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A Caracol

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Tentei meia maratona e sobrevivi para contar a história

Ontem, foi dia de EDP Meia Maratona do Douro Vinhateiro, uma forma engraçada de atrair a malta e dar cabo do canastro ao pessoal num dia tórrido de calor e ao longo de uns extensos 21.5km. 
Começo por dizer que quando me inscrevi não dava um passo. Literalmente. Inscrevi-me no auge das tendinites de Aquiles e não conseguia sequer caminhar dois metros sem me sentar e sem parecer fazer breack dance. E porque me inscrevi? Porque, na verdade, desde que corri os primeiros 10km, que ficou o "e se?". Os "e ses" são lixados. São o vinho na marinada das decisões e quando vemos uma hipótese, por muito disparatada e louca que nos possa parecer, deixamos que vença, mesmo com excelente e fácil desculpa para não o fazer, mesmo com os 678 arrependimentos posteriores, mesmo com as dúvidas, os medos e as ansiedades que o "sim" acarreta. 
Como correu? Foi correndo. Uns metros a correr, outros a caminhar. 
Estava um calor infernal, toda a água me parecia pouca e os 10km pareciam inalcançáveis. Aos 8km, com os pés a arder - literalmente - caminhei o primeiro pedaço. Soube pela vida, mas retomei pouco tempo depois, para mal dos pecados das minhas coxas. 
Esgotei com os "foda-se!" todos entre o quilómetro 10 e o quilómetro 11. Depois, percebi que não me adiantavam grande coisa, além do poder libertador e da sensação de que ainda mando na minha própria morte e, portanto, posso manda-la abaixo de Braga as vezes que me apetecer. 
Foi maizomenos por aqui que encontrei a Ana. 
A Ana é maratonista e corre comó caraças. A Ana correu num ritmo que não era o dela, para acompanhar uma amiga naquilo que, para ela, seria apenas um mais um treino. A Ana puxou por mim, várias vezes, ao longo de 5km. Sem parecer frustrada, melindrada e sempre com uma energia invejável. A Ana é leitora aqui do bagulho e merece as vossas ovações nos comentários, tal como a Vânia, a amiga que ia a acompanhar e que foi uma valente até ao final. Parabéns Vânia! 
Depois da Ana, percorri mais alguns metros com uma miúda de Lisboa que penava por não ter treinado mais, por se baldar aos treinos nos últimos dias e pelas dores que sentia. Amiga, tamo junta. Treinos longos? Nem vê-los. Últimos 10km seguidos? Março. Baldas a treinos? Digamos que fui a rainha das baldas injustificadas estas últimas duas semanas. 
Ao quilómetro 16 esbarrei com um grupo castiço e barulhento. Não sei como conseguiam fazer tanto barulho, quando eu só me esforçava por respirar em condições. Valentes! 
Toda a gente com quem cruzamos caminho nos diz que "está quase". À maior parte, respondemos a sorrir, quando na realidade estamos a pensar se os mandamos dar uma curva. Depois, pagamos caro e dizemos o mesmo a outra pessoa. O karma é lixado e até numa meia maratona isso se percebe. 
Nos últimos quatro quilómetros dei comigo a imaginar como seria se não tivesse vindo. Provavelmente, não teria feito meia dúzia de graçolas para animar o rapaz que caminhou uns metros comigo, gozando um bocado com o nosso estado insano. Provavelmente, o senhor agarrado ao gémeo não teria recebido dois quadrados de marmelada de uma estranha que não fazia porra de ideia no que se estava a meter. Provavelmente, não teria dito a uma moça "tenho aqui açúcar que gamei do café. Queres? É do bom, branquinho como a neve." Acima de tudo, provavelmente, não me teria superado. E não falo só pelos quilómetros nas pernas ou pelo sprint final, falo por tudo aquilo que não se vê: o ânimo, o humor e a relativização de problemas que uma prova deste calibre traz. 
Sim, fui com medo. Sim, fui com pouca preparação. Sim, caminhei muitas vezes. Não, nunca, nem por uma única vez, tive vontade de desistir. Mesmo com todos os 'foda-se!', com os todos os "valham-me os deuses", com todos os "não dá". Porque dá sempre. Se não vais tão depressa, vai mais devagar. Se alguém te diz que está quase, a seguir fazes o mesmo a outro, se alguém te incentiva, tu fazes o mesmo. Uma e outra vez. Os quilómetros passam, a paisagem muda e quando dás por ti estás na ponte e já está mesmo quase. Calam-se os tendões, as bolhas, os pulmões e segue-se como se pode. 
Ainda caminhei um bocado nesta fase - podia jurar que o asfalto se cravava na planta do pé - por cada metro percorrido sentia que recuava três. Sucumbi ao meu lado nerd e dei comigo a repetir mentalmente "Not today" até encontrar a Nelma. Ou ela me encontrar, vá. Quase que a abracei, felizmente contive-me a tempo. Correu comigo os derradeiros metros, mesmo já tendo terminado a prova dela. Obrigada Nelma, aqueles dois dedos de conversa souberam melhor que três pacotes de marmelada. 
Duas horas e quarenta e cinco minutos depois, cheguei ao fim. Não sabia se queria rir, chorar, vomitar ou comer. Tudo ao mesmo tempo, num embrulhanço de emoções que não têm palavras para ser descritas. 
Já agradeci a várias pessoas, ao longo deste enorme texto, mas faltam algumas: à compincha Carla Beça que me acordou com um safanão "não paniques agora!" e tentou por tudo manter-me a correr até aos 10km. És a maior Carlinha! À Carla Chaves, à Irma, ao Nuno, ao Pedro, ao Tiago, ao Zé e ao Soares que no meio do seu próprio sofrimento tiraram dois fôlegos para a dar energia extra a quem ainda não tinha dado a volta. 
Por fim, mas não no fim, à enorme Cátia a quem fui incapaz de dizer "nem penses! És louca?!" no dia em que propôs isto. Porque sim, sempre quis tentar, mas também sim, com ela fez toda a diferença. E eu juro, Catiazinha, que corria mais cada vez que te imaginava a gritar "é pra correeeeeerrrrrr!"

