E eu, distraída por natureza e pessoa esquecida, voltei atrás e reli o texto que suscitou este comentário.
E li, reli, voltei a ler, li mais uma vez e não encontrei, em parte nenhuma, algo que dissesse isso: corri uma meia maratona do início ao fim.
Expliquei isso mesmo: "Olha, mas eu nunca disse que corri os 21.5km. Aliás, há uma parte que diz 'ora a correr, ora a caminhar'.
"Sim, mas o que eu quero dizer é que não podes dizer que fizeste meia maratona".
Okayyyyy... Voltei atrás no tempo e parei no domingo. Não me lembro - e eu sei que sou distraída - de ter dito, mencionado, frisado ou escrito que FIZ meia maratona. Tentar, participar, correr, caminhar foram os verbos que mais utilizei.
"Sim, mas o que tu fizeste foi uma caminhada. Para isso, não ias."
Ahhhhhhhhhhhhhhhh! Então o problema desta pessoa, não é eu não escrito que corri ou que fiz uma meia maratona. O problema desta pessoa é tão simplesmente eu ter-me metido nesta aventura, sem experiência, sem certeza de acabar e sabendo, de antemão, que não iria conseguir correr todo o percurso.
O problema desta pessoa, deduzo, é a incapacidade de se limitar a ficar feliz por alguém que se aventurou, tentou e conseguiu chegar ao fim. Sem elogiar a corrida que não houve, sem o mérito de terminar num tempo reduzido. Ficar feliz só porque sim, só pela pequena vitória do outro.
E isto acontece não só nisto, que é banal, corriqueiro e completamente irrelevante para alguém que não eu, obviamente, mas também em situações exponencialmente maiores e em pessoas cuja confiança tem valores negativos e que, muito provavelmente, desistiriam de voltar a tentar, de se meterem em novas aventuras, de aceitarem desafios que as façam sentir capazes e lhes devolvam a crença em si próprios.
Não partilho isto para que me digam que a pessoa tem razão e que eu não corri, efetivamente, os 21.5km. Eu sei disso. também não o faço para que me digam para ignorar ou para não ligar e quem ganhou fui eu. Também sei disso e, acreditem, eu ignorei a partir do segundo comentário. Só queria mesmo perguntar:
quando foi mesmo que a humanidade se perdeu e a empatia ficou pelo caminho?
Quão pequenos nos tornámos, quando somos incapazes de partlhar a felicidade de alguém?
Recuerdo desta prova. Tal como todas as outras, faz parte do stock de medalha do Caracolinho, que fica todo contente por ter mais uma medalha para brincar.
Ontem, foi dia de EDP Meia Maratona do Douro Vinhateiro, uma forma engraçada de atrair a malta e dar cabo do canastro ao pessoal num dia tórrido de calor e ao longo de uns extensos 21.5km. Começo por dizer que quando me inscrevi não dava um passo. Literalmente. Inscrevi-me no auge das tendinites de Aquiles e não conseguia sequer caminhar dois metros sem me sentar e sem parecer fazer breack dance. E porque me inscrevi? Porque, na verdade, desde que corri os primeiros 10km, que ficou o "e se?". Os "e ses" são lixados. São o vinho na marinada das decisões e quando vemos uma hipótese, por muito disparatada e louca que nos possa parecer, deixamos que vença, mesmo com excelente e fácil desculpa para não o fazer, mesmo com os 678 arrependimentos posteriores, mesmo com as dúvidas, os medos e as ansiedades que o "sim" acarreta. Como correu? Foi correndo. Uns metros a correr, outros a caminhar. Estava um calor infernal, toda a água me parecia pouca e os 10km pareciam inalcançáveis. Aos 8km, com os pés a arder - literalmente - caminhei o primeiro pedaço. Soube pela vida, mas retomei pouco tempo depois, para mal dos pecados das minhas coxas. Esgotei com os "foda-se!" todos entre o quilómetro 10 e o quilómetro 11. Depois, percebi que não me adiantavam grande coisa, além do poder libertador e da sensação de que ainda mando na minha própria morte e, portanto, posso manda-la abaixo de Braga as vezes que me apetecer. Foi maizomenos por aqui que encontrei a Ana. A Ana é maratonista e corre comó caraças. A Ana correu num ritmo que não era o dela, para acompanhar uma amiga naquilo que, para ela, seria apenas um mais um treino. A Ana puxou por mim, várias vezes, ao longo de 5km. Sem