Ser mãe é... #3
Descobrir novos métodos de arrumação
O Mário é um miúdo que gosta de tudo arrumado. Quanto mais direitinhos, aprumados e alinhados estiverem os brinquedos, com mais vontade ele os desarruma, espalha e vira do avesso. Vê-se que aquilo lhe vem lá do fundo da alma, aquele contentamento com guinchinhos de alegria de quem vai dar o seu toque pessoal à coisa.
Arrumar e limpar com Caracolinho por perto é de bradar aos céus.
Eram 8 da matina e decidi limpar a casa. Ok, está chuva, detesto limpar com chuva, mas paciência, já fica arrumado. Olho para o relógio e penso: "Isto até às 11 está aviado! Vamo'bora!"
Está bem abelha!
Limpar o pó com o Mário significa estar com 30 olhos no pano, 60 no limpa móveis e 90 no Mário.
Também significa: gavetas abertas, fraldas espalhadas, avaliação de calçado, e outros que tais.
Deixar o chão livre para aspirar tem como sinónimo: retirar tudo do chão, ir buscar o aspirador, apanhar do tudo chão, ligar o aparelho, apanhar mais coisas do chão, começar a tarefa, apanhar mais coisas do chão e assim sucessivamente, porque o miúdo não tempo de brincar e precisa mesmo daqueles copos que estão em cima do sofá, ou dos legos que estão em cima da mesa.
Canalha!
Limpar o chão não é tarefa particularmente fácil. O balde tem que estar na varanda, por motivos que me parecem óbvios, mas assim que vê a esfregona há qualquer coisa que se aciona dentro daquela cabecinha. Uma espécie de efeito Pavlov, vê a esfregona e todo ele rejubila de contentamento. Há lá coisa mais fixe que mexer numa cena cheia de filamentos molhados? Felizmente, hoje descobri que também acha graça a ser ele a passar o chão. O que também implicou ficar com algumas áreas que nem a esfregona viram e outras que foram limpas com um brio exemplar. Claro que ficou a gritar e espernear sempre que juntava a esfregona ao balde, mas era só até se lembrar do aspirador, a coisa passava quase logo.
Gosto de limpar a cozinha em último lugar e achei que seria a divisão mais fácil, mas não. E porquê? Porque Caracolinho sabe onde estão os tupperwares e a mercearia. É pacífico, não me importo que veja de que aquilo é feito, mas não quando estou a tentar pôr ordem no barraco.
Apanhando-me distraída, infringiu a regra de "só nessa porta" e descobriu a gaveta das especiarias, que explorou com afinco, espelhando TODO o alho moído pelo chão. Como tinha pão na mão vá de experimentar pão com alho. Não fez má cara, acho que deve ter gostado. Claro que só dei conta uns segundos depois e senti-me como num filme, movida em câmara lenta gritando um "Nããããããããããoooooooo!" e com ele a meter aquilo todo pela boca dentro antes que lhe tirasse tudo.
E limpar o alho? E eliminar o cheiro?
Já passei três vezes o chão da cozinha e ainda sinto o aroma. Talvez vá buscar a lixivia mais logo.
De modos que, são quase 5 da tarde e terminei há pouco as tarefas que teria terminado às 11 se não tivesse o Marocas cá em casa. Mas, sem dúvida, não seria tão divertido.