Enquanto deambulava pelo facebook, esse antro de solidariedade e bom senso, deparei-me com esta imagem:
Fiquei na dúvida se devia:
- Ignorar e dessa forma fazer parte dos 99% de insensiveis às verdadeiras causas humanitárias;
- Deixar um #amém e ficar bem vista por me dedicar a causas que realmente importam;
- Deixar um #amém e partilhar a publicação com um boneco a chorar, porra que sou mesmo sensível a estas merdas com pessoas e crianças a morrer à fome mexe comigo. Logo agora, que tinha acabado de deitar dois iogurtes fora porque deixei passar o prazo. Sou uma péssima pessoa.
- Deixar um #amém e partilhar a publicação com uma boneco irritado, sacanas dos refugiados que têm tudo e o pessoal continua preocupado com eles. É manda-los de volta, a guerra é deles, foram eles que a criaram que a resolvam. Pobres crianças africanas, tadinhas, tão magrinhas, sem nada para comer... Um flagelo! Sacanas dos refugiados, pá!
Tudo isto, claro, no conforto do meu sofá, sem saber o que é a efetivamente fome (não, aquela larica que se sente à hora do jantar porque já não se come desde o almoço não conta) nem fazendo a menor ideia do que é uma guerra.
Para comemorar a chegada do outono, decidi estrear umas sabrinas novas, lindas de morrer diga-se de passagem.
Andava mortinha por as pôr nos pés, mas ora ainda estava calor, ora a roupa não as pedia, ora isto, ora aquilo de modos que foi hoje.
Lembro-me delas a cada instante. Mesmo neste momento, aquele em que escrevo, sentadinha na esplanada do café (ah, o agendamento de textos, essa maravilha da tecnologia!) de tornozelos cruzados e calcanhares amostra por já não lhe aguentar o contraforte ainda imaculado, lembro-me delas e tenho a certeza que a miúda da mesa do lado as cobiça. Ou isso, ou pergunta-se se terei comprado o tamanho inferior.
Posto isto, sê muito bem-vindo outoninho, gosto muito de ti e das séries que trazes, tal como as mantinhas e os chazinhos a acompanhar bolos com canela, mas, neste momento, o que queria mesmo, mesmo, era uns curitas para os calcanhares. Ou isso uns chinelitos de dedo. Achas que dá?
Mas para a Noémia Costa, aparentemente serve para isso e para muito mais, atentem no discurso:
O dia hoje não começou nada bem. A minha Mommy foi de novo para o hospital, a doença cardíaca é grande. Ligo para o 112 e passam-me ao Codu, atende-me uma Sra de seu nome SOFIA SILVA, que depois de eu relatar o estado da minha mãe e idade 90 anos, tem ardor forte no peito, com dor no braço esquerdo, e vomitou, me pergunta de forma agressiva, em primeiro onde é que mora, depois de lhe dar a morada, diz-; Agora diga lá o que é que se passaaaaa... Respondi- Minha senhora acabei de lhe dizer, mas de novo o fiz. Começa a fazer um chorrilho de perguntas, se ela se sentia mal, se o ardor era forte... Respondi:-Minha Sra só preciso de uma ambulância, desata a falar alto e responde, não mando ambulância NENHUMA ENTENDEU, enquanto não me responder a todas as perguntas. Respondi o seu nome por favor?! Ela responde não tenho que lhe dar nome nenhum, já o disse no início da chamada... Desliguei o telefone, voltei a ligar do fixo para o 112, ela liga de volta em tom provocatório, estou a falar com a pessoa que ligou para aqui?! Respondi está, o seu nome pf? Reponde, não tenho que lhe dar nome nenhum... Eu retorqui se não me dá o seu nome não posso falar consigo. Respondeu SOFIA SILVA e continuou a fazer perguntas de forma lenta, a tudo o que já lhe tinha sido respondido. Desliguei a chamada e do fixo liguei de novo, onde me atende um colega, de seu nome Ricardo, que me começa logo por perguntar foi a Sra que ligou e falou com a minha colega?! Respondi, sim. Agora quero pedir-lhe uma ambulância e relatei o estado da minha mãe. A ambulância vai a caminho... Começa em tom de gozo a fazer perguntas tipo;- Qual é a cor da sua mãe?! Respondi é branca... A Sra não percebeu. Percebi sim, não está a falar com nenhuma infoexcluída, se me perguntar qual a cor que a minha mãe apresenta durante este episódio, aí posso responder-lhe, correctamente. Continua a perguntar a sua mãe tem um ardor no peito?! É isso?! Vi os bombeiros chegarem e não era o INEM... Agora pergunto? Este país tem ou não tem gentinha sem formação a ocupar lugares, que deveriam ser ocupados por gente bem formada e com formação ????! SOFIA SILVA, vai ser responsabilizada. Não sou mulher de me calar, muito menos de medos.Se por necessidade ligarem para o INEM tenham em atenção o nome desta "sra" SOFIA SILVA".
