Depressão faceboquiana
Andava desanimada.
Abatida.
Sentia um vazio enorme no peito e uma ansiedade inexplicável de cada vez que abria o meu perfil de facebook.
Sempre a mesma coisa.
Foram dias (três) disto.
Nem um gosto, nem um comentáriozinho simplório, nem um risonho. Nada de nada.
Estive quase a sucumbir ao tédio, à tristeza profunda e afogar todas as minhas lágrimas numa taça de chocapic, uma vez que o álcool não me é permitido.
Na segunda, um texto simples, com algum humor, a contar A novidade.
Nada.
Talvez pela hora tardia, talvez porque ninguém quer ler, talvez não tivessem visto...
Terça de manhã, uma daquelas imagens que se lêem em 10 segundos e cujo contexto se assimila em 20...
Mais uma vez: nada.
Algo não estava bem, eu sabia, sentia no meu íntimo que havia qualquer coisa errada.
Eu sei que não sou vedeta e que a minha vidinha comum pouco interessa ao pessoal, mas uma pessoa habitua-se a ter 3 gostos que até estranha quando não tem nenhum!
Verifiquei, pela enésima vez a minha conta. Tudo normal. Tudo nos conformes.
Mas que mal teria eu feito para ser assim, ignorada? Será que a minha conta estava bloqueada e não me tinha apercebido?
Verifiquei a privacidade das publicações, uma a uma. E lá estava. O cerne da questão. O centro de toda a minha amargura faceboquiana: Publicações - Só tu.
Ok.
Para que raio quereria eu uma conta de facebook só para mim?! E como raio é que isto aconteceu?! Se não quisesse que ninguém visse e quisesse escrever somente para mim arranjava um diário e escondia-o! Olha qu'isto!
Vamos a saber: onde posso efectuar a minha reclamação e quiçá pedir indemnização por danos morais?
Por acaso, senhor-dono-do-facebook, sabe a quantidade de calorias e açúcares que contém uma taça de chocapic? Sabe que não se deve fazer isto a uma grávida, sujeitá-la assim a pressões deste género, deixa-la a pensar que ninguém no mundo quer saber da sua vidinha comum? Hmm? Estou muito chateada consigo!! Tão chateada, que sou bem capaz de fazer greve faceboquiana durante 5 horas. Não se meta com as minhas hormonas! Não é uma ameaça, é um aviso. Estamos entendidos?