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A Caracol

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Querido 2019,

Anda devagarinho, não sejas apressado, a malta tem tempo e passa a vida a fazê-lo correr mais depressa numa vida vivida entre rotinas e esticares de ponteiros. Não me tragas o Carnaval tão cedo e livra-te de me dizeres que tarda nada estamos todos no Natal outra vez. Levas logo com meia rabanada recessa na ventas só para aprenderes que não se brinca com o tempo. 

Por falar em brincar, relembra-me que o humor não tem limites e dá um cachaço ou meia engasgadela com uma passa a quem ainda acha que sim apenas porque não se identifica com alguma espécie de humor. A quem ainda confunde humor com opinião, ignora e dá-me paciência para ignorar também  - sobretudo quando me apetecer comentar  com os dedos a ferver de mau humor. 

Ajuda-me a ver sempre o lado positivo e a ser mais optimista. A vida já é dramática o suficiente e uma queda é só uma queda não é propriamente a extinção de uma espécie. 

Vai-me relembrando dos aniversários ao longo do ano, mas por favor não te esqueças de me lembrar também fora deles - os amigos não são só importantes em datas especiais. 

Traz-me aqueles fins de semana pacatos, com boa companhia, melhor conversa e muitas gargalhadas - lembra-me para não me esquecer de os programar. 

Ajuda-me a ser melhor pessoa e a utilizar melhor o meu tempo entre tantos afazeres diários. 

Sê tão inspirador para parvoíce como o 2018 e continua a ajudar-me nesta coisa quase nobre de fazer rir meia dúzia de boas almas, onde egoistamente me incluo.

Acima de tudo, mantem-me presente no espírito que tudo aquilo que pedi depende apenas de mim e não de ti.  

Que sejas um excelente ano e que consiga acompanhar-te nos próximos 12 meses (de preferência sem mancar e sem outras lesões de maior).

Um bom ano para todos os que por cá passam diariamente, só de vez em quando ou quase nunca. É melhorar isso também. ;P

Pai Natal e os 8 Pássaos - Parte V

      Nicolau nem se conseguiu pronunciar. Idalete tomou conta de toda a situação, sabia que ela seria a salvação dela, mas nunca pensou que ela é que fosse entregar os presentes, afinal o Pai Natal era ele! A Passarada foi-se levantando e dirigindo-se para as suas funções, ficando para trás apenas o Pai Natal e a Idalete...

- Idalete, amorzinho - dizia o Pai Natal, corado - isso é trabalho para... Huummm... Ahhhh...

 

- Para um homem? É isso que queres dizer?

Nicolau sentia a fúria da mulher e não era isso que ele queria insinuar...

- Não, querida. É trabalho para mim. Eu sei que ando um pouco estranho, ultimamente. Mas a verdade é que não é o Natal que me está a preocupar. És tu, amorzinho.

É então, finalmente, o Pai Natal desabafou...

Ao longo de todos aqueles anos como Pai Natal, Nicolau nunca tinha conseguido oferecer a Idalete o presente que ela mais queria. Um filho. E todos os anos criava-se uma angústia enorme no seu coração, porque ele levava a todos os meninos e adultos que acreditavam nele, as prendas que todos desejavam.

Já com esse desabafo exteriorizado, Idalete chorava agarrada ao Pai Natal.

- Querido, tu não vês que eu nunca quis mais nada que não fosses tu?

Nesse exacto momento entra Aretha, com um coro para começarem a entoar os hinos natalícios.

O Pai Natal informou os 8 Pássaros que nada estava perdido. Ele iria utilizar toda a sua magia para pôr este re Natal a andar. Ligou para Deus e disse-lhe que ele tinha que pôr o menino na ordem em vez de mandar os outros entretê-lO, ao que Ele aquiesceu. Como por magia, em casa do Pai Natal a balbúrdia resolvia-se para espanto de todos.

Nicolau estava a transformar-se na figura natalícia que viaja pelo mundo.

Num instante, também se puseram todos lá. Os elfos trabalhava a todo o vapor, Idalete acabou de fazer o repasto para a viagem, o livro das entregas estava pronto e até Jesus tinha até deixado um postal de natal com a Sagrada Família, a agradecer pelo presente (Maria fica sempre bem nas fotos, pensou Idalete, enquanto admirava o postal).

 

Sempre ficara com o overboard, com a promessa de não andar por aí a fazer milagres em cima daquilo. E lá percebera que, o Seu papel era de trazer esperança ao mundo, completando o Pai Natal.