Utilizar o facebook para isto é feio. Tão feio como usa-lo para mandar indiretas. Escrever parte da história no mural, debitando nomes, causando estragos, levantando revoltas, não foi a melhor estratégia. Existem sítios e locais próprios para as reclamações e também os há para os desabafos.
Mencionar funcionários, de uma forma tão direta, sem possibilidade de defesa dos mesmos é do mais baixo que há e demonstra uma tremenda falta de bom senso, para não dizer carater.
E, reparem, como era tão mais fácil fazer o mesmo texto sem referência a nomes, sem possibilidade de criar problemas no trabalho dos outros - que é sempre tão fácil para nós.
Além de mais polido, ficaria certamente melhor à imagem da senhora.
O nosso país funciona mal, temos gestores de merda que a fazem aos montes, contribuir de forma tão direta para o mau estar de outros, seja pessoal ou profissional, é tão grave como os primeiros. E mesmo a senhora pudesse ter toda a razão do mundo - que claramente não tem, ainda assim - não era motivo para tamanha falta de respeito e sensatez.
Gorda e feia, com milhentas patas e umas antenas que encostariam os satélites da NASA a um canto.
A bicha, que era mesmo grande não sei se já perceberam, achou por bem acomodar-se na parede do meu quarto. Não no meio, onde o seu extermínio seria fácil, rápido e eficaz. Não! Sua excelência, grandiosa centopeia, decidiu aproveitar o pequeno espaço entre a parede a moldura que enfeita a minha mesa de cabeceira.
Ora, o que é que uma pessoa faz perante tal situação? Saca do chinelo, correndo o risco da bicha dar conta correr a uns quantos pés? Não! A pessoa terá que ser mais inteligente. Engendrar um plano infalível, tecer rápida e eficazmente a teia de morte da centopeia.
Sai de fininho, não apaga a luz - não vá a bicha perceber a mudança de clima - corre a buscar o insecticida mais próximo e..... TSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS TSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS TSSSSSSSSSSSSSSSSSS TSSSSSSSSSSS para cima da bicha, que corre esbaforida,tentando esconder-se atrás dos móveis que a pessoa arrasta e TSSSSSSSSSSSSSSSSSSS TSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS rTSSSSSSSSSSSSSS TSSSSSSSSSSSSSSSSS para cima da sacana que, começa a tombar, girando sobre si mesma, numa luta pelo ar puro. Agarra-se à vida com a força das suas cem patas e ainda consegue chegar à porta do quarto, mesmo a tempo do meu TSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS épico final.
Vencida a árdua batalha, limpos os despojos de tão vil inseto, fez-se do sofá uma cama, tal era o cheiro a inseticida vitória naquela divisão.
Juntar meia dúzia de pessoas que talvez alinhem na loucura.
Sermos meia dúzia.
E depois uma dúzia.
Dúzia e meia.
E, de repente, estarmos quase nas duas dúzias.
Ver acontecer aquilo que idealizamos, ouvir a ideia de um, escutar o pensamento do outro, em conversas cruzadas - e às vezes perdidas - sentindo que de facto as pessoas continuam a importar e que é isso que nos mobiliza a todos... É espetacular.
Fiquei na dúvida se, em vez de selos e serviços de transporte, a funcionária pretendia impingir bijuteria aos clientes, tal a imensidão de bugigangas penduradas ao pescoço e nos pulsos. E não estou a exagerar, deixei de contar quando chegou ao 10º pendericalho e asseguro que tinha outros tantos.
Quando chegou a minha vez de ser atendida, deparei-me com uma barbie cinquentona, de pele queimada pelo excesso de sol (ou tabaco, fiquei na dúvida), com umas pestanas que lhe pesavam 5kg nas pálpebras (juro, não sei como a mulher conseguia manter os olhos abertos), uma sombra colada e entranhada na pele e um eyeliner à Cleopatra. Nas mãos, apresentava toda toda uma manicure digna dos casamentos ciganos do TLC.
Ontem, pela primeira vez, percebi algum sentido na música do Agir.
Já dizia a minha rica avozinha: tudo o que é demais, é moléstia.