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A Caracol

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Conversas de balcão #3

Esta manhã, no café:

 

- Não sei como não tens calor. Com essa gola e essa malha toda à volta do pescoço. Puff, fico cheia de calor só de olhar para ti!

 

Eu também acho que o teu decote fornece demasiada informação, a tua saia demasiado curta e o casaco muito primaveril. Não sei como não tens frio.

- Estou bem assim. Quando chegar o calor, logo coloco roupa mais fresca.

 

#souumbambi

Conversas de balcão #2

Hoje de manhã, no café:

- Queria um café e um copo de água, se faz favor. - pediu a cliente ao meu lado.

Já fico com suores frios cada vez que vejo alguém beberricar água com o café, mas a fulana não precisava de ter acrescentado a seguinte explicação, que ninguém lhe tinha solicitado:

- Para arrefecer o cafezinho, sabe...

E eu respirei fundo, contei até 25 e recontei em decrescente até me passar a vontade de lhe afinfar um cachaço. Sorri-lhe, um sorriso amarelo, de (des)cortesia enquanto terminava o meu café curto, em chávena escaldada e sem açúcar.

Um café como deve ser, portanto.

 

Conversas de balcão

Se há coisa que aprecio no meu trabalho é a comunicação com o cliente - tirando os tinhosos e os eternos insatisfeitos. Gosto da troca de ideias, de argumentos parte a parte para este ou aquele produto. Também gosto  de os observar a trocar opiniões entre si, tentando falar com olhares e gestos, falando nas entrelinhas, pondo-nos um bocadinho de parte. Regra geral aprendo sempre algo novo com cada cliente.

Há dias, atendi um miúdo muito castiço. Novito, de origem angolana a estudar em Portugal, trouxe os amigos, também angolanos, para ajudar na árdua tarefa de escolher uma armação. O sotaque  angolano é por si só engraçado, mas lhe juntarmos uns miúdos a querer transparecer estilo são barrigadas de riso. No bom sentido, claro, que no atendimento não há gozos aos clientes. Põe esta armação, experimenta acoloutra, essa não te fica bem e tal e coiso e os moços saem-se com um django. E a conversa baseou-se em django para cima, django para baixo e não saía daquilo ao ritmo do põe e tira armação. Não resisti: - Miúdo, o Django não usava óculos. Excusado será dizer que diverti os miúdos com este comentário. Lá me explicaram que django é uma gíria angolana para descrever algo que não favorece, que fica mal, ou como um deles frisou: "que é podre, 'tás a ver?". E eu sim, estava mesmo a ver, mas era impossível não me lembrar do Libertado de Tarantino durante aquela conversa. =)