 

E pouco antes da meia-noite, Nicolau saiu no seu trenó, com a certeza que o espírito Natalício estava vivo.

Idalete tinha-lhe dito, momentos antes de sair, que o único filho que ela queria era apenas saber que todas as crianças do mundo sorriam ao ver os presentes que o Pai Natal, São Nicolau, lhes levava naquela noite. Feliz, o Pai Natal saiu para cumprir o seu destino, deixando para trás todos os pássaros felizes.

E assim se salvou mais um natal.

Pai Natal e os 8 Pássaos - Parte IV

O Pai Natal estava em desespero e ainda ficou mais quando o Coelhinho na Páscoa pegou no telefone e disse:

- Deus? Temos aqui um probleminha com o teu filho... Sim, sim, com o Jesus. Não, o Lúcifer não fez nada desta vez, mas o teu santinho Nico ia-se metendo numa alhada...

Depois de desligar a chamada, Deus, lá do alto, decidiu rapidamente que isto de educar filhos é sempre um sarilho, e, ou temos mão neles ou a coisa descamba rapidamente. E, quer dizer, dois mil e tal anos de experiência não são de menosprezar.

Primeiro ligou ao Stephen:

- agora que já estás convencido que eu realmente existo, podes dar-me aqui uma mão? Importaste de pedir ai ajuda ao Albert e vão os dois entreter o meu mais novo? está naquela fase de chamar a atenção, só quer as prendas, e tarda nada estraga o Natal a esta gente toda. Estamos combinados? ok, obrigado, desculpa mas tenho aqui mais duas ou três chamadas que não posso adiar.

Depois de desligar, ligou para a Aretha

- Minha querida amiga, posso contar contigo distraíres a sociedade secreta dos oito pássaros enquanto o Stephen e o Albert distraem o meu mais novo? óptimo, leva contigo quem precisares. Até breve

Por fim, o telefonema que não lhe apetecia mesmo nada fazer:

- Idalete, meu amor... - do outro lado do telemóvel estava Idalete cheia de pratas no cabelo, enquanto a manicure lhe acabava de arranjar as unhas.

 - Que se passa Nicolau? Conheço bem essas tuas falinhas mansas... - O tom do Pai Natal era demasiado meigo, alguma coisa vinha do outro lado da chamada.

 - Oh Idalete, meu amor, é só para dizer que logo vou jantar com o Rudolfo, devo chegar tarde. Sabes como é, tenho de o animar e preparar para liderar a viagem e sabes como ele anda preocupado este ano. - Entre meios soluços e umas quantas pausas, Nicolau conseguiu inventar uma desculpa para naquela noite desaparecer. No fundo o que o Pai Natal precisava era de uma reunião secreta com os Pássaros para conseguir levar a sua a avante...

  - Pronto homem, vai lá... Não bebas é de mais, já sabes que o último copo nunca te cai bem! - Idalete desligou o telemóvel, mas tudo aquilo lhe continuava a cheirar a esturro...

- Veio fazer um update ao look, dona Idalete! Diz a manicura a tentar fazer conversa de circunstância.

- Rapariga, despache-me lá rápido que tenho tanta coisa para fazer. Não tenho dia para ficar aqui!!! O sexto sentido muito apurado da Idalete estava em modo alerta máximo, sabia que o Pai Natal estava a esconder algo estava disposta a descobrir o que era agora mas não podia sair de pratas da cabeça... No entretanto o Pai Natal estava a fazer o briefing com o grupo secreto 8 Pássaros.

- Eu tenho uma ideia, no lugar de dar essa coisa, fazemos uma blind date com Madalena assim como assim vão conhecer-se na mesma... Disse o Coelho da Pascoa cheio de esperança que se resolvia o drama.

- A minha ideia da overboard muito melhor, só de pensar na ira de Deus, sou amigo de José e da Maria. Coitada de quem se meter com o Jesus dela é pior que a Dolores mãe do Ronaldo que escorraçou todas as noras. Disse o Pai Natal muito preocupado em manter boas relações com todas as pessoas do mundo e fora dele também...

- Não vejo outra possibilidade temos de cancelar o Natal...Disse Rudolph coagido pela Aretha e assembleia ficou quase sem folgo depois de proferidas tais palavras... Cá para mim que não sou de intrigas Rudolph e a Aretha fazem uma perninha....

