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A Caracol

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Texto 1

Como já vos disse, participei no CNEC - Campeanato Nacional de Escrita Criativa, do Chagas Freitas, este ano. Foi sol de pouca dura, quer pela motivação, como já expliquei, quer pelos temas (se acham os nossos desafiantes, deviam experimentar botar as retinas naqueles...). Esta foi a minha primeira participição. Não posso divulgar o tema - regras da organização - e valeu-me uns orgulhosos 46 pontos. 

 

- Outra vez de férias? 

- Meu, não me fodas a cabeça. Aquilo lá em cima está um autêntico inferno. Se eu soubesse o que sei hoje, jamais mandaria o meu mais velho cá para baixo. Ficava no comando e estava o castigo feito. 

- Sempre achei que fosses omnipotente…. – ironizou Carlos, consultando rapidamente as horas no Mont Blanc que sustinha no pulso. O amigo encolhera os ombros, bebendo um grande gole da sua cerveja. 

Pigarreando, Carlos retomou a conversa: 

- Deus, não me chamaste aqui só para discutirmos, outra vez, os teus poderes e qual a melhor forma de os utilizares, pois não? 

- Bom, na verdade não. Estou com um problema…

Carlos conteve o revirar de olhos, pedindo ao amigo para continuar.

- Sabes, estou farto disto. Farto, farto, farto. Há um terramoto, a culpa é minha. Um estupor conduz bêbado, em contra-mão, mata uma família inteira e a culpa é minha. O médico engana-se no diagnóstico, a culpa é minha. Até o degelo é culpa minha! 

- E então? Também te culpam por coisas boas… É a vantagem se seres… Tu. Não estou bem a ver qual é o problema, nem porque precisas de um advogado. Não me digas que os apóstolos voltaram a reivindicar retroactivos… 

Deus suspirou. Ao cabo de uns segundos prosseguiu:

- Quero reformar-me. Eternamente. Preciso de um advogado para me representar nas próximas reuniões do Conselho e que seja, ao mesmo tempo, capaz de o reestruturar. Quero ainda delimitar e conceder poderes, bens e regalias. Resumindo: quero bazar e deixar as coisas bem feitas. Não quero mais culpas. 

Carlos fitou-o, atónito, sem saber muito bem o que dizer. Por aquela é que não estava à espera…

- E então, ainda tens onde ir?