Oh pá, que história mai linda
Terminei ontem a Culpa é das Estrelas (graçá deus, né?) e, oh pá, que filme mais bonito. Confesso que ao início achei que não ia ficar surpreendida, era só mais um filme de adolescentes, por azar um tinha cancro, apaixonavam-se e no final ela morria. Um cliché. Achei que era um bom filme para passar a ferro. Mas não. Não só os dois protagonistas têm cancro, como ainda morre aquele que menos se espera. Ali a meio do filme, achei que ia haver uma reviravolta - no começo achava que a Hazel se finava - mas ao mesmo tempo não queria que Augustus partisse.
Chorei baba e ranho quando informou Hazel que o seu corpo parecia uma árvore de Natal, depois de um PET. Não merecia.
A abordagem natural da morte, em todos os personagens, é das coisas mais bem feitas que já vi. De uma forma simples, natural, sem dramatismos, sem receios, a morte é encarada como o próximo e incontornável passo. Chamem-me mórbida, ou que mais quiserem, mas gostei bastante da cena em que Augustus decide assistir ao seu próprio funeral. Que sentido faria pedir ao melhor amigo e à namorada que fossem oradores do funeral, se não iria lá estar para ouvir? Estou com ele a 100%.
Muitas vezes, em conversa com amigos, comento que deveríamos pensar mais nisso, na nossa vontade, como queremos que as coisas sejam feitas, indicarmos alguém capaz de nos satisfazer os últimos detalhes da nossa última cerimónia. Alguém que nos conheça, que não ache que porque já fechamos os olhos podem chamar o padre da freguesia e borrifarem-se para o facto de sermos ateus. No fundo, alguém que nos respeite, que saiba das nossas decisões, convicções e devoções. Porque o funeral, a ser para e pelo defunto, é isso mesmo: o respeito pelo que era, pelo legado que deixou, pelas coisas que ensinou, pelo caminho que percorreu. Se for só para inglês ver, então a Hazel tem razão: os funerais são para os vivos.
E não, eu não acho que tenhamos que estar à beira do precipício para pensarmos nisto. Não deve ser o tema central da nossa vida (se for, consultem um médico especialista, já!), mas concordo que devemos ponderar o que gostaríamos qu fosse feito, como gostaríamos que se celebrasse, quem gostaríamos que fosse, quem, de todo, não queremos lá. Porque, meu amigos, hoje estamos, amanhã não sabemos. Se não exlicarmos como queremos, como vão depois saber?