Fui correr com a Cunhada
E, meus amigos, tenho montes de parvoeira para vos contar.
Verdade que fui eu que a arrastei para esta loucura, falo de forma entusiástica sobre corridas o que a levou a achar que se calhar era divertido falecer. Afinal, diz que não é tão divertido como apregoo e que não quer repetir a façanha.
Cá entre nós que ela não nos lê: ela gostou, está-se é armar e a fazer de difícil.
Mas bom, continuemos, os primeiros dois quilómetros, senti que me tinha enganado e tinha ido parar a uma sala da obstetrícia. Ninguém respira assim, a não ser que tenha oito centímetros de dilatação e esteja a suplicar pela epidural. Qualquer coisa como isto:
Incluindo este ar de "ai meu deus, nosso senhor, por favor ajudai-me nesta hora difícil!"
Mais adiante, estávamos a meio do trajeto, oiço a criatura suplicar: "Leva o meu dorsal.... Já não posso mais..."
Qualquer coisa como isto, mas sem o Daryl (infelizmente). Fiquei na dúvida se lhe dava dois estaladões - dos reais - se a insultava - que acabou por acontecer - ou se a mandava internar. Acabei a puxa-la por um braço, calando-a com "anda lá caralho!".
A dada altura, julgando eu que a cachopa tinha finalmente apanhado o ritmo, dou conta que não vem atrás de mim. Olho para trás, procurando o seu cadáver e dou com o seu esqueleto encostado a um muro, sapatilha no chão, meia numa mão, pé ao léu e ar de sofrimento.
- Mas o que é que foi agora? - atiro, naquilo que entrelinha dizia "qué essa merda, pá?! Tás parva?!".
- Oh pá, doía-me o pé... Estava a ficar com bolhas e tinha que ver o estado da coisa.
A minha expressão deve ter sido mais ou menos esta:
Que, basicamente, acabou por ser a minha cara durante os 10 penosos quilómetros. Acabamos por conseguir um tempo razoável, com tanta peripécia, chegando à meta 1:08 após a partida.
Já no carro, pergunto-lhe se está bem e não quer pensar repetir. Respondeu assim:
Acho que não corre mais comigo...