Juro que nunca haverei de compreender a proeza de enfiar as calças onde não é suposto elas entrarem.
Aquilo serve para quê exatamente?
Atrair o sexo oposto? Facilitar a ida ao ginocologista? Testar a resistência do tecido? Obter algum prazer?
Minha gente, há alguns casos que são autênticas lições de anatomia ao nível vulvar! Não se consegue manter uma conversa a olhar no rosto da pessoa, quando os outros lábios estão ali, palpipantes, separados por uma costura que os esborrachada contra as virilhas, num planalto de carne demasiado apertada.
E o tecido não fica com cheiro, quando enfiado lá para dentro à bruta? Só a pré-lavagem é capaz de conseguir resolver esse problema.
Espero que esta malta tenha máquinas eficientes. A eletrecidade está pela hora da morte.
A burocracia portuguesa é uma coisa espectacular! Nunca deixa de nos surpreender, seja pela quantidade de formulários que é necessário entregar, seja pela quantidade de serviços por onde a informação passa. E nós nunca vamos ao sítio certo. Ou é mais acima. Ou é mais abaixo. Ou é com o colega. Ou é na porta ao lado. Enfim, vamos sempre ao sítio errado, quais analfabetos que não sabem interpretar as regras simples do nosso sistema.
E a Segurança Social? Esse serviço espectacular, sempre tão acessível e esclarecedor! Ah, como é bom lá entrar e sentir que ali reina a harmonia que contribui para que a papelada seja devidamente tratada, sem demoras para o contribuinte. E como facilitam a vida a quem trabalha, recebendo sempre muito bem quem lá se apresenta muito perto da hora de fecho ou de almoço. São uma simpatia nestes casos, e podemos sempre contar com a sua calma para um atendimento esclarecedor e (d)eficiente.
Mas há algo em que nosso sistema é único: na capacidade que tem de fazer requisições para abonos, em nome de contribuintes que já não o são. Não acreditam? Deixem-me contar-vos o meu caso: Por esquecimento da médica de família, que só me passou a declaração a comprovar gravidez aí pelos 5 meses, requeri o abono pré-natal mais tarde, por volta daquele tempo gestacional. Até aqui, tudo muito bem, houve esquecimento por parte da médica (não a podemos julgar, eu também não gosto de dar prejuízo ao meu patrão),mas os papeis deram entrada na SS no mesmo dia em que foram emitidos.
Passados quase 2 meses, resolvi, assim como quem não quer a coisa, passar por lá a perguntar como estavam as coisas. Não que seja preciso, toda a gente que a SS funciona sempre bem e não é nada morosa. Adiante, lá fui eu perguntar se já se sabia alguma coisa, se o processo estava em andamento ou se era preciso empurra-lo. Depois de muito verificar, escutei o nome da senhora minha mãe. Respondo prontamente que sim, era descendente daquela utente, julgando tratar-se de uma verificação desse género. Mas não, meus caros. A requisição estava mesmo feita em nome da minha mãe! Não é espectacular? Uma pessoa já falecida poder fazer pedidos de abono? Eu acho uma habilidade fantástica por parte do nosso sistema, a possibilidade de se pedirem o que quer que seja em nome de um contribuinte já falecido e cujo o número de social social não deveria estar activo.
Isso é, defacto, o que me transcende: não me admirava se lá chegasse e me dissessem que, por lapso, o requerimento tinha entrado em nome da dona Silvina da Cruz, desde que a tal Silvina estivesse VIVA, que julgo ser um requisito básico para pedir o que quer que seja. Porém, pelos vistos é possível que os defuntos usufruam de abonos. Eu cá não sei, nem quero ser má língua, mas cheira-me que aquele pessoal anda ver demasiada Tv, nomeadamente uma certa série de mortos-vivos...
Vamos a saber, que raio de moda é esta de banho público?! Não é que tenha alguma coisa contra a higiene, que sou uma pessoa limpinha, mas quer-se dizer, lá no recato do lar, onde posso desafinar cantar à vontade e gritar com o homem porque deixou não deixou, outra vez, uma toalha no sítio.