Aquiles - a história de uma inflamação

Era uma vez um tendão chamado Aquiles. Vivia pacificamente a sua vida, convivendo alegremente os vizinhos de cima - os gémeos- e conversando por horas infinitas com o calcanhar. Aquiles tinha uma vida boa, não se podia queixar, não sofria com impactos bruscos e a sua patroa era boa moça - embora um nadita apressada e gosto pelo desporto. 

Um dia, Aquiles acordou ligeiramente nauseado numa das fibras. Não sabia bem o que sentia, continuava capaz de executar as suas tarefas diárias, sem perder a vivacidade de um tendão, mas não se sentia bem. Foi picando a sua Patroa, mas a rapariga endiabrada pouco cartão lhe passou. 

Os dias foram passando e Aquiles continuou febril. Tentou pedir gelo à Patroa, pressionou os gémeos para o ajudarem, mas os vizinhos estavam ocupados a trabalhar e a suportar a pressão do tacão baixo da patroa aliado ao seu passo ligeiro - sem falar no peso extra do treino ao almoço. Aquiles foi elevando mais a voz, num clamor mais constante e a Patroa, finalmente, ouviu-o. 

Ah, o alívio! Ah, finalmente! O fresco e o cheiro da menta! Ah....! O CALOR! Aquiles viu-se preso numa sauna. Como era possível?! Ainda há uns segundos respirava normalmente e agora o oxigénio escasseava como tivesse escalado ao cume do Evereste. 

O fogo durou por três longos dias. Aquiles aguentou estoicamente as labaredas que consumiam e como um mártir caiu ao quarto dia. 

Sentiu a reanimação aos poucos. Uns pequenos choques eléctricos que lhe aliviaram a pressão das fibras maçadas e pesadas. Uma pequena massagem que o fez urrar de dor, mas que lhe libertou as amarras que o prendiam à rigidez de movimento. Deixou-se inundar pelo alívio que o anti-inflamatório lhe proporcionou e como alguém que esteve encarcerado demasiado tempo, Aquiles fechou os olhos, inspirou profundamente e sentiu cada fibra do seu ser renovar-se com uma sensação nova e há muito esperada: GELO. 

Aquiles acreditou, com cada filamento que o compunha, que recuperaria e que tudo ficaria bem dali em diante. Recebeu cada bolsa de gelo com a alegria de uma criança na manhã de Natal, engolia avidamente cada resquício de pomada anti-inflamatória  e até já mantinha pequenas conversas com os vizinhos de cima e com o vizinho de baixo. A vida dele regressava lentamente à normalidade, mesmo com uma Patroa que inventava o que fazer, quando podia vaguear pela Netflix. 

No entanto, a vida de Aquiles estava longe de melhorar e a sua Patroa ainda lhe ia dar muitas dores de cabeça. Mas isso, fica para o próximo capítulo. ;)

Pai Natal e os 8 Pássaos - Parte III

Então e depois da A-Pérsia, como estão os Reis Magos?

Então... O Belchior, que levava ouro para o Menino, fez um desvio na China e preferiu em vez disso comprar-lhe com o ouro a última Playstation, todas as expansões do Fortnite e uma data de skins. Assim podia ser que canalizasse a excitação para outras coisas.

O Gaspar, que levava incenso e tinha medo de o Menino não gostar nada do seu presente, passou pelo Martim Moniz e trocou o incenso por um iPhone XS novinho em folha. Menino que é Menino, precisa de estar sempre na vanguarda da comunicação.

Quem ficou agarrado foi, como sempre, o Baltazar. Quem é que quer mirra? Ninguém... O melhor uso que se pode dar a mirra é em terapias e não havia nada que pudesse interessar ao Menino num terapeuta, não dava para trocar. Então, despediu-se do cargo de Rei Mago e foi trabalhar para as obras no Qatar, onde se vai encher de dinheiro. Para o próximo ano, já pode oferecer ao Menino alguma coisa mais substancial.

Resolvida a questão dos Reis Magos e das modernices que inventaram, os pássaros decidem tomar conta do Natal.

- "É preciso por ordem nisto" diz o Pássaro 1, chamemos-lhe Passarão. "Não se pode cancelar o Natal. Temos é que fazer com que seja uma festa inesquecível.

Ideias, vá, tudo a dar ideias."

Pássaro 2 revira os olhos: "Deves pensar que és o "team leader" do pedaço tu!!"

- "Vocês vejam lá o que arranjam, ainda se dá um drama", prevê Pássaro 3.

Pássaro 4 tem mais uma ideia: "Podíamos fazer uma corrida solidária, eu vou devagarinho".

"Com um pic nic no fim", diz Pássaro 5 que ainda tem restos do casamento que quer despachar.