parecer frustrada, melindrada e sempre com uma energia invejável. A Ana é leitora aqui do bagulho e merece as vossas ovações nos comentários, tal como a Vânia, a amiga que ia a acompanhar e que foi uma valente até ao final. Parabéns Vânia! Depois da Ana, percorri mais alguns metros com uma miúda de Lisboa que penava por não ter treinado mais, por se baldar aos treinos nos últimos dias e pelas dores que sentia. Amiga, tamo junta. Treinos longos? Nem vê-los. Últimos 10km seguidos? Março. Baldas a treinos? Digamos que fui a rainha das baldas injustificadas estas últimas duas semanas. Ao quilómetro 16 esbarrei com um grupo castiço e barulhento. Não sei como conseguiam fazer tanto barulho, quando eu só me esforçava por respirar em condições. Valentes! Toda a gente com quem cruzamos caminho nos diz que "está quase". À maior parte, respondemos a sorrir, quando na realidade estamos a pensar se os mandamos dar uma curva. Depois, pagamos caro e dizemos o mesmo a outra pessoa. O karma é lixado e até numa meia maratona isso se percebe. Nos últimos quatro quilómetros dei comigo a imaginar como seria se não tivesse vindo. Provavelmente, não teria feito meia dúzia de graçolas para animar o rapaz que caminhou uns metros comigo, gozando um bocado com o nosso estado insano. Provavelmente, o senhor agarrado ao gémeo não teria recebido dois quadrados de marmelada de uma estranha que não fazia porra de ideia no que se estava a meter. Provavelmente, não teria dito a uma moça "tenho aqui açúcar que gamei do café. Queres? É do bom, branquinho como a neve." Acima de tudo, provavelmente, não me teria superado. E não falo só pelos quilómetros nas pernas ou pelo sprint final, falo por tudo aquilo que não se vê: o ânimo, o humor e a relativização de problemas que uma prova deste calibre traz. Sim, fui com medo. Sim, fui com pouca preparação. Sim, caminhei muitas vezes. Não, nunca, nem por uma única vez, tive vontade de desistir. Mesmo com todos os 'foda-se!', com os todos os "valham-me os deuses", com todos os "não dá". Porque dá sempre. Se não vais tão depressa, vai mais devagar. Se alguém te diz que está quase, a seguir fazes o mesmo a outro, se alguém te incentiva, tu fazes o mesmo. Uma e outra vez. Os quilómetros passam, a paisagem muda e quando dás por ti estás na ponte e já está mesmo quase. Calam-se os tendões, as bolhas, os pulmões e segue-se como se pode. Ainda caminhei um bocado nesta fase - podia jurar que o asfalto se cravava na planta do pé - por cada metro percorrido sentia que recuava três. Sucumbi ao meu lado nerd e dei comigo a repetir mentalmente "Not today" até encontrar a Nelma. Ou ela me encontrar, vá. Quase que a abracei, felizmente contive-me a tempo. Correu comigo os derradeiros metros, mesmo já tendo terminado a prova dela. Obrigada Nelma, aqueles dois dedos de conversa souberam melhor que três pacotes de marmelada. Duas horas e quarenta e cinco minutos depois, cheguei ao fim. Não sabia se queria rir, chorar, vomitar ou comer. Tudo ao mesmo tempo, num embrulhanço de emoções que não têm palavras para ser descritas. Já agradeci a várias pessoas, ao longo deste enorme texto, mas faltam algumas: à compincha Carla Beça que me acordou com um safanão "não paniques agora!" e tentou por tudo manter-me a correr até aos 10km. És a maior Carlinha! À Carla Chaves, à Irma, ao Nuno, ao Pedro, ao Tiago, ao Zé e ao Soares que no meio do seu próprio sofrimento tiraram dois fôlegos para a dar energia extra a quem ainda não tinha dado a volta. Por fim, mas não no fim, à enorme Cátia a quem fui incapaz de dizer "nem penses! És louca?!" no dia em que propôs isto. Porque sim, sempre quis tentar, mas também sim, com ela fez toda a diferença. E eu juro, Catiazinha, que corria mais cada vez que te imaginava a gritar "é pra correeeeeerrrrrr!"
O texto já vai demasiado longo, mas quero relembrar: não corri até meados de fevereiro. Não dava dois passos seguidos quando me inscrevi. Não treinei o suficiente. Mesmo assim, terminei 15 minutos antes o estipulado. Se isto não é ser a maior da rua, então eu não percebo nada disto.
