Só eu... #4
Sim, eu sei, já há imenso tempo que vos deixei pendurados à espera de mais aventuras com o Fiat Punto de '99.
Aqui estou, pronta a redimir-me dessa tremenda falha com a aventura mais espetacular de todos os tempos: a da porta.
Escusam de pedir mais, meus amigos, que hoje é O dia.
Esperava tudo daquela viatura, mas não a queda de uma porta. Apanhou-me completamente desprevenida, a mim e ao meu colega de trabalho que, coitado, tanto sofreu comigo ao volante.
Já eram horas de regressar a casa, mas não sem antes colocarmos umas lâmpadas no carro. Cheios de pressa, açambarcamos o máximo de lâmpadas (daquelas fluorescentes, compridas) que conseguimos, fechamos o estaminé e vamo'bora para a viatura que se faz tarde. Procura a chave no bolso, não está neste, deve estar no outro, e o rapaz a bufar, que aquilo lhe estava a escorregar, e eu menos um bocadinho de pressão sim? Tenho a certeza que a chave estava aqui à mão, lá dou com ela e preparo-me para abrir a mala (era preciso levantar uma alavanca junto ao banco do condutor) quando ouço ao meu lado um PLOC. Assim mesmo, PLOC. Olhei em redor, não vi nada de extraordinário, até os meus olhinhos baterem na porta que assentava, num ângulo meio estranho, no chão do passeio.
- Ai, ó C, a porta caiu!
- Caiu?! - não percebi o porquê do revirar de olhos à medida que se ia apercebendo que não, eu não estava a brincar.
- Abre masé a mala que eu já vejo isso.
Desmanchada de riso, lá lhe abri a bagageira para que acomodasse as lâmpadas, mas também me esqueci que tinha os amortecedores estragados, pelo que era preciso segurar manualmente na porta. Logo, enquanto eu avaliava a porta e pensava em possíveis soluções, o meu colega, pobrezito, levava com a outra na tola.
Quando, por fim, lá consegue vir observar o raio da porta, sempre a moer como raio tinha aquela merda caído e eu sempre a responder sei lá eu, abri e ela caiu assim, do nada. Talvez seja bom referir que tinha batido num raile de auto estrada, exatamente naquele sítio, há uns tempos. Coisa pouca, só ficou ali em bocado amolgado e fazia CLAC cada vez que se abria a porta. CLAC que eu ignorei, com todas as minhas forças, está bom de ver.
Depois de muito olhar, ver, observar e analisar, o colega pôs mãos aos trabalho:
- Só partiu a dobradiça de cima, talvez dê para pôr a porta no sítio e trava-la por dentro.
- Ou então podemos pôr fita cola, daquela larga, acho que há na loja. - eu e as minhas ideias brilhantes.
- Eu bem te avisei que aquele barulho não era normal, devias ter visto isto. - Moía ele enquanto levantava a porta, tentando encaixa-la nas engrenagens, uma e outra vez.
- Ou então tiramos mesmo a porta. Guardamos na mala. Eu vou devagarinho e há-de correr tudo bem.
As minhas soluções estavam a melhorar, àmedida que o meu cérebro ia apreendo que estavamos mesmo fodidos.
- Ou ligamos para a assistência em viagem, não?
- Sim, ou isso.
Não é à toa que se diz que duas cabeças pensam melhor que uma, apesar que a fita-cola não me parecia uma ideia assim tããããooo descabida.
Ele lá continuou, levanta mais, baixa mais nadinha, está quase lá, até que:
- Já está! Vai pelo outro lado trancar a porta.
Naquele momento, dei graças por ter um carro tão manual, bastou pressionar o travão da fechadura e a porta ficou segura.
Alertou-me o Colega:
- Agora não te esqueças de chegar a casa e abrir a porta, em vez de saires pelo outro lado.
E eu, claro, obediente que sou, não me esqueci. :D