Experiências #10
- Olá boa noite
- C… C… Carolina! Olá! Boa noite, por aqui?
- Sim, vim cá com uma amiga, mas não sei dela e não tenho com quem falar. Posso sentar-me?
- Sim… Acho que sim… Quer dizer, claro que sim, se acha que… Quer dizer, claro, quer ficar aqui no sofá, que é mais confortável?
- Estou bem, obrigado. Não precisa de ficar nervoso. Já percebi que é uma pessoa tímida, mas eu não mordo.
- É que… fui apanhado desprevenido, não esperava que viesse falar comigo…
- Porquê?
- Porque a Carolina não me conhece, não somos amigos…
- Vamos tratar disso então. Fala-me de ti.
- Eu? Então… Er… O que quer saber?
- O teu nome, para começar.
- Sérgio. O meu nome é Sérgio Ventura.
- Boa! Olá Sérgio. Carolina Carvalho. O trabalho como estagiário no Canal é o teu primeiro?
- Não. Mas é o primeiro na área. Sou licenciado em Audiovisuais e Multimédia, mas até agora só arranjei trabalho em call centers, como caixa de supermercado e em cafés. Nem na FNAC.
- Há quanto tempo estás no Canal?
- Três semanas.
- E o que queres fazer? Quais são as tuas ambições para este emprego?
- Tenho um contrato de seis meses. O que eu queria mesmo era, daqui a uns tempos, estar a fazer o mesmo que a Carolina com o programa da Judite. É exactamente esse o meu objectivo a curto prazo.
- E se eu te ajudar a chegar lá?
- C… Como? Como assim?
- Se eu te ensinar, pouco e pouco, a coordenar o programa da Judite? E um dia mais tarde, se abrir alguma vaga para esse programa ou para outro, já tens alguma experiência, não tens de aprender tudo do zero.
- Uau! Mas isso era óptimo. Claro que sim, oh meu Deus! O que é que eu tenho de fazer para isso acontecer?
- Podes começar por me dizer o que estás a beber para bebermos mais uma rodada
- Não, Carolina. Peço desculpa, mas eu é que faço questão de lhe pagar uma bebida. O que quer beber?
- Um whisky sem gelo e uma água com gás para acompanhar.
- Muito bem. Já venho. Muito obrigado Carolina, um dia que precise de algo, seja o que for, só se eu não puder é que não a ajudo.
Sérgio levanta-se, vai buscar as bebidas e passado poucos minutos está de volta.
- Ainda bem que disseste isso… Por acaso há algo que podes fazer por mim.
- Diga, Carolina.
- Preciso que sigas o meu marido.
- O… O… O quê?
- Preciso que sigas o meu marido. Ele é advogado e todos os dias chega a casa quando a miúda já está a dormir e a maioria das vezes fica acordado a noite toda. Quero só ter a certeza de que ele não anda a trair-me. Assim, preciso que me confirmes isso. Achas que consegues?
- Sim, claro que consigo. É muito fácil. Hoje em dia já há aplicações no telemóvel para fazermos isso. Quer que lhe ensine?
- Não, não quero ser eu a fazê-lo. Não quero que ele pense que eu estou a desconfiar dele sem motivos. Se não quiseres, eu percebo. E a minha proposta mantém-se de pé. Eu continuo a ajudar-te. E temos de arranjar outra forma de me compensares…
- Não é preciso. Eu faço isso. Só preciso de algumas informações sobre ele.
- Tudo o que precisares. Sou a pessoa certa a quem pedir.
Então, o que eu vou precisar é…
Texto original de Mário Pereira
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