Game of Thrones acabou, estamos todos muito tristes e inconsoláveis, por isso este ranking faz todo o sentido, mais que não seja para lavar as vistas das lágrimas de saudade.
Não foi uma escolha fácil, há muito e bom material para análise, mas tentei ser o mais rigorosa e idónea possível.
Comecemos pelas menções de honra, porque há nádegas e nádegas e isto é como a corrida pelo trono de ferro: só um merecedor do ouro.
12. Melisandre
Nada mau para uma velhota de 310 anos. Obviamente, isto deve ter levado com um cadinho de bisturi aqui e ali, mas não é um mau nalguedo e tira fofinha da Ygritte deste ranking. (Só entre nós, Ygritte, mi amore do norte, agacha mais e faz menos braços, ok?)
11. Olyvar
Ora aqui um excelente exemplar de glúteos. Tão bem trabalhados que até fazem covinha na bochecha. Um bom trabalho muscular, sim senhora. Pena que o jovem jogue na equipa errada, mas enfim, não se pode ser perfeito.*
10. Ros
A Ros era das minhas personagens favoritas e chorei a bandeiras despregadas com o fim que lhe destinaram. A par de um excelente par de mamas, era também detentora de um rabinho perfeito e capaz de provocar torcicolos a torto e a direito.
9. Jaimie Lannister
Suponho que, além da cara muito parecida com o Encantado, do Shrek, a DreamWorks também lhe tenha desenhado as nádegas. Rabo Encantado, em nono lugar neste ranking espectacular.
8 e 7. Robb e Talisa
Tive que ir buscar os lenços de papel para estes dois lugares. Não pela fraca qualidade da amostra, mas pelo Red Wedding. Uma pena que aquele embrião não tenha sobrevivido com genes deste gabarito, tinha tudo para nascer com o rabinho virado para a lua.
6. Grey Worm
Lamento, mas não havia imagem menos promiscua. Na realidade, até nem lamento muito, assim sempre temos uma perspectiva do pacote completo. Podia ter ali um cadinho mais de curva, mas, no geral, não é um mau exemplar. Prova até que Deus quando nos tira uma coisa, acrescenta algo em dobro.
5. Ramsey
O gajo é uma besta quadrada, mas tem rabo do caraças (e dorsal, já agora). Um óptimo espécimen de nalguedo para acompanhar a hastag #bumbumnanuca. Já o da fulana que o acompanha nesta imagem... Bem, miúda, dá-lhe forte nos treinos que'isso 'tá quase no rés do chão.
4.Khal Drogo
O homem até podia ser caladito, mas com um traseiro destes também não precisava de falar muito.
Chegamos aos pódio. Não foi uma competição fácil, muitos ficaram pelo caminho e nem às menções honrosas chegaram, mas a vida às vezes até para os rabos é ingrata.
Rabo de Cobre (3º lugar) - Daario Naharis
Com direito a gif, para avaliarem melhor a qualidade superior desta bunda. Nada a apontar, nem uma febrinha fora do sítio, benzódeus.
Rabo de Prata (2º lugar) - Brinne de Tarth
É de uma pessoa ficar verde d'inveja, que nem em posição de agachamento pró resto da vida, uma pessoa fica com um conjunto glúteo-montanhoso deste calibre. Não lhe chegava ser hábil com armas e dar muita coça a muito bom homem, ainda tinha que ter um rabo destes. Parvalhona.
Rabo d'oiro (1º Lugar) - Jon Snow
Talvez tenha sido influenciada por aquela carinha em óleo sobre tela de Vermeer, mas Snow leva para casa o Rabo D'Oiro. E não é só por esta amostra, porque há todo uma panóplia de imagens deste bumbum ao longo da série. A oferta é tal, que o actor poderia muito criar um portfólio só do seu traseiro. Twelve points para este conjunto de nádegas, perfeitamente alinhadas com luas de Júpiter e em plena comunhão com as sinergias do universo. Para apreciarem melhor o pacote integral:
Quanto à Daenerys, que me desculpem os fãs mais afincados, mas daqui não leva nada. Teve os seus dragões, teve três bons rabos ao seu dispor ao longo da série, não precisa de destaque para o seu próprio conjunto de nádegas batidas em castelo firme.
Está feito. Não foi um trabalho fácil, haviam muitos e bons candidatos ao pódio, foram algumas horas do serão dispendidas em análise exaustiva de amostras, mas o que é que eu não faço por este blogue, não é verdade?