O texto já vai demasiado longo, mas quero relembrar: não corri até meados de fevereiro. Não dava dois passos seguidos quando me inscrevi. Não treinei o suficiente. Mesmo assim, terminei 15 minutos antes o estipulado. Se isto não é ser a maior da rua, então eu não percebo nada disto. 

(Mas não me meto noutra. Ai não, não! 😬)

Sou fit! E agora?

Então e o vosso dia da mãe? Tudo já curtiu as crias, já desesperou com birras e já mandou calar baixinho o Panda, a Elsa ou qualquer outro boneco animado, enquanto se imaginava a arrancar cabelos? Fixe, é o que se quer. Desde que haja saúde e um ou outro palavrão mudo, a maternidade faz-se bem. Estou assim um bocado positiva, hoje. Sabem como é: falecer tem este efeito. Vá, pronto, o quase falecimento, para não cair em exagero.
E onde quase faleci? Não, claro que não fui correr. Francamente, mas vocês acham que não faço outra vida?
Só passei parte da manhã a tentar sobreviver ao Challenge Arena Medieval ocr​.
É a vida: há quem aos 30 já tenha juízo, eu ainda estou por descobrir o meu.
É a segunda vez que faço uma prova do género (participei na Bio Race, em setembro passado), mas desta vez em 10km.
Só podia estar louca. É que só podia estar louca.
A ideia até é gira: uma corrida com obstáculos inspirados na época medieval. Muito giro, muito original, mas com obstáculos do demo. Por exemplo, atravessar um regato. A nado. Ou fazer como eu: seguir pela berma e esfolar logo as pernas todas nas pedras com musgo.

(Pequeno aparte: Gente, vacinem a canalhada. Muita vez agradeci à minha mãezinha me ter dado sempre as vacinas todas e ter a do tétano em dia. Vejam lá isso, que é uma chatice uma pessoa achar que até vai divertir e arranhar um bocado, mas acaba a sair de lá com tétano no lombo. É chunga. Avançando...)