O Pássaro 6 oferece-se logo: "Eu tiro as fotografias."

O Pássaro 7, fecha o livro e proclama: "Pode-se fazer uma troca de prendas. Pode ser livros, por exemplo".

Pássaro 8:

- Bom, eu proponho que façamos aulas de pilates. Não que resolva ja o problema, mas respiramos todos um pouco e daqui a nada já nos parece um problema menor.

Um borburinho começa a formar-se sobre quem decidia o quê e qual era a melhor forma de resolver a falta do Natal, quando a porta se abre de rompante, exibindo uma figura misteriosa de rosto encoberto pelo capuz. As unhas vermelhas ditavam uma manicure acabada de fazer e a voz foi inconfundível:

- Vou eu distribuir os presentes. Levo a Maria comigo .vocês ficam o menino. E não faças essa cara Nicolau: há muito que conheço esta tua companhia. Vá, tudo a bolir que a véspera de Natal é já depois de amanhã.

- Tu Rudolfo não podes faltar, como é óbvio. Tu Cidalino traz algumas chouriças de reserva que a fome é capaz de nos dar e trata mas é de pôr tudo no GPS que não é para nos perdermos! - Idalete disse tudo de uma assentada só, não dando oportunidade de ninguém mais se pronunciar. Arregaçou as mangas, respirou fundo e voltou ao discurso. -  Vamos lá, toca tudo a mexer. Faltam pouco mais de 24horas para o Natal e não quero que falhe nenhuma prenda. Vá, tudo a levantar o rabo!

Pai Natal e os 8 Pássaros - Parte II

No topo da árvore, envolto em panos, com uma faca nos dentes e um ar chorão de quem está prestes a fazer um milagre que vai acabar mal, estava Ele. -

Outra vez o puto! - diz o Pai Natal entre dentes.

- Ei! Eu ouvi isso. Eu oiço tudo.

- Sai daí menino Jesus! - grita-lhe Idalete - Vou dizer à tua mãe o que tu andas a aprontar. Olha que ainda esta semana tomei chá com ela!

- Podes dizer o que quiseres - desafia-a o menino - mas este ano não vão ficar com os louros todos.

E nisto, para espanto de todos, menino Jesus lança-se do topo da árvore em direcção ao Pai Natal que, estarrecido, vê a sua vida passar num flash à sua frente...

 Agarrado às barbas do Pai Natal, o Menino Jesus puxava por onde conseguia para tentar arrancar aquelas barbas ásperas e irritantes.

  - Pára com isso, Jesus. - Gritava Idalete agarrando uma perna do pequeno. Cidalino, em auxílio do Pai Natal, que apesar de lhe comer as morcelas e o queijo gostava bastante dele, agarrou no que restava de uma chouriça e acertou em cheio na testa do pequeno diabrete.

   No meio da confusão Rudolfo desapareceu misteriosamente, ninguém deu pela coisa, enquanto todos estavam concentrados em agarrar o menino Jesus que apenas queria vingar a fama do Pai Natal ninguém topou a cena. Afinal, depois do famoso anúncio da Coca-Cola, nunca mais o Natal foi o mesmo, todos se esqueciam de que era o aniversário do pequeno e só o Pai Natal assumia o protagonismo.

Nisto, Idalete Natal pega no telemóvel e liga aos Reis Magos. O seguinte diálogo sucede:

 - Tou? Belchior? É a Idalete. Onde é que vocês estão?

Olá Idalete. Olha, neste momento estamos no Oásis à saída da A-Pérsia. Os camelos precisavam de abastecer. Mas conta coisas, que se está a passar?

Epá, o puto Jesus tá aqui desencabrestado, a dizer que quer voltar a ser o protagonista do Natal. O que é que eu faço?

Olha boa, não sei. Já tentaram dar-lhe uma palmada no rabo?

Ó Belchior, mas tu achas que a gente vai dar uma palmada no puto? O Cidalino ainda lhe atirou com uma chouriça à cabeça, mas ele ainda ficou pior. Achas que lhe dê um Valdispert para ver se ele acalma?

Não, Idalete. Não me drogues a criança que eu ainda preciso de o apresentar ao povo e se ele está com olhos de charroco ninguém o leva a sério. Passa-lhe aí o telefone que eu falo com ele, se faz favor...

