O Amor
Antes dos filhos:
- Banho em sais minerais do oriente e óleo de argão vindo diretamente de Marrocos. Nem um pêlo à vista e a água desliza pela pele como se tivéssemos uma capa hidrofoba patenteada pela Zeiss.
- Música romântica de fundo, média luz, pétalas de rosa nos lençóis, duas flutes de espumante e um prato de morangos em cima da mesa de cabeceira.
- Sabe Deus quando acaba. A madrugada é o limite.
Depois dos filhos:
- Duche à pressa com gel de banho do Catraio porque o nosso acabou e não lembramos de comprar outro. O único óleo lá por casa agora é o de bebé e a lâmina percorre as pernas às cegas criando auto-estradas no meio da selva de pelugem Pernal.
- Como é que se chamava aquela música? Oh, deixa lá fica mesmo na RoseBonbon que até tem nome romântico e o que conta é a intenção. Migalhas, brinquedos pequenos (ou pior: peças de Lego) no meio dos lençóis, mas amor precisa de emoção, não é verdade? "Que barulho é este? Levantou-se! Tapa-te!" Na mesa de cabeceira habitam duas coisas: fraldas e toalhitas no caso dos bebés pequenos ou toalhitas e brinquedos no caso de mais graúdos.
- O próximo choro ou chamamento é o limite.
Há quem lhes chame o melhor do mundo, eu acho que empata-loves também era bonito.