Tiago, segundo mais velho num total de 8 irmãos, encontrou no desporto o escape para uma família conturbada e a força necessária para ultrapassar algumas fases menos boas que a vida lhe deu. Um entrevista que se revelou mais pessoal e atribulada do que as desportivas que costumam aparecer por aqui, mas que vale (muito!) a pena ler.
Apertem os cordões e sentem aqui ao pé de nós:
Desde que me conheço faço desporto. Era uma forma de fugir dos meus problemas em casa – a minha mãe era ex alcoólica e isso trazia muitos problemas para casa.
Imaginava o desporto como um trampolim, sonhando ser um jogador de topo. E pensava assim poder ajudar meus irmãos.
Fale-nos um bocadinho sobre essa época no futebol.
A minha primeira época num clube de futebol foi em 2003/2004, no Futebol Clube Cesarence e começou apenas porque o pai de uma amiga me ofereceu boleia: o filho dele jogava lá e ele ofereceu se para me levar.
Acabei de por conseguir ficar porque os treinadores gostaram de mim.
Antes disto, do futebol, fiz ainda uma época de atletismo, onde ganhei alguns troféus e um corta-mato escolar. Era capaz de jogar futebol à segunda, à quarta e à sexta feira. Treinos de atletismo à terça e quinta feira. Jogar futebol com amigos sábado à tarde e jogar pela minha equipa ao domingo.
Tudo para fugir de casa, mas sempre me preocupei com meus irmãos mais novos: levando-os à escola e cuidando deles.
Neste momento, faço em média três treinos semanais.
O que mais o marcou durante essa época?
O momento que mais me marcou na vida, foi aos 14 anos, no mesmo ano da morte do Feher, senti-me mal a jogar futebol com amigos. Estaríamos no mês de Outubro de 2004, um sábado.
Sendo eu uma pessoa um pouco cismática, comecei alimentar um medo de ter algo e começou uma longa caminhada contra uma depressão, onde também se juntou a ansiedade que me fazia ir parar ao hospital 2 a 3 vezes por semana. Nunca me foi detectado nada, mas o medo de me acontecer alguma coisa estava sempre ao virar da esquina.
Lá consegui fazer mais 2 épocas, lutando contra meus medos, porque tinha o medo maior de deixar os meus irmãos sozinhos.
Quando terminou o futebol, o que seguiu?
Aos 17 anos, optei por deixar o futebol. Tinha começado a trabalhar para ajudar em casa, não tinha transporte para os treinos… Mas sei que, lá no fundo, foram os meus medos que ganharam sobre mim.
Mais tarde, devido a problemas em casa, acabei por ir viver com a minha avó, até que o meu pai adoeceu com tuberculose.
Senti que tinha de fazer algo por ele visto ter deixado a minha casa, pelo que, durante 3meses, todos os dias, fui ao hospital visitá-lo. Falhei 1dia…
Isso fez- me não pensar tanto na ausência do futebol.
Graças a Deus, ele ainda é vivo hoje.
Entretanto, passei a viver sozinho arrendando uma casa, trabalhando na restauração em part-time e numa fábrica a full-time.
Sem tempo para pensar nos meus medos.
Até que em 2014 me foi diagnosticada tuberculose.
Fui forte e superei. Só aí comecei a ver o quanto tinha sido irracional em relação aos meus medos. Só me apetecia sair dali e voltar a correr.
Conseguiu voltar ao desporto?
Sim, graças a Deus. Apesar de na recuperação ter feito 4 pneumotorax, tendo inclusive que ser operado.
Passado algum tempo, retomei uns jogos de futebol com amigos.
Numa semana de férias, fiz uma corrida que surgiu por brincadeira.
O vício voltou e então decidi mudar de vida. Deixei a restauração, que me ocupava algum tempo, arranjei um emprego que me permitisse fins de semana livres para fazer algumas provas, como por exemplo: uma meia maratona em 1h36 e um terceiro lugar nos Trilhos Termais em Espinho, na distância de 15km, em junho deste ano. Acho que, no final, quem luta sempre alcança.
Por fim, pedia-lhe que classifica-se o desporto numa só palavra e justificasse a resposta.
Resiliência - porque tenho superado algumas pequenas batalhas. A maior contra mim próprio as vezes.
* * * * *
Muito obrigada ao Tiago pelo tempo que dedicou a contar-nos um pouco da sua história.
