21h do dia 8 de março e o mulherio de-li-ra faminto. Há um mês que apenas comem ervas aromáticas e o estômago vibra de antecipação. O empregado indica as mesas que são imediatamente arrebatadas. O buffet é declarado aberto. É no vale tuddoooooooo! Há um cheiro no ar. O que é aquilo, minha gente? O que é aquilo?! RISSÓIS! São RRRRIIISSÓÓISS! Acabadinhos de fritar! A fila ainda vai extensa, será que vão sobrar para a mulher de lantejoulas? Será? Oh meu Deus! Incumprimento na fila! Como é possível! E o árbitro não diz nada! E ela continua. Um rissol, dois rissóis. TRÊS RISSÓIS para o prato gigante! Aí que nervos! Será que vai ver o cartão vermelho? Vai ser expulsa com toda a certeza e ainda vai ter que deixar os rissóis para outra. Que habilidade! Que reviravolta fantástica! Que chuto maravilhoso no âmago das invejosas pela gordura frita! A mulher regressa à sua mesa com a maior descontração. Que situação tão perigosa para o adversário! Espera, espera, espera! Mas o que é aquilo?! O que é aquilo?! É um remate do DJ! Ao lado! Caramba! Há homens aqui? Isso dá direito a expulsão direta! Mas ele continua, ele insiste, ele não desiste e finalmente...ah! Finalmente, muda a gravação apenas mulheres fazerem barulho. Wowowowoowow! Nova reviravolta! Que grande twist! Que grande penalidade no pé de dança! É o Panda! O PANDA! Ah, mas as mulheres não querem saber! Elas continuam. Elas põe a cabeça para trás. Os ombros para a frente. Os polegares para cima. É agora! É agora! É agora! Tchu tchua tchu tchua tchu tchua ua É a LOUCURA! Há ali um burburinho ao fundo. Novo ataque de um grupo pouco silencioso. Alguém recita o alfabeto. As canetas estão prontas e os cérebros aguçados. ela continua, ela segue, passa o D, chega ao G e STOP! É STOP! É STOP no XISSS! Que clássico incrível! Novamente à pista de dança. É a loucura! É o remate louco! É o tudo por tudo! É a bunda no chãooooooo!
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Fonixxxxx! Como é que aqueles gajos fazem isto parecer tão fácil? 🙄 Estou aqui há duas vidas e ainda só cheguei às 10 da noite! Mas acho que já perceberam a ideia. 😜🤪 Pequena nota editorial: tudo muito fraquinho a bater c'a 'bunda no chão'. Faço bem melhor só a tropeçar nos ácaros do chão. 🤣😂
Fui a uma Pink Party e sobrevivi para contar a história. Mesmo por unha negra, uma vez que me passou pela frente a terceira categoria e vi a minha vidinha toda a andar para trás. Literalmente.
Como sempre, podem contar comigo para toda a verdade sobre quem são e como são as mulheres, quando soltas à sua natureza numa sala carregada de estrogénio.
Atentem:
A Tiró-pé-do-chão
Ela tenta, resiste com todas as forças, mas não consegue. Ainda a procissão vai no adro, a sopa a ser servida e já os seus dedos tamborilam na mesa ao som da batida musical. Pouco lhe importa se é pimba, se é samba, se é forró, se é folclore. Mal se ouvem os primeiros acordes há todo um click pavloviano que se inicia e só desliga bem depois da festa terminar.
A #firstworldproblems
Toda a gente comenta o decote da moça roliça do gabinete de contabilidade do8° andar*, o vestido vermelho berrante e curtérrimo de fulana* ou as contorcionistas em poses fotográficas*, quando esta mulher atira um: "Então e a guerra na Síria? Vocês já viram? Não se percebe como ninguém põe fim àquilo...". Quando chamada atenção para detalhes verdadeiramente importantes, como a troca de olhares entre duas mulheres em mesas opostas capaz de incêndiar toda a floresta amazónica, necessita de um esquema desenhado com um gráfico de excel e uma explicação científica de Stephen Hawking.
A Kamikaze das sobremesas
Não se metam com ela ou mata-vos ali, sem dó nem piedade. É capaz de vos afiambrar com o prato de sobremesa (onde empilhará fatias de bolo como se fosse um jogo de Tetris) maneja a faca e o garfo como um samurai e se tiverem a ousadia de colocar a ponta do pé à sua frente, mesmo que seja só para pegar na colher de sobremesa, levam com um toque no ombro e um olhar à ninja que claramente a mensagem: "Não vais comer bolo de brigadeiro antes de mim ou sou capaz de te arrancar os dentes à colherada."
A das fotos
Ainda ninguém sentou o rabo para jantar e já a das fotos esgotou o primeiro cartão de memória do telemóvel. Traz sempre várias recargas e a powerbank é a sua melhor amiga. Há imensos detalhes que quer recordar para sempre, como a cor das toalhas ou o bordado dos guardanapos e dispara mais clicks por minuto que uma kalashnikov na frente de batalha.
A Esquiva
Conhece o caminho para a casa de banho como a palma da sua mão. É perita a evitar os trilhos manhosos da pista de dança, assolapando o rabo na cadeira para não mais levantar. Bebe mais água que um camelo consegue armazenar nas duas bossas, para assim desculpar as repetidas idas ao WC e reza para que este tenha sempre fila do tamanho de uma Anaconda gigante. Consegue esquivar-se à maior parte das coreografias que todas sabem de cor, não sabe que quem vem lá "É o ritmo do amor" (até porque isso é coisa um bocado íntima) e é sempre a primeira a dar de frosques, acrescentado outro adjectivo a esta categoria: a tinhosice. Quase ninguém dá conta da sua presença na festa, a não ser quando a empurram para a pista e demonstra toda a sua fluidez natural de corpo de granito, mas todas sabem que lá esteve - até porque está a escrever isto.
E é isto, maizómenos, que se passa numa festa destas. O resto... Bom, o que se passa entre mulheres, fica entre mulheres. 😏