Além disso, aquilo que se tornou viral (como é qu'isto pegou e alguém o faz, é coisa que transcende qualquer um) não é, efectivamente um banho público. Aquilo é uma encharcadela pública!
E depois, pelos vistos, ainda há quem tente ser original: podiam só levar com água, mas não também já há quem o faça com o espumante! Com espumante, imagine-se! A espumar fiquei eu! Que desperdício...
No entanto, e porque sou uma pessoa altamente imaginativa e estou aqui para vos ajudar, deixo aqui uma sugestão: sabem aqueles dias em que chove a potes, estamos gelados até aos ossos, o nosso guarda-chuva sucumbe ao vento e passa um carro MESMO na poça da berma e ficamos uns pintos molhados? Que tal ser o vosso próximo desafio, hmm? Vá lá, até era giro! Depois, ao invés de pedirem jantares, podiam contribuir para a insdústria farmacêutica, adquirindo paletes de paracetamol e outros que tais. Com um jeitinho, ainda ficavam uns dias em casa! Quem tem boas ideias, quem é? Não têm que agradecer! Estou cá para ver as vossas parvoeiras, tal como alguém lê as minhas. Temos que ser uns para os outros.
Nota: Os banhos publicos que refiro nada têm a ver com o Ice Bucket Challenge, que têm uma causa mais digna e não se limitam jantares à pala. Ainda assim, continuo a acha-los, no mínimo estranhos, mas se fazer parvoice ajuda, 'bora lá ser parvo!
Há dias, em conversa com a caríssima cunhada, esta confessou-me que não come francesinha com molho.
- Mas porquê? - pergunto assumindo que teria, com certeza, escutado mal.
- Porque não gosto. É estranho o molho e não gosto nada daquilo... - respondeu, em jeito de confissão.
- Então como é que a comes? Assim? Sem nada? A seco? - disparei, incrédula com semelhante revelação.
- Sim. - respondeu a cunhada, como se aquilo fosse tão normal como comer pizza sem queijo.
A sorte dela foi estar do outro lado da linha telefónica, senão acho lhe dava um enxerto de porrada e JURO que fazia comer uma francesinha, daquelas boas, ao jantar. Mesmo que não lhe apetecesse e fizesse birra. A ver se aprendia ou não aprendia a devorar a pequena francesa com gosto e com molho.
Mas como, COMO é que é possível alguém comer francesinha sem molho?!
Uma francesinha sem molho, é como uma pizza carbonara sem fiambre. É como Pudim de Abade de Priscos sem toucinho. Ou como bola de berlim sem creme. Não dá. Não funciona. Nem sequer devia ser permitido servirem sem molho e quem tivesse a ousadia, a infâmia, de a pedir assim, desmolhada, deveria ser multado e impedido de as comer durante um determinado período de tempo. Assim, sei lá, para o resto da vidinha.
A francesinha precisa do molho, é ele que une e funde todos os delicados ingredientes. É ele que derrete o queijo que a enfeita. É nele que molhamos alegremente as batatinhas fritas. É com ele que salpicamos a roupita quando enfardamos que nem uns alarves.
Francesinha sem molho não existe. Não passa de uma sande branquela e sem graça.
E não me venham com a treta de que sem molho é que se fica a perceber ao que sabe, e que o molho disfarça os outros sabores e rebéubéu pardais ao ninho. Sabem que mais? O sabor da francesinha É o molho. Ora atentem: o queijo já todos sabemos ao que sabe; o fiambre, a linguiça e a salsicha idem; o bife só leva sal. Portanto, digam-me lá onde está a dificuldade de distinção de sabores da francesinha? É no pão por acaso? Onde está aquilo que a distingue de uma mixórdia de ingredientes colocados entre duas fatias de pão, de uma das 10 melhores sandes do mundo? Está no MOLHO, pois claro.