Idalete lá passou o telemóvel ao puto e Belchior, com a sua calma inglesa, enquanto bebia uma chávena de chá de maça e canela e comia um brioche

que além de duro, ainda tinha custado os olhos cara, que isto das áreas de serviço só servem mesmo para nos enganar

pensava com os seus botões - mas que mania esta agora de não se dar palmadas aos putos... não hão-de eles fazer tudo o que querem, credo. Educação, senhores, educação!).

Mas pronto, quando Jesus atendeu lá tentou chamá-lo à razão:

- ouve lá, rapaz, mas não tomaste a Ritalina hoje? não sabes que tens mesmo de controlar essa hiperactividade? anda lá, já tens dois mil anos de idade, podias ter um bocadinho menos de ciumes? Então andamos aqui todos a tratar-te nas palminhas, e vai-se a ver e fazes estas cenas? que exemplo estás tu a dar?

Jesus começou a amuar e a fazer beicinho, não gostava nada quando se chateavam com ele. Até porque, agora que pensava nisso, se calhar não tinha tomado a medicação. Além de... pronto, prendas são prendas e ele queria mesmo a prenda que Belchior lhe tinha prometido.

Pai Natal e os 8 Pássaros - Parte I

 

 

Num dia de frio, num daqueles típicos dias de Inverno em que a vontade em ficar na cama é superior à de levantar e a força gravítica parece exercer uma força acrescida, o Pai Natal deu por si a pensar que a época mais stressante do ano estava prestes a chegar. Só de pensar o homem de  barbas brancas já dava por si a sentir a azia no estômago, que nada tinha a haver com a salsicha picante da noite anterior."

Até podia não ser da salsicha... mas se calhar tinha abusado um bocado nas migas com entrecosto que a mãe Natal tinha feito. Não havia ele de estar assim cheiinho, a mãe Natal era uma cozinheira de mão cheia (e, na realidade, também era uma excelente dona de casa. Talvez com um pouco de hiperactividade não diagnosticada. Quem é que se lembra de arrumar a casa toda às 6h da manhã, quando os duendes e ele próprio estavam a querer dormir????).

Ai senhores, pensou ele, talvez tenha de tomar as gotas antes de ir ter com o Rudolfo. Mas caramba, será que o Rudolfo não se podia acalmar um bocadinho? ainda faltavam 22 dias para o grande dia e já andava a programar a viagem, a tentar programar a rota no Waze para ter a certeza que não havia atrasos. demasiado cedo, não?

Após consultar todas as apps possíveis e imaginárias, o Pai Natal chama a Mãe Natal e diz "Ó Idalete! Idaleeeeeete!!! Ajuda-me aqui que não tou a conseguir planear a viagem como deve de ser. Este ano os ventos vão andar marados por isso não posso começar pela Suécia, tenho que ir pela Sibéria e não tou a ver como é que eu vou passar pela China sem lixar a viagem toda!

Como é óbvio a Mãe Natal sofre de certeza de transtorno obsessivo compulsivo (sim, limpar a casa as 6 horas da manhã não é para todos) começou a fazer logo uma lista para aclamar ansiedade ao saber que o seu esposo o único afazer é ler cartas e uma vez por ano percorre tudo mundo para entregar os presentes de Natal nem isso estava conseguir executar parece os CTT aqui em Portugal.

Ao conseguir fazer a lista foi falar com os assistente pessoal do Pai Natal para lhe resolver problema com máxima urgência...

Idalete encontrou o assistente do Pai Natal a ler. Está sempre a ler o Cidalino.

- "Olha, tens aqui a "To Do" list para a viagem, há coisas para ires comprar, e têm mesmo que cumprir o itinerário, ou não passam de Paris. E este ano tens mesmo que ir que o Nicolau está estranho e não o quero por aí sozinho".

- "Ai não vou não Idalete. Já sei que nas marmitas só vão torresmos e sandes de mortadela e sabes como é difícil encontrar comida vegetariana. Até o leite e as bolachas que os putos deixam nunca são vegan".

Idalete Natal começou a desesperar.

- "Este gajo está a ficar um bocadinho extremista". Pensou

Entrou em casa e gritou para o fundo do corredor: "Rudolfo! Vamos passear".

 

E foi assim que a Mãe Natal e o Rudolfo tramaram o Cidalino. Saíram de mansinho, deixaram uma chouriça, uma morcela de cebola e um queijinho da serra bem cheiroso em cima da mesa e dizendo que demorariam 2 horas até ao regresso, voltaram em menos de 10 minutos apanhando o Cidalino a devorar os enchidos e o belo do queijinho. Foi impossível de negar, ele que estava a planear culpar o cão da família... Cidalino estava mesmo com a boca no trombone  que é como quem diz, nas chouriças. 