Se quiserem partilhar as vossas histórias desportivas e participar nesta rubrica, podem enviar e-mail para: accaracol@sapo.pt.
Há já muito tempo que não convidava ninguém para duas de letras, não é verdade? Para hoje, convenci o Pedro a conversar um bocadinho sobre desporto e exercício - e sabe deus o quão caro vou pagar por isto.
Não se iludam pelo aspecto juvenil e inofensivo: em menos de três segundos desfaz-vos os pulmões e deixa o vosso sistema músculo-esquelético reduzido a cinzas, sem dó nem piedade.
Viu mais Festivais da Eurovisão do que os anos que tem de vida e se lhe perguntarem quem foi o vencedor em 1992 é menino para acertar sem hesitar, mas não sem antes vos "pedir" gentilmente cinco séries de bíceps à coelhinho.
Ora prestem lá atenção ao que o rapaz tem para dizer:
Pedro, jovem, larga aí os halteres de 27.5kg e senta-te aqui um bocadinho. Vou ser breve e indolor, prometo.
Comecemos pelo princípio: há quanto tempo te dedicas ao desporto?
O desporto apareceu desde cedo na minha vida, comecei por observar vários jogos de futebol quando ainda mal sabia caminhar e o resto fez parte do meu crescimento: comecei no andebol aos 8 anos, mas foi o bichinho do futebol que me levou do pavilhão para o relvado! Foram 14 anos que terminaram agora.
Quanto ao resto do desporto: entrei no 10º ano já com a ideia de entrar em desporto na universidade. Relativamente ao ginásio/fitness: sou apaixonado pelo culto do corpo, pela capacidade de superação constante, pela transcendência.
Dedico-me de corpo e alma ao desporto desde os 8 anos de idade.
E quando decidiste que querias fazer disto vida?
Acho que o que mais me influenciou na escolha foram os bons exemplos dos meus professores de Educação Fisíca: a postura, a alegria no trabalho, as roupas bonitas do fitness, os carros desportivos, os corpos trabalhados, tudo isso fez me querer ser igual a eles!
Agora quero tornar-me a Cátia*, na versão masculina.
(Provalmente só a malta do ginásio vai perceber esta referência. Quem vai lendo regularmente, também. ;) )
ME-DO! No entanto - e dada minha vasta experiência em matéria de coças e tareias fit's - posso afiançar-te: estás no bom caminho. ;)
No nosso lado, o dos alunos, é quase tudo difícil e inatingível levando-nos a ficar facilmente frustrados por não conseguirmos concretizar um exercício ou atingir um objectivo. De que forma tentas lidar com essa frustração?
Antes de isso acontecer, tento antecipar e evitar esse estado: tento arranjar exercícios que os alunos possam e consigam realizar, porque considero que os objectivos de cada aluno devem ser pensados e idealizados para no fim serem alcançados. Quando tal não acontece, tento adaptar os exercícios para os alunos conseguirem fazer. Acho também que a capacidade de comunicar e tentar explicar o porquê de certos "fracassos" ajudam as pessoas a lidar melhor com a "derrota".
Já falei sobre o antes e o depois do exercício, contudo também durante o exercício penso que os estímulos que emito são muito importantes: o elogio, as pequenas correcções, o olhar, a sinalética do "fixe", o falar mais alto, tudo isso contribuí para que o aluno dê o seu melhor.
A melhor maneira de lidar com a frustração é desvalorizá-la, já que será sempre momentânea, valorizando com reforço positivo os eixos, para que desta forma os alunos começaram a olhar para a frustração como momentos de aprendizagem.
Por vezes ensinar alguém a praticar exercício pode ser verdadeiramente frustrante (digo eu que há dois anos que tento e ainda não aprendi praticamente nada) não só para o aluno, como já referi, mas também para o professor, certo? O que mais te irrita durante um treino, no aluno?
O que mais me irrita no treino curiosamente, não é o facto de as pessoas não conseguirem fazer os exercícios, pois considero que não são obrigadas a saber fazer bem. O que mais me irrita é o uso da expressão "eu não consigo fazer"/"não vou fazer", antes sequer de ter experimentado! Este problema advém do pensamento e do modo de pensar a vida, que para mim diverge daquilo que adopto: pensamento forte, indestrutível, que sou capaz, que consigo e que luto para atingir o céu!
Culpada! Ups. Sorry.