Tambem não sabia que teria de escolher entre o nariz ou rabo - leia-se arriscar todo o nariz e descer um declive com fé em Deus, ou jogar pelo seguro, alapar o rabo na terra, rezar para que não existissem pedras muito agrestes, porque os calções foram caros e acabar com pelo menos um nódoa negra. Em cada nádega, que o equilíbrio é coisa que o corpo aprecia.
O facto de ir em equipa - e com uma equipa muito espetacular - ajuda um bocadinho a eliminar algum medo, mas quando se vê uma mini escarpa para descer com a ajuda de cordas, não há nada que nos valha e vemos a vidinha toda ir pelo precipício abaixo. Isso e a pouca coragem que nos resta. Se é que alguma vez veio no bolso de dentro dos calções. A minha deve ter ficado no carro, com certeza.
Mesmo assim consegui reclamar uma ou duas vezes, quando o fôlego e o medo permitiam verbalizar alguma coisa minimamente coerente.
A parte que mais me custou, que doeu mesmo cá dentro, foi mesmo ter de usar um colega como 'escada'. Ainda tentei tornar-me mais leve, mas acho que não consegui e o desgraçado levou com três temporadas de GoT e respetivas bolachas em cima do costedo. Vivendo e aprendendo: a partir de agora só vejo séries a enfardar algodão doce.
No final - e apesar de algumas falhas de organização que, acredito, serão melhoradas nas próximas edições - o divertimento superou os joelhos esfolados, a amizade e superação batem bem o cansaço e as nódoas negras sempre dão um colorido engraçado à derme. Assim uma espécie de obra de arte abstracta, digna de um qualquer Kandinsky.
Pronto. Vou dormir que o meu mal é sono.

(Só por acaso, acho que as minhas pernas parecem mais Pollock, mas tudo bem. Não vamos estar agora aqui a debater arte em forma de nódoas negras.)

Fiz a Petrus Run pela terceira vez e sobrevivi

1km

 

Vamos lá, isto hoje vai ser sempr'andar. Siga. Foco no final. Alguém atrás de mim diz motivadoramente "Vamos lá qu'isto agora até aos Carvalhos é sempre a subir". Como se eu não soubesse e fosse a primeira vez que ali ia. Respira. Não penses. Corre.

 

2km

 

Faltam 8. O relógio que Cravei ao homem vibra no meu pulso, leio a mensagem "Fantástico! Objetivo cumprido!" e percebo que em vez de colocar aquilo em cronometro, coloquei em objetivo para 2km. 🤦

 

3km

 

Está um calor que não se pode. Apetece-me mesmo caminhar. Resisto à tentação do diabo e continuo a subir o inferno.

 

4km

 

Já disse que é sempre a subir? Ainda não? Pronto, é sempre a subir. E estava um calor do cacete. Os lábios rachados, os pulmões colados, o ar rarefeito e as pernas pesadas. A subida dos impropérios é aqui. E odeio-a.

 

5km

 

ÁGUA! H2O!
Ao abrir a garrafa, perdi a tampa. Bebi dois goles e pensei em guardar o resto, correndo (agora a descer) com ela aberta muito direitinha na mão. Obviamente não resultou, pelo que encharquei a T shirt, pelo menos tinha proveito no desperdício.

 

6km

 

Estamos em agosto, às 2 da tarde. Ou isso ou no inferno. Não sei o que me dói mais: se a falta de água, se as pernas, se o pó que aloja nas vias respiratórias e faz comichão no palato, se o arrependimento de estar aqui outra vez. A última, definitivamente, por isso autoflagelo-me em mais uma pequena subida que dói como mil brasas incandescentes em todo o lado.

 

7km

 

Mais uma subida. Curta e grossa. Apetece-me fazê-la a rastejar, mas contento-me com uma passada ligeira. O sol é implacável e dou comigo a pensar que se aplicar um golpe à Van Dame na nuca da moça que vai à minha frente talvez lhe consiga sacar a garrafa da água.

