É HOJE! Termino hoje o desafio dos 30 dias sem porcarias. Graçá deus! Misericórdia senhor, que nunca mais me apanham noutra.
Estou a exagerar, claro, isto faz-se. Custa, mas consegue-se.
Os primeiros dias são os mais penosos. As pessoas perguntam-te constantemente o que podes comer, se queres isto ou aquilo e tu tens que recusar e responder, uma e outra vez. É cansativo.
Depois vêm as alucinações: tudo o que vês se parece com porcaria. Lembram-se do granizo que caiu? Quando cheguei ao meu carro, julguei que tinha glacé de açúcar no vidro. Foi difícil resistir à vontade de lamber o pára brisas, mas consegui não fazer essa figura.
Finalmente, acomodas-te, habituas-te a isto. A ter o "não quero" sempre pronto, a evitar os corredores da tentação no supermercado, a ter sempre umas nozes à mão, para quando vier a gula. Aprendes a viver sem doçaria e percebes que não é assim tão mau. Não tens quebras de tensão, continuas a sobreviver aos treinos, arrisco até a dizer que notas um aumento de energia. Não significativo, mas subtil o suficiente para notares diferença.
Nestes trinta e um dias, houve situações que me custaram, em que pouco faltou para mandar tudo às urtigas, erguer a bandeira da derrota e sucumbir à tentação, mas no geral, posso dizer que aguentei bem. Aprendi a gerir melhor a gulodice - porque é disso que se trata - a substituir o açúcar refinado e orgulho-me de vos dizer que nem o mascavado entrou nesta boquinha. O único adoçante que usei, além da fruta, foi mel. Tirando isso, zero adoçante artificial. Posso afirmar que, de hoje em diante, pensarei duas vezes antes comer um snikers. Faz-me falta? Quero mesmo? Ou se virar costas o querer desaparece? No fundo, é pensar antes de comer e não comer e depois pensar.
Outra coisa que ajudou, foi tornar isto público. A partir do momento em que as pessoas se habituam ao ouvir "não", juntam-se a ti (algumas, outras estão constantemente a provocar a tua resistência, não é marido?) em pequenos gestos. "A frutaria recebeu umas maçãs ótimas", "olha esta receita, é sem açúcar!", "é melhor não ires ali... É difícil resistir". E assim por aí adiante...
Se aconselho? Claro que sim. É uma ótima forma de testar a nossa resistência (mental), aprender e reeducar o palato.
A minha colega de trabalho trouxe isto para sobremesa. Estive uns minutos a cheirar a embalagem, qual toxicodependente em ressaca, e voltei a devolver à dona, que o enfardou de uma assentada e sem culpas de maior. Vou tomar café e ignorar o cheiro a amendoim com chocolate que tenho colado às narinas.
É verdade, eu assumo: pequei nos 30 dias sem porcarias.
Estão já a pensar que enfardei a caixa de ferreros que tenho escondida na gaveta dos legumes, mesmo debaixo das alfaces, não estão? Tão pouca confiança que depositam no meu auto controlo... Pois que não, não consumi chocolates, mas aldrabei a premissa de "só uma lambarice por semana".
Domingo, como costume, dediquei-me ao docinho da semana e fiz uns coquinhos que me souberam a natas do céu. Tudo a olhómetro e com mel a adoçar.
Só que ontem... Ai ontem, a sacana da gula apareceu em força e ainda a tarde ia a meio e já eu via em miragens de torradas com nutella e pães com chouriço. Consegui manter-me firme, agarrada às amêndoas e ao iogurte do lanche, mas à noite descambou. Tive que fazer uma gulodice.
Ora portanto, além de ter prescindido do óleo de coco, não adicionei o açúcar mascavado, optei pelo só pelo mel. Misturei numa taça (que já deve ter o óleo de coco derretido, caso tenham), 3 ch sopa de aveia. meia dúzia de avelãs esmagadas, 2 ch sopa de farinha integral, meia ch sobremesa de canela, 1 ch sopa de mel, tudo misturado. Noutra taça: maça aos cubinhos, meia ch sobremesa de canela, meia ch sopa de farinha integral e meia de sobremesa de mel, misturar tudo. Numa caneca, colocar metade do preparado de aveia, o preparado de maçã e a restante aveia por cima. Microondas, 3:30 minutos. Deixar arrefecer e comer prazer!
Tal como disse: ficará ainda melhor se não prescindirem da gordura, neste caso o óleo de coco.
Cá vão rolando, sem grandes percalços. Já me é fácil negar doçaria, mas ainda me babo nos salgados. No entanto, posso assegurar: ninguém será infeliz num desafio destes quando pode comer sushi. Mil avés aos salmões desta vida!
Ontem, dia da mulher, tiveram a amabilidade de deixar o lanche ao mulherio cá da loja. Poderiam ter trazido uns tomatinhos, umas alfaces ou, loucura, uns babybell. Mas não! Uma caixa de húngaros e uma de bombons.
Digam-me, com toda a franqueza, eu mereço, não mereço?
E não, nem sequer lhes toquei. E também fingi não ver os quadrados de chocolate à disposição na recepção do ginásio.
Enxuguei toda a baba nos frutos secos e agarrei-me ao iogurte como se a minha vida dependesse disso.