Só eu... #2
Sou pessoa dada a peripécias, é um facto inegável. A minha vida está recheada de cenas mais ou menos engraçadas, que ainda hoje me fazem rir.
Decidi, e porque sou pessoa que gosta de partilhar gargalhadas, ir contando algumas por aqui. (Que é como quem diz: deixa-me lá encher aqui uns chouriços, que já não sei do que falar ;)
Começo pelas aventuras com o meu eterno Fiat Punto de '99.
O carro do meu coração. A minha primeira viatura, aquela que me deixou mais lembranças (daquelas que só mesmo a mim...) e saudades. Que viatura, senhores, que viatura!
Era carinhosamente tratado por machimbombo, tal era o ronronar do seu motor. E também por Fiat Punto de '99, quando a ocasião exigia mais pompa e circunstância. Não me perguntem o porquê de incluir o ano no nome, mas sempre o fiz. Era assim uma espécie de linhagem, como aqueles cães XPTO que descendem de campeões e que têm nomes como Matrix Champonix da Quinta dos Labradores de Badajoz. Estão a ver? Não? Pronto, deixem lá isso e avancemos que se faz tarde.
Dizia eu, que o meu Fiat Punto de '99 foi o meu primeiro carro.
Fui vê-lo com a minha mamazita, ao mecânico lá do zona.
E apaixonamo-nos por ele. Era preto, comercial e pequeno. Ou seja: discreto, económico e fácil de arrumar em qualquer canto. Tinha ali umas mazelas, mas nada que uma lata de tinta não resolvesse. Era perfeito.
Quando contei ao meu namorado (atual marido) e ao meu pai, ficaram fulos da vida. Como tinha escolhido um carro sem as opiniões deles? Que audácia! Mandei-os ir ver a minha fantástica compra, lá no garageiro, e logo choveram duras criticas contra o meu boguinhas:
- Foi isto que compraste? - questionou o meu rico paizinho, desvalorizando a minha compra com um isto de incredulidade.
- Tu viste aquela lateral toda lixada? E aquele banco roto? - continuou. Pronto, vá estou a suavizar a coisa, o que ele disse foi:
- Viste aquela merda daquela lateral toda esmurrada? E aquele banco todo fodido?
É, o meu pai era pessoa bastante direta e concisa. E caralheira.
Mas eu não me deixei vencer:
- Vi. E já comprei uma lata de tinta para disfarçar. E a mãe já disse que cosia uma "joelheira" no banco.
Lá disse mais meia dúzia de palavrões, mas resignou-se à minha compra.
Por sua vez, o meu homem, foi mais lacónico:
- O carro está todo fodido.
É, os homens da minha vida têm uma pequena tendência para o palavreado menos bonito. (E eu também, às vezes, confesso).
Mas eu, não! Qual fodido, qual carapuça! Estava ó-ti-mo! Os homens é que eram, perdão, são muito exigentes nestas coisas com quatro rodas.
Obviamente, que olhando para trás, o carro não estava assim em tão boas condições. tanto que depois gastei uma pipa de massa em braços de direção, casquilhos, calços, cintas e afins, no entanto isso interessava para nada, era o meu primeiro carro, comprado apenas com a opinião da minha mãe e, para nós, desde que andasse estava ótimo.
Como disse, foi um carro que me trouxe muitas aventuras, porém o texto já vai longo, pelo que hoje deixo-vos só com esta primeira que foi a sua aquisição, a segunda fica para uma próxima.
E inclui um componente muito especial: lixivia.