); consigo surpreender-me a mim própria; é um desporto que nos leva a superar a barreira mesmo quando achamos que já não dá mais!

 

maria canha2.jpg

 

 

Obrigada Maria, pela disponibilidade para esta conversa e interminável paciência... 

Podem seguir o seu Instagram e botar os olhinhos em malta valente, conhecer mais sobre este mundo de quem compete e do seu trabalho em nutrição. Os mais malucos, podem sempre retirar algumas ideias para uns treininhos. Não que eu já o tenha feito, entenda-se.