 

8km

 

Dou um rim por água. A sério, não preciso de dois, sobrevivo bem só com um. Corro pelo passeio para tentar apanhar o máximo de sombra, não dou conta de paralelo mal colocado e calco-o em força. O tendão queixa-se, eu continuo.

 

9km

 

Quero morrer. Agora.
O tendão continua a ganir baixinho.

 

9.5km

 

As solas parecem feitas de uma goma que derrete e cola ao chão, mas está quase e só quero mesmo que acabe.

 

9.700km

 

A pista é ENORME. NUNCA MAIS ACABA.
O quê?! Olha-me agora esta caramela a querer passar-me à frente. É que nem penses minha menina. Não andei eu a chegar até como carne desitratada para agora me passares a perna. Era só o que mais faltava. Entraste comigo no estádio, por isso só tens soluções: ou acabas comigo ou ficas para trás. Agora despacha-me esse rabo! (Esta última já foi de mim para mim).

 

10km

 

Passamos juntas e posso jurar que lhe ouvi um obrigada. Não percebi, porque na minha cabeça todos os rostos tinham a forma de uma garrafa de água.
Uma hora e seis minutos depois da partida, cheguei finalmente ao fim. Se foi um bom tempo? Eh, podia ser melhor. Mas também podia ser pior. É a terceira vez que faço a Petrus e de todos, este foi o pior tempo. Mas também foi aquela que fiz com menos preparação, tendo em conta que só recomecei a correr há pouco mais de um mês e que foram quase dois praticamente parada. Se estou frustrada? Nem pensar! Foi espetacular! Tenho 30 anos e 30 km de Petrus nas pernas, hã? Respeitinho.
No final disto, descobri aos 30 que afinal gosto de papas de sarrabulho. Era quem me batesse por todas as vezes que lhes torci o nariz.

Plano de treino novo - versão 2.0

 

Acho estranho no aquecimento estar escrito "Só passadeira", mas cumpro e utilizo apenas aquele equipamento durante 7 minutos de corrida moderada.
Quando chego ao exercício seguinte percebo que afinal aquilo são 20' passadeira, só que li o apóstrofo como acento.
Só Deus Nosso Senhor e o Senhor professor saberão porque raio tenho tanto cardio e treino funcional misturado com exercícios de força e resistência. Por isso estranhei a "Treadmill" 8-8, que li como passadeira 8minutos velocidade 8. Um nadita lento, mas podia ser uma espécie de bónus ao calhas. Ah-ah! Provavelmente, é na elevação 8 velocidade 8. Faz mais sentido.
Porque é que eu fui confirmar e não me limitei a seguir a segunda opção?
Porque sou um calhau com pernas. Só pode. Ou isso ou sou tona. Ou os dois. É provável que seja os dois.
Eis que me é explicado que a "Treadmill" - doravante chamado de EnganaDor - é aquele aparelhometro caído de um outro planeta que parece uma passadeira, é uma passadeira, mas não funciona como uma passadeira. É preciso uma pessoa empurrar o tapete, que tem a resistência de um hipopótamo obeso, lutar contra uns elásticos que nos sugam toda e qualquer réstia de fôlego que tinhamos e aquilo começa, finalmente!, a contar os segundos. Era suposto correr no EnganaDor, mas limitei-me a subir a Rua dos Clérigos de joelhos enquanto puxava uma bigorna de tonelada e meia. Ou pelo menos foi isso que eu senti durante aquele lonnnnnnnngossssss dois minutos.
Ui, já chega de resistência, não Caracol?
Pois, eu também achava que sim, mas depois de mais umas séries de força, espetam-me com isto:
Cordas militares. 3*20. Carga: salto.
Mas. Que. Raio. De. Coisa. É. Esta.
Ok, cordas militares é muito giro (#SóQueNão) mas... Desde quando é que um salto é carga, hã? Para que é que uma pessoa quer 3 kg a mais se não lhe podem servir de carga extra?! Uma barbaridade, é o que vos digo.
Obviamente, tentei escapar. Não que não quisesse experimentar - que até queria - mas porque já me tinha chegado o EnganaDor para experiência do dia.
Claro que, como boa mentirosa que sou, meti os pés pelas mãos quando me perguntaram "então? O que é agora?".
O que eu queria ter perguntado era "o que é remada invertida?", numa tentativa de fazer ali gingajoga de aldrabice e trocar um exercício por outro, mas o que realmente verbalizei foi "o que são remadas militares?".
Obviamente, nem o professor sabia que raio era aquilo, leu o plano, percebeu que lhe estava a tentar passar a perna, eu admiti logo mal ouvi o click mental dele numa tentativa vã de me ilibar confessando o crime, mas não me adiantou nada. 🤦
A acrescentar a isto, desenvolvi uma sacana de umas consciência fit manhosa que me obrigou a fazer 25 repetições na última série para compensar as 15 que fiz na segunda.

