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A Caracol

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Aprender dói

Há uma semana Caracolinho queixava-se de dores de barriga.
Calhou ser sempre em alturas de mais ansiedade: um dia antes do passeio da escola, na tarde em que havia aula de música de aberta aos pais... Pouco depois da actividade começar, as dores passavam.
Sábado, depois de uma manhã cansativa, adormeceu no carro.
Acordou a chorar que lhe doía muito a barriga.
Fomos ao médico, com vários cenários na cabeça: desde viroses a cancros vários.
Diagnóstico: nada.
Ou melhor: stress acumulado e ansiedade.
O meu filho tem 'apenas' duas actividades: música e natação. A primeira insere-se no horário escolar, a segunda é ao fim de semana.
Não tem actividades pós escola.
Não seria, portanto, excesso de carga de atividades.
Calha, contudo, ser mês de natal: jantares, lanches, festas, festa de aniversário, um corropio seguido, fim de semana sim, fim de semana sim.
Calha também ter uma mãe ligeiramente acelerada.
"E agora? Como raio vou eu gerir esta merda?! Se ainda fosse uma virose... Agora, stress?! Como é eu combato o stress?! Não há medicamento, não há xarope, não há porra nenhuma."
Ah, a sensação de incompetência, misturada com a sacana da culpa. Uma mistura mesmo fixe e explosiva para a cabeça de uma mãe.
Durou cinco minutos, claro, mas foi inevitável passar por ela.
Dicas úteis de uma prima que enerva de tanta tranquilidade que emana por cada poro:

- Menos ecrãs

- Mais atividades que incluam a interactividade (ver um filme não conta, já que a interactividade é inexistente)

- Ensinar respiração abdominal e não torácica para acalmar os nervos

- E... Chupeta, provavelmente.

Vou explicar melhor o último ponto:

Há umas semanas que o rapaz deixou a chupeta. Fazendo uma retrospectiva a frio, não o fez por vontade própria, mas sim por influência nossa e por, provavelmente, querer agradar. A chupeta era o calmante, funcionava na gestão de ansiedade ou de estados de espíritos menos calmos. Tirou-se um ansiolítico, mas não se ensinou uma alternativa, nem tampouco se pensou que seria demasiada informação: chupeta+irmã.
E a verdade é que, apesar do entusiasmo em relação às catraia, é de facto muita gestão emocional para um miúdo de 5 anos.
Assim, à pergunta "Achas que a chupeta te ajudava a passar as dores de barriga?", a resposta foi um rápido e assertivo: "Tenho a certeza! Posso?".
Autch.
Relativiza: preferes uma caixa de ansiolíticos ou uma chupeta? Preferes um miúdo seguro ou uma pilha de nervos?
A resposta foi óbvia, portanto, a segurança voltou. A par de tudo o resto que falei em cima, mas sobretudo como fonte de segurança e conforto. Pede apenas para dormir, mas honestamente, se pedir no meio de uma situação emocionalmente mais frágil, estou-me pouco borrifando. Não posso exigir-lhe que saiba acalmar-se sozinho já amanhã. É um processo em construção.
Modos que os planos para hoje passam por: zero tarefas domésticas para mim, porque são sem dúvida o meu catalisador de turbo e ninguém morre porque a casa de banho não é limpa há dois dias e mais jogos de tabuleiro, slime ou outra actividade que o puto queira fazer. Sempre com calma. (Oh, céus, quase que sinto o espírito do ioga a fluir em mim... 🤦).
Evitar locais com potencial fonte de stress: centros comerciais, locais muito fechados e outros que tais.
Aprender, também, a abrandar e a gerir melhor a correria inevitável do dia a dia.
Se daqui a uma semana não virar buda reencarnado, juro que meto um processo ao fulano. 
Façam aí duas ou três inspirações profundas e abdomais por nós, sim? 
E abrandem também, aprendam comigo: ommmmmmmmmmm.