Cunhadices, take II
A desnaturada da minha cunhada esqueceu-se da história que tinha para hoje.
E eu também.
Portanto, vou atar alguns fios soltos nas cuecas.
Como ela referiu, eu estava beeeeeeemmmmmm longe, quando ouço a voz esganiçada:
- Ó Cunhada! Anda aqui ver as cuecas! Olha estas, são giras?
Só a vi, porque avistei a peça a acenar no ar.
O que ela não disse, foi que ficamos na dúvida com os tamanhos, seria melhor um M ou L?
Com toda a sua vasta experiência na área cuecal - para a Cunhada elas nunca são demais - saca de um exemplar e coloca-o à sua frente, medindo costuras com as calças que trazia vestidas.
- Ah, para mim é este. Não goste da carne apertada.
(Juro, ela disse mesmo assim. E em sua defesa só tenho a dizer pegou num pack já aberto, não abriu propositadamente para o efeito.)
O seu entusiasmo era tal com o raio das cuecas que peguei num pack para mim também.
Chegadas à caixa, já com as compras terminadas, diz-me com ar sério o funcionário:
- Este pack está aberto, quer levar na mesma?
- Sim, eu sei, fui eu que abri para experimentar.
Podia jurar que o vi mudar de cor, no mínimo três vezes, sobretudo depois de confirmar que sim, tinha experimentado e ainda perguntar se havia algum problema.
Atarantado e provavelmente com receio que tivesse feito o mesmo a mais exemplares até descobrir o certo, tentou explicar-me que não se podia experimentar cuecas, que era totalmente contra as normas da empresa e sobretudo de higiene. Tudo de forma calma, sem rudeza ou arrogância, mesmo surpreso perante a minha afirmação. Melhor: tinha sentido de humor, porque deu uma valente gargalhada quando expliquei que sabia isso tudo, mas só tinha trazido aquele pack, porque o pequenito o tinha arrancado da prateleira.
Mais funcionário assim, precisam-se. Em várias lojas.