Agora perguntam vocês:

Não te arrependeste de ter escolhido essa opção quando tinhas tantas de dolce fare niente disponíveis e sem grandes desculpas esfarrapadas?

Não.
Nem por um segundo. 😜

Sou fit! E agora? #15

Começa devagar, numa corte subtil com um enamorar entre agachamentos suaves a dois tempos.
Faz-te crer que o pior já passou numa cantiga de bom pregador: "relaxa, aproveita o momento, desfruta do movimento. Senta na cadeira imaginária. Com calma: ela não foge, controla a subida, bacia no sítio* e inspira. Expira e recomeça. Não apresses o tempo."
Há um som que se destaca, um crescendo acústico que toca como um gira discos estragado. É o ritmo que marca o seu apogeu explosivo. Como um rastilho aceso que termina o seu percurso, também ele cede à máscara da calma e mostra o seu pior: agacha, salta-enquanto-leva-um-joelho-ao-peito-num-encorpado-unilateral, volta, recomeça, inverte o joelho.
É um furacão alimentado pela adrenalina e nunca está satisfeito. Pede-te mais. Aceleras. Mais. Ofegas. Mais ainda. Tens as pernas em cinzas. Ainda respiras? Mais. Mais alto. Não dá. Mais forte. Como? Mais rápido. Sentes-te a implodir, tens pulmões desfeitos, pernas trucidadas e o teu abdominal assemelha-se a um cemitério de fibras musculares. Ele continua: MAIS.
Finalmente permite-te recuperar. Garantes que o odeias, que não repetes, que nunca mais o queres ver, mas sabes, bem lá no fundo, que gostaste dele.
 
O seu nome é DeadAss e aguarda ansiosamente por ti, num qualquer trampolim de uma aula de JUMP.
 
*E esta descrição tão técnica do agachamento, hã? 
 
Nota: O DeadAss é este 👇 exercício giro nas horas e horrível nas pernas. Estes dois professores fazem exatamente o que ele quer, numa exibição que lhe enche o ego - podia ficar só com eles, mas não!, quer a sala inteira, o sacaninha. 
Nota II: O facto de eu falar com um exercício diz muito sobre a minha perfeita saúde
mental... 🤪
 
A imagem pode conter: 1 pessoa, sala de estar e interiores
 
 
Não esqueçam o vosso na pessoa mais parva e louca desta blopgosfera. É por aqui, na categoria de humor. ;)

Ironias Fit

 