Digam de vossa justiça, a minha apreciação final não é soberana e é apenas baseada nos mais altos padrões de avaliação ao glúteo. Concordam com o Rei dos Rabos? Ou preferiam outro Senhor das Nádegas para o lugar? Desclassifiquei alguém com bumbum imporante? Contem tudo, não escondam nada.
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* Não me acusem de homofobia. É só mesmo uma piada. O mesmo se aplica ao Grey Worm. Já na Daenerys não posso dizer o mesmo. #Cabra
Vi ontem, de uma assentada, o penúltimo e o último episódio de Game of Thrones. Tecnicamente, vou na temporada 3, mas sou uma herege das séries e não me tira o sono não ver a história seguida.
Dizia eu, vi ontem os dois últimos episódios da série e, francamente, não percebo este sururu à volta do enredo. Tenho para mim que quem acha esta temporada má já se esqueceu da primeira, onde a ação acontece apenas no genérico e a intriga demora duas vidas a desenrolar. Vi três episódios da 8a temporada (a batalha de winterfell e estes dois últimos) e nenhum deles me desiludiu, mesmo achando que a batalha aconteceu de forma muito rápida e pouco perceptível. A história até pode não ter terminado como gostariam, pode até ter perdido um pouco do medo que parecia não ter, matando personagens, mudando a personalidade a outras e alterando destinos ao rumo da sua vontade. A série perdeu a essência, dizem alguns, mas eu acreditei. Durante cerca de três horas, ontem, não estive no meu sofá: estive em Westeros, sobrevivi à queda do império, percorrido o caminho silencioso com Tyrion e chorei com ele, senti o tormento de Snow, sabendo o certo, mas desejando o errado. Porra, até o dragão me fez lacrimejar! Se uma série que nos consegue fazer acreditar não é uma boa série... Então, eu não percebo nada disto. Game of Thrones acabou, mas mesmo no fim, eu acreditei que aquele mundo paralelo e inventado existe e que hoje continuam as suas vidas, sob o comando de um novo rei dos sete reinos. Não acho, por um só momento, que tenha perdido a magia ou o encanto. Se eu gostei do final? Eh. Assim, assim. Se eu acho que foi um mau episódio? Nem por sombras. Pronto, era só isto. Agora vou voltar à terceira temporada. 😜
Ia só ver Portugal, mas acabei por ver tudo e não podia guardar tanto sofrimento só para mim. A minha dor é a vossa dor e temos que ser unjepojoutros, por isso aguentem e não chorem... Que foi o que eu fiz durante uma hora e meia.
A coisa começa com uma #wannabeMadonna que também ficou vidrada na indumentária lustrosa da Trinity (a do Matrix), vinda diretamente do Chipre.
Seguem-se os Excesso, que agora, além da música a escorrer mel de qualidade duvidosa, têm uma gaja como elemento principal. Chipre na vanguarda do revivalismo.
A Finlândia queria muito ter um Henrique Iglesias, mas não tinha capital.
Os polacos inovaram, vestiram-se de Cármen Miranda e cantaram em polaco. Não percebi um cacete, mas o que importa é atitude e eu também odeio estrangeirismos. #tamojuntoPolónia
Aos meninos queridos da Eslovénia (quer dizer eu só ouvi a moça, o rapaz fazia parte do cenário, com certeza) só tenho a dizer: filhos, se isto der errado, podem sempre dedicar-se a fazer vídeos promocionais a anti histamínicos. Aquele vídeo clip não engana: ali ninguém tem crises de rinite alérgica.
Os moços da República Checa copiaram-nos a ideia de inclusividade e utilizaram as cores da LGBT. Achei giro e pelo menos teve mais utilidade que a nossa ideia peregrina de pintar passadeiras. Ou alcatrão. Ou lá que raio queriam fazer.
A cachopa da Bielorrússia gostava muito de Britney Spears em adolescente e reencarnou a personagem com distinção.
Sérvia apresentou-nos uma Celine Dion constipada com dois ou três brufens no bucho e um nadita indecisa quanto à língua que assume. Ora a nativa, ora inglês, ora nativa, ora inglês.
Já Bélgica percebe-se que investiu bem nisto e traduziu a letra para código morse. Isso e na clonagem do Justin Bieber. (Igualzinho. Juro.)
Alto que chegou um religioso da Georgia. O país apostou na pregação e levou uma Testemunha de Jeová a palco. A sério, posso jurar que o moço disse 'Iavé' mais vezes do que aquelas que o nome divino aparece na bíblia. Até pode não ser, mas daqui parecia mesmo.
