Há dias que não são dias
São dias em que não me sinto eu, ou tão eu. Sou apenas uma espécie de vaso quebrado com super cola que ao mínimo balanço fica novamente em cacos. Dias em que ligo o piloto automático e faço por fazer, para evitar (ainda mais) a apatia. Dias em que me esforço por fazer valer a pena, por construir memórias, partilhando tempo, gargalhadas e sorrisos. São dias em que espero, do fundo do meu egoísmo, que ninguém me fale. Que não me desejem bons dias, boas tardes e que não me perguntem casualmente como estou, porque estarei bem, estou sempre bem - mesmo quando tenho a alma estilhaçada. São dias em que sinto profundamente enganada: garantem que o tempo cura tudo. É mentira. O tempo só abranda a melancolia e transforma a chama agitada numa moínha conínua. São dias em que me refugio (ainda mais) no humor, sendo também dias de falta dele.
Há dias que não são dias, já cantavam os Deolinda.
Estes são só mais uns...