 - Oh. Meu. Deus. - exclama Idalete exaurida.

- Chamaste fofinha? Que se passa? - questiona o Pai Natal enquanto devora uma lasca de morcela que Cidalino não tivera tempo de engolir. 

- Patroa, eu posso explicar, a sério. Não é nada disso que está a pensar. 

- Eu nem quero acreditar! Valha-me a Santa... 

Cidalino, baixinho e virado apenas para o Pai Natal:

-Será que esla está bem? Parece-me um bocado branca... Ainda vai ter um piripaque à conta das morcelas...

- Ó Idalete. Deixa-te de tretas. Já todos sabíamos que o Cidalino surripiava os queijos do frigorífico e meia volta lambuzava-se com as sobras de tripa farinheira. Esquece lá isse, melher, pronto, deixa lá. 

- O quê?! Não é nada disso. É.... Aquilo. - sussurra, branca como a barba do marido, erguendo um indicador trémulo para a árvore de natal. 

Idalete Natal olhou em pânico para o marido.

Pai Natal e os 8 Pássaros (22/25)

Malta com demasiado tempo livre, que passam tardes com as pernas elevadas mesmo sem necessidade... dá nisto.

Até dia 25, vamos publicar, à vez, uma parte de um texto que terá de ser continuado pelo seguinte desocupado. Dia 25, traremos a história completa...

Pássaro 8: 

- Bom, eu proponho que façamos aulas de pilates. Não que resolva ja o problema, mas respiramos todos um pouco e daqui a nada já nos parece um problema menor. 

Um borburinho começa a formar-se sobre quem decidia o quê e qual era a melhor forma de resolver a falta do Natal, quando a porta se abre de rompante, exibindo uma figura misteriosa de rosto encoberto pelo capuz. As unhas vermelhas ditavam uma manicure acabada de fazer e a voz foi inconfundível: 

- Vou eu distribuir os presentes. Levo a Maria comigo .vocês ficam o menino. E não faças essa cara Nicolau: há muito que conheço esta tua companhia. Vá, tudo a bolir que a véspera de Natal é já depois de amanhã. Tu... 

Just, dás a ordem seguinte? 

Pai Natal e os 8 Pássaros (22/25)

Malta com demasiado tempo livre, que passam tardes com as pernas elevadas mesmo sem necessidade... dá nisto.

Até dia 25, vamos publicar, à vez, uma parte de um texto que terá de ser continuado pelo seguinte desocupado. Dia 25, traremos a história completa...

Pássaro 8: 

- Bom, eu proponho que façamos aulas de pilates. Não que resolva ja o problema, mas respiramos todos um pouco e daqui a nada já nos parece um problema menor. 

Um borburinho começa a formar-se sobre quem decidia o quê e qual era a melhor forma de resolver a falta do Natal, quando a porta se abre de rompante, exibindo uma figura misteriosa de rosto encoberto pelo capuz. As unhas vermelhas ditavam uma manicure acabada de fazer e a voz foi inconfundível: 

- Vou eu distribuir os presentes. Levo a Maria comigo .vocês ficam o menino. E não faças essa cara Nicolau: há muito que conheço esta tua companhia. Vá, tudo a bolir que a véspera de Natal é já depois de amanhã. Tu... 

Fatia, dás a ordem seguinte? 

Pai Natal e os 8 Pássaros (15/25)

"Nicolau só tinha de pensar muito bem como é que iria fazer sem que ninguém o descobrisse..." 

E rapidamente descobriu o local ideal. 

O menino dormia a sesta, Cidalino estudava a melhor forma de ligar o nitrogénio ao trenó para que a viagem fosse mais rápida este ano e Idalete fora ao cabeleireiro para retocar as raízes que segundo ela "estavam piores do que as cãs de Moisés, valha-me o pai do menino". 

Nicolau aproveitou o estranho momento em que todos se ausentaram nos seus afazeres, sacou o overboard da chaminé, onde o escondera e saiu pela porta das traseiras, em direcção ao seu esconderijo mais secreto e que mais ninguém no mundo conhecia: 

No meio da floresta que circundava a casa, bem no centro, habitava um pinheiro manso de tronco largo e ramos frondosos. Removendo um pouco da neve que lhe cobria as raízes, Nicolau accionou a alavanca que abria o tronco e suspirou quando entrou, antecipando o que os 8 Pássaros iriam reclamar desta vez... 

O que é que eles querem agora Fatia? 

 

 

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