Aquilo são 3 AVC's servidos de bandeja, é verdade, mas caramba se é para ter 3 AVC's, mais vale aproveitar tudo! Não há cá mordomias, dietas ou gourmets numa francesinha! Quanto mais pesado melhor!
Aqui a Caracol aprecia a bela da iguaria com tudo o que tem direito: batatinha frita (não, meus amigos, o pão não tem hidratos de carbono suficientes ;), ovinho estrelado no topo e molhinho! Muito molhinho! De preferência com a bela da Super Bock Stout para ajudar a empurrar a sandocha! Ou isso, ou Coca-Cola. Tudo em bom. Mas também, não se comem francesinhas todos os dias, não é verdade?
S., prometo um dia levar-te à melhor francesinha do Porto (a do Santiago) e rais me parta se não sais de lá a enfarda-las devidamente! :-P
(Mas só lá para dezembro, está bom? AVC's empratados não são a melhor dieta para grávidas.)
Francesinha apetitosa - para comer alegremente e sem peso de consciência ou contagem de calorias. Acompanhar com bebida do mesmo calibre.
Francesinha desmolhada, branquela e sem graça - NÃO pedir, nem comer. Não há bebida suficientemente má para acompanhar. Crime público e atentado à gastromia.
Não meus caros, não venho falar de defuntos, zombies, ou pessoinhas apáticas. Hoje, falo-vos de quem não tem uma vida.
Andava eu a passaretar pelo mundo dos blogues, quando páro n'A Pipoca.
A Pipoca, para quem não sabe (há alguém que não saiba?), é a Cleópatra dos blogues.
Queixava-se a autora do mais que famoso A Pipoca Mais Doce (se não conhecem, parem lá e divirtam-se!), neste texto, que os seus fãs - sim, porque para repararem em pormenores daquele calibre só podem ser fãs, ter página de fãs e ainda todo um altar pipoquiano na marquise lá de casa - melindram-se com a sinuosidade dos seus dentes! Ele há gente que não tem mesmo nada que fazer da vida!
Vou todos os dias ao blogue da Pipoca, é quase como abrir o facebook pela matina para ver as novidades, e nunca reparei nos dentes da moça. Nem no nariz. Nem em nada que não fossem os farrapos que costuma vestir, ou nos Loubotin que teima em trazer colados aos pés. Se calhar, sou só eu, que tenho marido, um enxoval a preparar, trabalho, casa para arrumar, cães para tratar, vida social para gerir... Na volta, sou eu, que tenho vida e a vivo com gosto, sem mesquinhices ou nhas-nhas desnecessários. Na volta, sou eu, que desdramatizo, relativizo e tento tornar pequeno o maior dos problemas. Na volta, sou eu que estou errada.
E certa está aquela pessoa, frustada pela vida, ou pelas escolhas que fez da vida, sem razão pela qual se levantar de manhã, sem amigos para sair, sem preocupação do que irá fazer para o jantar, se a EDP já foi paga, se vai chover porque deixou a roupa no estendal... Na volta, é essa pessoa que está certa que, sem ter nada com ocupar os miolos, esmiúça as vidas dos outros como se dela fossem e "corrige" o que gostaria de ver corrigido na sua.
Deve ser triste isto de não se ter vida.
Eu, que já tive uma vida de cão (desculpem-me lá o dramatismo, é só hoje), não trocava a minha por nada. Gosto dela, das lições que me ensinou e continua a ensinar, do cansaço ao final do dia, daqueles dias em que não apetece fazer nada e tudo está por fazer. Gosto do seu silêncio e do seu barulho, dos seus cinzentos e dos seus arco-iris.
Enfim, é uma vidinha comum e simples, mas eu gosto dela assim, que vou fazer?
Uma coisa é certa, se eu não tivesse vida, não escolheria a da Pipoca. Não é por nada, gosto bastante da moça, mas se é para não ser a minha, ao menos que seja em grande! Tipo, a Angelina, ou a Gisele Bundchen, que têm uns pernões do caraças e isso deve dar bastante jeito para partir alguns dentinhos alheios!