Às vezes perguntam-me: 'Caracol, como consegues fazer exercício e ouvir a música? Eu não ouço nada e nem sequer me lembro do que ouvimos...' 
Não sei como isso de não ouvir nada é possível. Não sei mesmo. As músicas, regra geral, estão pejadas de ironia se as aplicarmos ao contexto do exercício físico. O sarcasmo grita de tal forma aos meus ouvidos que é impossível não ouvir. A ironia que berra é mais acutilante que as ordens de quem lidera a aula. É impossível não ouvir. 
Ou então é apenas um mecanismo de defesa para quando me apetece desertar e sair, arranjar forma de o fazer sem ser literal. (Momento #NãoTejasMedo)
Foi impossível hoje e mais uma vez, não me aperceber do encaixe perfeito desta música a quem lidera a aula. É tão perfeito como os encaixes das sapatilhas nos pedais. É tão literal que juro que apertei mais um bocadinho a carga sem me mandarem. E passei a música toda a evitar contacto visual e a manter os joelhos afastados do botão de carga, não fosse algum bater-lhe "por acidente". Há pessoas que encarnam músicas e que lhes dão vida, depois há as músicas que encarnam pessoas e como que as vestem, do princípio ao fim. E esta, minha boa gente, veste todo e qualquer professor de fitness e PT's. Quem discordar, merece uma faixa disto só para fazer burpees intercalados com moutain claimbers.

 

 

 

R(a)lações difíceis

Desculpa por ontem. 
Sei que não foi fácil e que é muita coisa para absorver num tão curto espaço de tempo, mas não deixes que isso te faça desistir de nós. 
Adorei cada segundo que estivemos juntos, mesmo naqueles em que mudaste de direcção numa amálgama de braços e pernas desgovernados e desorientados. A culpa foi minha: não te avisei como seria desta vez. Perdoa por isso também. 
Por favor, não tenhas medo de me magoar. Eu mereço e aguento a tua frustração com a elasticidade que precisares. Tu mandas, eu apenas cedo à tua vontade.
Magoa-me que me ignores quando te peço para acelerar. A adrenalina faz parte da minha natureza e eu sei, pela forma como ficaste ofegante, que também faz parte da tua. Não tenhas medo: prometo não te deixar desamparada e serei sempre a rede que amparará a tua queda. 
Palpitar contigo foi a melhor hora da minha noite e fizeste de mim o trampolim mais feliz de todos. 
Não me vires as costas, por favor. És tu que dás mais brilho às minhas molas e por ti cedo até ao chão. 
Perdoa-me por ontem, prometo que vamos conseguir melhorar juntos.
Sempre teu,

JUMP

Sou fit! E agora? #13

Armadilhas mortais para tótos

 

Ai senhores, estou cá com uma vontade... Jasus! Pirava-me já daqui mais depressa que Bolt percorre 100m. Já tinha idade para ter juízo, de facto, mas não!, venho pr'aqui como se não tivesse morrido e falecido ontem, como se estivesse fina e fresca como as alfaces do Lidl, como se não estivesse mais partida que a última bolacha do pacote de todo o stock daquele lote. Mas bom, já que vim, pelo menos vou acelerar um bocado, não preciso testar os limites mínimos de velocidade do tapete. Credo! 10 não! 8 chega perfeitamente, só para manter o ritmo constante e coise e tal. 
Que raio vou fazer para o jantar? Acho que ainda tenho lá umas...

A partir daqui, aconteceram várias coisas. Por ordem:

- Um dos meus pés saiu do tapete e tentou fazer com que a lateral do tapete rolasse também. Obviamente, não resultou.

- Perdi o equilibrio e apoiei ambas pontas dos pés no centro do tapete. Erro crasso: a velocidade ganhou terreno.

- Percebi que ia malhar

- Tentei segurar-me à lateral da máquina. Não deu.

- Vi o tapete demasiado perto

- Tentei agarrar-me a qualquer coisa. Não arranjei nada.

- Ouvi o professor perguntar: "Vais cair?" ao que me apeteceu responder: "não, faço isto quando estou entediada. É uma maneira de matar o tempo."

- Os pés assentaram no chão firme, mas ainda numa posição esquisita.

- O resto do corpo sofria com a inércia do movimento e cedia à gravidade.

- Percebi que ia bater com a cabeça no tapete.

- Tentei equilibrar a queda com as mãos, o que me levou a galopar com os membros superiores cerca de 3 segundos.

- Consegui restituir algum equilibrio e ergui o tronco.

