A Cátia
Hoje quero dar-vos a conhecer a Cátia, instrutora lá no ginásio que frequento. A sua pessoa está inerente em vários textos deste estaminé, como o do jump, da aula surpresa, dos primeiros 5km e de forma mais direta na entrevista da Claúdia, mas eu tinha prometido e as promessas são para cumprir. Além de que, ela merece de facto que lhe dedique umas palavrinhas.
Não a conheci logo aquando a inscrição - graças a deus e a todos os santinhos, que aqueles primeiros treinos com senhor Madú deram-me cabo do costedo, nem quero pensar se fosse ela a "apresentar-me" ao exercício - só mais tarde e da pior forma possível: sozinha, na sala de musculação e sem ter por onde fugir. Meu deus, que tareia! Só de lembrar já doem os músculos todos.
Confesso que não tinha esta ideia de sôdona Cátia, vi-a na recepção uma ou duas vezes e tinha a ideia que até era boa rapariga... Até me mostrar o saltos e o trampolim.
Logo nos primeiros dias, apenas conhecia o Madú enquanto instrutor, a sua fama foi-me apresentada:
- Vamos tentar elaborar o teu plano de treino esta semana. A ver se a Cátia trata disso... Cuidado, ela é dura!
Completamente ko, sem fôlego sequer para dizer um "ai", perguntava-me como raio era possível haver alguém ainda mais duro que ele. Felizmente, acabou por não ser ela a elabora-lo, a Ana fez o favor de me fazer um bastante ruinzinho, tanto que o senti gravado a ferros no corpinho durante aquela semana.
Naquele instante, na minha cabeça, formou-se esta imagem:
Mas saiu-me isto:
E digam-me, quem é que resiste àqueles olhinhos? Ninguém, pois claro! Quem sofre? Nós, pois claro!
"Oh, só vais fazer cinco quilómetros? Faz sete, anda lá...." Ou ainda: "Faz lá aí uns abdominaizinhos, num instante, só para acabares." E tu pensas "Olha que carago, hã? Eu já tinha acabado...", mas lá cedes e fazes, mesmo que te amaldiçoes o tempo todo.
Não faz por mal, sei que não, aquilo está-lhe no sangue. O exercício corre-lhe nas veias e quanto mais rápido, demoníaco e insano for, mais dinâmica se torna. É verdadeiramente impressionante! Ponham-lhe um trampolim aos pés e é vê-la numa excitação aos pulinhos de contentamento. É capaz de dar uma aula toda a rir, enquanto salta freneticamente de um lado para outro, pega em halteres, saca o TRX do bolso, faz umas pranchas, salta mais um bocadinho, mais uns abdominais, uns agachamentos... E podia continuar, porque a Cátia não pára. Literalmente.
E se acham que ela precisa de instrumentos de tortura para vos pôr a chamar pela mamã, estão muito enganadinhos. Tremam (ou fujam, se tiverem tempo) quando virem uma sala despida de material: vão usar o vosso corpinho e comer as passinhas do Algarve com ele. Digo-vos eu, que prefiro uma bolinha de 6kg, ao peso do meu tronco. Ou do meu rabo. Também escusam de se preocupar muito com números: independentemente do que fizeram, vão repetir mais oito, para saberem o que é bom para a tosse. Não importa se já fizeram vinte flexões de braços ou se já aguentaram dois minutos em prancha. Há sempre mais oito, sejam repetições ou segundos.
Fora tudo isto, a Cátia tem um grave problema: é impossível não gostar dela. É praticamente nula a hipótese de sair de uma aula dela e não querer voltar para a seguinte. Mesmo que vás para o balneário a rastejar. A Cátia é a heroína do fitness: quando mais ela te dá, mais tu queres. Quanto mais ela pede, mais tu fazes. É irresistivelmente viciante. Se neste momento gosto efetivamente de mexer o corpinho, é ela, em parte, a responsável. Se eu conseguir não ficar a meio da Petrus, sou gaja para lhe dar um abraço. Ou então não, que abraços transpirados é capaz de não ser lá grande ideia.
Se comecei este texto a agradecer aos deuses não a ter conhecido logo de inicio, termino a agradecer tê-la na minha jornada de aspirante a fit. E olhem que não é fácil, nada fácil, levar com um cromo como eu que, além de descoordenada, destrambelhada e preguiçosa, ainda tem a mania que é engraçada.