Pessoas que culpam deuses pelo mal que vai no mundo.
Acredito no Ser Humano, no que toca a entidades religiosas (ou divinas) já lhes perdi a fé, e não pelas rasteiras da vida, mas porque acredito que a religião, quando assumida, abraçada e pregada na sua integra, nos tolda o pensamento e a razão. Arrisco mesmo dizer, e perdoem-me os mais crentes, que contribui para a tacanhez.
Ora, o que não falta por aí são crentes, amaldiçoando todos os dias o "seu" deus. E isso, de facto, faz-me alguma espécie.
Se lhes acontece a mais extraordinária das coisas, é porque deus assim quis.
Se lhes desaba o céu ou lhes tiram o chão seguro que pisam, é porque deus assim o desejou e os seus desígnios são escritos por linhas tortas, mas sempre certeiros.
Eh pá, não é assim um bocadinho antagónico que "o" deus que vos criou, vos deu tudo de bom que têm na vida, seja o "mesmo" deus que vos leva os pais, irmãos, por vezes filhos, para "junto" dele? Ou que vos castigue, colocando-vos nas filas para o centro de emprego anos a fio?
Não é deus descrito na bíblia como "misericordioso e clemente, (..) abundante em benevolência e em verdade?" (Êxodo 34:6) Não é deus sinónimo de amor? (1 João 4:8) Então como podem acreditar que, do alto da sua bondade em dar-vos tudo, de repente lhe dê os cinco minutos e vos arranque o coração e continue a remexer na ferida aberta? Não faz sentido.
Eu cá - e perdoem-me os mais crentes a comparação - não ia gostar nada que me atirassem tudo para cima das costas, o bom e o mau. A meu ver, e só a meu ver, isto é um bocadinho como a projecção (enquanto mecanismo de defesa do ego): as nossas virtudes, conquistas, vitórias, defeitos, perdas e derrotas, não são feitos nossos, mas sim de outra pessoa, neste caso deus(es).
Se abrirem no vosso facebook e procurarem uma daquelas páginas (infelizmente) comuns de doentes, essencialmente os oncológicos, que procuram ajuda financeira, ou simplesmente algum apoio moral, irão deparar-se com centenas, senão mesmo milhares, de comentários envolvendo e colocando os infortúnios nas mãos de deuses:
"A "Adelaide" recuperou após o 55º ciclo de quimioterapia!"
"Deus permitiu essa grande vitória" (pergunta para barulho: e se ela não se tivesse submetido ao tratamento?)
"A "Mafalda" será hoje operada."
"Está nas mãos de deus" ou ainda "Deus guie os médicos" ou "Deus, porque permites tanto sofrimento e doenças más? Não é justo..."
"O "Tadeu" não resistiu e perdeu a sua batalha contra o cancro."
"Deus tem mais um anjinho com ele", "Foi porque deus assim quis", "Deus sabe escolher entre os melhores da terra" e outros que tais.
Reparem, e peço desculpa me expressei de forma a que pensassem isso, eu não tenho nada contra quem encontra auxílio e apoio espiritual na religião, acredito até que, em certos casos, o acreditar num ser supremo que olha por nós, transmita algum positivismo e melhore o ânimo do paciente. O que não está certo, é atribuir todos os cenários ao mesmo responsável.
E isto é muito mais notório aquando o óbito. Aí, e sobretudo quanto menor for a idade do defunto, deus é praticamente crucificado. Isto porque, e muito mal, entendemos a morte como uma derrota, seja médica ou pessoal. A verdade, porém, é que - e por muito que nos custe - a morte é um processo natural, não tem idade definida e é inevitável quando o corpo atinge o seu limite de sobrevivência.
"Nascemos para morrer", não é o que reza o ditado? Então porque continuam a culpar deuses?
Vamos pensar nisto? Mas não muito, só um bocadinho, está bem?