- Chorei a rir e ainda contribui para uma pausa no sofrimento dos colegas.

 

Quem é 'miga, quem é? 

Sou Fit! E agora? #12

Da saga: Coisas giras que digo no ginásio


Estou a (tentar) fazer clean and press. E por tentar devemos ter em conta o esforço mental adicional que preciso para executar o movimento. É todo um mantra que repito mentalmente: remada alta, cotovelos alinhados com os ombros, enrola, sobe, desce em remada alta, cotovelos alinhados com os ombros, desenrola e desce. Se perco a concentração nisto, se acelero, se panico a meio ou se tento colocar peso adicional é meio caminho andado para a desgraça. 
Como disse, estava concentrada em fazer o movimento direito, pelo que coloquei o peso habitual: 10kg. 
Ao cabo de uns segundos, ouço o comando:

- Está muito fácil. Põe mais peso, porque essa barra é oca e não pesa nada.

Resposta automática e sem filtro:

- Sabes que isso é impossível? Toda a massa tem algum peso, portanto apesar de oca esta barra também pesa.

Portanto, levei com revirares de olhos vários, dois "valha-me deus, cala-te e põe mais duas rodelas!", acrescentei ao mantra um " chiça, qu'isto pesa comó caraças!" e vários "Odeio esta porra deste exercício!" mas consegui não dobrar os cotovelos. Pumbas!

30 minutos de yoga

Motivos vários levam-me a não conseguir colocar os pezinhos no ginásio, esta semana. (ohhhhhhhhhhhhhhhhh que peeeeeeenaaaaaaaa! #SemIroniaQuaseNenhuma). Por isso, decidi manter alguma actividade por casa. Não, não é nada disso que estão a pensar. Claro que não fui correr.

Não, também não é isso, não vou fazer limpeza geral à casa - até porque já fiz.  
Então? Vá, puxem lá pela imaginação. 
Ah! Não, também não isso suas mentes cinzentas...


Yoga. 

 

Pois é, já que ia mexer o corpo em casa, pensei cá com os meus fechos (raramente tenho botões): 
"Oh Caracol, aqui está uma boa oportunidade para experimentares Yoga... Tu até já apanhas um bocado de fitness, porque não variar? Vais lá agora fazer burpees na sala e afundos no sofá. Nada disso, pá! Liga masé o youtube e põe uma daquelas aulas para to... Profissionais. Vais gostar, vais ver. Vai na volta e ainda vais passar a fazer isso todos os dias, antes de começarea o dia. Yoga de madrugada e fitness ao almoço. Não é tentador?"

Pois que a nossa ralação não resultou muito bem. 

O problema não é ele, sou eu. 
Como sempre, quem termina a ralação puxa as culpas para si, numa tentiva vã de atenuar a dor do outro. No caso do Yoga, não me parece que ele vá sentir muito. Tem os chakras bem alinhados e uma mente sadia, acho que fica bem sem mim.
Então e a experiência? 
Não posso dizer que foi má, até porque comecei pelo básico e pareceu-me bastante semelhante a uma aula de Pilates/Alongamentos para iniciados. 
O meu problema é a calma. A senhora professora diz para elevar o trooooonnnncooooo e quando ela chega lá cima já eu estou há 30 segundos à espera dela. 
E a respiração? A eternidade que não dura cada inspiração e expiração? Dava para contar um rebanho de carneiros só no tempo de inalar oxigénio! Quando chegava à fase de expulsar o dióxio de carbono já tinho que mudar de produtor, porque ninguém tem tanta cabeça de gado por hectare. 
Claro que o facto de ser via youtube também contribui para o - segurem-se almas que adoram Yoga! Respirem! - tédio e não é de todo a forma adequada de se experimentar uma modalidade. Acredito piamente que ao vivo a coisa seja mais - segurem-se almas que adoram Yoga! Respirem! - intensa. 
Acabei mais nervosa do que quando tinha começado e só não fiz meia dúzia de burpees porque passava das 11 da noite e sou uma boa vizinha.