Imagina lá agora que o fitness é um gelado. Qual é o teu sabor favorito?
Pergunta difícil...
Acho que estou numa crise existencial de meia idade.
Contudo, acho que o meu "gelado" favorito é a musculação! Sou apaixonado por aquilo... Adoro ajudar as pessoas a atingirem os seus objectivos, ajudar em pequenas coisas, pequenas correcções.
As aulas de grupo completam-me e são o momento de libertação total, estou ali focado só naquilo e tento transmitir os meus sentimentos para os alunos, fazê-los sentir a minha energia!
Se pudesse fazer o meu "gelado favorito" seria: base de "sabor" a musculação com umas pepitas de cada outro "sabor". É para isso que luto todos os dias!
Ter 24 anos e liderar aulas com malta de várias idades não deve ser pêra doce. Qual foi, para ti que és ainda jovem e mais ainda nesta área, o maior desafio profissional?
Nas aulas de grupo e na sala de musculação o modo como lidas com as diferentes faixas etárias é fundamental para conseguir abranger, de forma completa, as necessidades de todas elas. Mais "brincadeira" com os mais novos, mais "seriedade" com os adultos jovens e mais "educação" com "fofura/respeito" com os mais idosos. Acho que com este equilíbrio tudo se consegue, independentemente da idade cronológica, já que tenho como lema: "a idade é apenas um número".
O maior desafio que já senti - e espero sentir até ao fim - é transmitir a minha evolução e o meu trabalho bem feito aos alunos. O meu objectivo é mostrar o meu trabalho e esperar que eles o apreciem, desfrutem e idolatrem. Quero ter um crescimento constante ao longo da minha carreira.
Oh, isso percebeu-se no zumba... Não é qualquer professor que se dispõe a aprender e mais: a fazer coisas que gosta menos perante os alunos.
Falaste atrás sobre o futebol, revelando uma grande paixão pela modalidade. Queres falar-nos um bocadinho sobre a tua época aurea no futebol?
Eu adoro desafios, não nego nenhum! E… Até gostei do zumba.
A minha época áurea no futebol aconteceu com 16/17 anos, altura em que levava o futebol muito a sério e era o meu único foco. Treinava como um animal: deitava-me cedo antes de treinos e jogos, alimentava-me decentemente e tentava ser o mais profissional possível. Jogava no clube da minha terra, SC "Os Dragões Sandinenses, era capitão de equipa e tinha muitas responsabilidades dentro do grupo de trabalho.
A nível colectivo ficamos num honroso 3º lugar e a nível individual marquei 46 golos ao longo da época (a minha posição era avançado, sendo esta a minha melhor marca). Após essa excelente época fui convidado para jogar no Salgueiros, onde fui campeão, sendo este o melhor ano a nível colectivo, pois nunca tinha conseguido conquistar nada. Após esse ano, aconteceu a subida a sénior e regressei ao meu clube base, onde passei 5 excelentes anos que terminaram agora. Nestes 5 anos percebi que acontecem muitas coisas no futebol que não são desporto, que não basta treinares bem e jogares bem - existem muitos factores externos, muitos interesses pessoais que mancham o desporto. Por isso, o meu interesse e foco no desporto de competição, nomeadamente o Futebol, foi-se desvanecendo.
Chiça! Caramba, 46 golos é espectacular! Digo eu que em a minha vida só marquei um e foi autogolo.
Esses 46 golos ainda são recorde no clube!
Apesar de teres começado a trabalha há pouco tempo, e de estares praticamente em inicio de carreira há alguma situação que te tenha marcado?
Aspecto positivo? Marcou-me ter tido uma aula de circuito às 20h30 em que os alunos não puderam tirar mais senhas porque atingi o limite estabelecido.
Uau! E aposto que pederiam por mais. ;)
Por fim, gostaria que definisses o teu trabalho, a tua paixão pelo desporto, numa só palavra.
A palavra que mais resume a minha paixão e o meu trabalho talvez seja dedicação - primeiro porque adoro o que faço e segundo porque quero ser melhor a cada dia que passa. Não tenho limites e só com dedicação constante ao que faço posso transcender-me.
Obriagada jovem Pedro! Foi um gosto ter-te por cá e continuo a achar que deverias considerar seriamente abrir um blogue. ;)
Vai andando, vai andando que eu já vou lá ter. Sê gentil, por favor.