Finalmente uma apresentação que apresenta algum conteúdo atual e prespicaz: Austrália acabou de vez com a teoria dos terraplanistas e provou que a terra é redonda. Podiam era ter evitado os cogumelos, mas enfim, não se pode ter tudo.
A Estónia achou giro levar o Bradley Cooper. Esqueceu-se foi da Gaga (e do próprio...).
Ah, o nosso Portugal! Osíris subiu a fasquia e partiu os ecrãs todos. Claro que os reposteiros que envergavam são capazes de não ter ajudado, mas o que é isso comparado com as penas de ganso usadas no primeiro espetáculo?
Na Grécia, percebemos que alguém assaltou o museu do traje e pelo caminhou levou um carro alegórico do carnaval de Torres Vedras.
Para a acabar em beleza: San Marino ou o Toy versão estrangeira. Nunca julguei ser possível. #Respect
Modos que foi isto. Só frisar que este texto não reflete a opinião sobre cada artista e é somente... Uma espécie de piada. Pode não ter é muita, mas isso já são outros quinhentos. 😜
Então e o vosso dia da mãe? Tudo já curtiu as crias, já desesperou com birras e já mandou calar baixinho o Panda, a Elsa ou qualquer outro boneco animado, enquanto se imaginava a arrancar cabelos? Fixe, é o que se quer. Desde que haja saúde e um ou outro palavrão mudo, a maternidade faz-se bem. Estou assim um bocado positiva, hoje. Sabem como é: falecer tem este efeito. Vá, pronto, o quase falecimento, para não cair em exagero. E onde quase faleci? Não, claro que não fui correr. Francamente, mas vocês acham que não faço outra vida? Só passei parte da manhã a tentar sobreviver ao Challenge Arena Medieval ocr. É a vida: há quem aos 30 já tenha juízo, eu ainda estou por descobrir o meu. É a segunda vez que faço uma prova do género (participei na Bio Race, em setembro passado), mas desta vez em 10km. Só podia estar louca. É que só podia estar louca. A ideia até é gira: uma corrida com obstáculos inspirados na época medieval. Muito giro, muito original, mas com obstáculos do demo. Por exemplo, atravessar um regato. A nado. Ou fazer como eu: seguir pela berma e esfolar logo as pernas todas nas pedras com musgo.
(Pequeno aparte: Gente, vacinem a canalhada. Muita vez agradeci à minha mãezinha me ter dado sempre as vacinas todas e ter a do tétano em dia. Vejam lá isso, que é uma chatice uma pessoa achar que até vai divertir e arranhar um bocado, mas acaba a sair de lá com tétano no lombo. É chunga. Avançando...)
Tambem não sabia que teria de escolher entre o nariz ou rabo - leia-se arriscar todo o nariz e descer um declive com fé em Deus, ou jogar pelo seguro, alapar o rabo na terra, rezar para que não existissem pedras muito agrestes, porque os calções foram caros e acabar com pelo menos um nódoa negra. Em cada nádega, que o equilíbrio é coisa que o corpo aprecia. O facto de ir em equipa - e com uma equipa muito espetacular - ajuda um bocadinho a eliminar algum medo, mas quando se vê uma mini escarpa para descer com a ajuda de cordas, não há nada que nos valha e vemos a vidinha toda ir pelo precipício abaixo. Isso e a pouca coragem que nos resta. Se é que alguma vez veio no bolso de dentro dos calções. A minha deve ter ficado no carro, com certeza. Mesmo assim consegui reclamar uma ou duas vezes, quando o fôlego e o medo permitiam verbalizar alguma coisa minimamente coerente. A parte que mais me custou, que doeu mesmo cá dentro, foi mesmo ter de usar um colega como 'escada'. Ainda tentei tornar-me mais leve, mas acho que não consegui e o desgraçado levou com três temporadas de GoT e respetivas bolachas em cima do costedo. Vivendo e aprendendo: a partir de agora só vejo séries a enfardar algodão doce. No final - e apesar de algumas falhas de organização que, acredito, serão melhoradas nas próximas edições - o divertimento superou os joelhos esfolados, a amizade e superação batem bem o cansaço e as nódoas negras sempre dão um colorido engraçado à derme. Assim uma espécie de obra de arte abstracta, digna de um qualquer Kandinsky. Pronto. Vou dormir que o meu mal é sono.
(Só por acaso, acho que as minhas pernas parecem mais Pollock, mas tudo bem. Não vamos estar agora aqui a debater arte em forma de nódoas negras.)