Dia Internacional do Riso
Hoje, ao invés de (tentar) fazer rir, quero saber: o que vos faz rir?
Sou pessoa de riso fácil e faço-o (quase) por tudo e por nada. No entanto, para mim, torna-se mais fácil rir da desgraça, do negro, do dia mau, da dor que incomoda, do exame que cria ansiedade ou até da morte. Vejo no riso o ansiolítico fácil de engolir e a gargalhada ainda é o meu melhor ibuprofeno.
Aquela corrida é muito dura? Duas ou três graçolas atenuam mais as dores nas pernas do que o voltaren e tornam mais plana a mais íngreme das subidas (só é válido depois. Durante só queremos mesmo falecer)
Acordaste de mal com a vida, com os dois pés de fora e está um frio que te gela o tutano? Ainda não viste o teu cabelo... Quando te vires ao espelho vais perceber e soltar uma gargalhada pelo terrível aspecto de quem alberga um ninho de toupeiras endiabradas no couro cabeludo.
O tendão de Aquiles inflama, fazes asneira na tentativa de tratamento e acabas com dois pés inutilizados? Ri-te e escreve-lhe meia dúzia de cartas, lembrando-te que podia sempre pior e teres que amputar os dois pés. Ou na volta isso até era a solução ideal.
A morte bateu à porta e levou alguém querido? Sorri ao relembrares o quão felizes foram juntos - não vai eliminar a dor, mas vai torná-la mais suportável.
Ri daquela borbulha no nariz que o disforma ou das calças que rasgaram quando te baixaste para apanhar o último euro que fugiu da carteira.
O riso desvaloriza a dor sem a ignorar nem menosprezar.
Se me aliciarem com propostas milionárias de sucesso onde apenas tenha que deixar de ser parva... Não quero, obrigada. Quero poder continuar a rir da minha azelhice diária, das pouca habilidade com que fui abençoada e do negro dos meus dias.
Porque enquanto eu souber e conseguir rir do que me enfraquece, vou ter força para me tornar mais forte.
Esta viagem é só de ida, se tornarmos caminho divertido o fim será menos agoniante.