Foi talvez das coisas mais giras e divertidas que tive o privilégio de participar..
Em amplitude talvez esteja ali a par da prenda para a Mula, onde consegui (saberá deus como) juntar 25 alminhas para dar uma prendar de casamento entre bloggers. Doze de nós - se não me falham as contas - continuamos ligados à conta disto. Umas das ideias mais idiotas que tive e que pensei, sinceramente, não dar em nada.
Lembram-se de vos ter falado, semana passa, de estar metida num projecto absorvente e que pouco tempo me sobrava para o resto? Pois bem, já vos posso falar sobre ele. (Ou um deles, vá)
Há uns tempos, meia dúzia de compinchas fit tiveram uma ideia. Ideia que deu origem a uma caricatura (porque uma de nós é familiar do ilustrador e o sugeriu) para umas pessoas fixolas - estas pessoas. Já não me lembro da ideia original, do que lhe deu origem ou porque nos juntamos, sei que, de repente, tínhamos uma caricatura e não fazíamos puto de ideia como a entregar. Surgiu a ideia de um vídeo. Ok, muito lindo, e apresentamos o vídeo onde? No facebook? Não tinha graça.
Todos os anos, de há três para cá, por alturas do mês de novembro, o ginásio realiza a pomposa "Gala de Globos Fitness" - assim uma cena bué supimpa e com pompa e circunstância. Ficou decidido que entregaríamos a prenda e um miminho ao restante staff, nesse dia. Estaríamos no começo de setembro.
O vídeo era ambicioso: reportar todo o staff de um ginásio para um grupo mafioso procurado por várias polícias internacionais. E não nos chegava só o enredo: precisávamos de testemunhos de "vítimas". Fotografias de várias pessoas, no ginásio, com um quadro ou uma folha de papel onde o classificariam numa palavra - houve malta que entusiasmou e estendeu a palavra a pequenas frases.
Ora bem, nós não estamos sempre no ginásio e quando lá estamos, regra geral, os boss's também estão, logo íamos precisar de agentes à paisana. Uma de nós, a que tem mais lábia para estas lides, tratou de indrominar o sistema a nosso favor e, de repente, as fotografias começaram a chegar à nossa caixa de mensagens. Uma e outra e outra e outra e outra, num total de 48 retratos. Pode parecer pouco, mas é imenso tendo em conta o tempo. Ainda tiramos mais algumas nos balneários e o meu cacifo, ainda que não tendo sido alugado com este propósito, deu um jeito do caraças para guardar o material (o quadro, o giz, algumas folhas e um marcador). Como é óbvio, coloquei-lhe um aloquete e dividi as diversas chaves por mim, por mais uma compincha e uma outra na recepção do ginásio - não fosse o diabo tecê-las e perdermos as chaves, nada que não eu não fosse capaz de fazer... :P Assim conseguíamos mais pessoas, já que não vamos no mesmo horário e teríamos sempre acesso ao material. Ah, e como é óbvio omitimos aos fotógrafos à paisana a real intenção das fotografias. Sabiam que era para uma surpresa, mas não sabiam que estariam englobados nela. Há relatos de fotografias difíceis - sei de quem teve inclusive de tirar fotos na casa de banho dado o constante cirandar da boss no balneário feminino. :P Pela minha parte, não houve grandes peripécias (a não ser as duas vezes em quase, quase!, me enganei no destinatário de uma mensagem com conteúdo comprometedor) mas os meus banhos eram sempre imensamente demorados. Quase o tempo para tomar dois ou três banhos. E sim, não fiz aulas que gosto (assim de repente lembro-me do HIIT ou da corrida) para poder apanhar malta que fazia outras aulas e que estaria no balneário nesse tempo.
A meu cargo ficaram os textos com as descrições de cada um dos elementos da "Máfia", bem como dos crimes por eles perpetuados. Problema: não conhecia todos os elementos do staff, nomeadamente o professor de zumba. Alguém teria que ir a uma aula, já que nenhuma de nós o conhecia. Tirámos à sorte e calhou-e ma mim - mentira, fui praticamente empurrada por elas, que me deixaram sozinha numa aula de zumba, sem saber para que lado mexer os pés. Ricas amigas, estão cá dentro. Pelo meio, fui pondo o olho à aula de zumba kids (que termina no exacto momento em que chego ao ginásio, à sexta feira), para poder descrever maizómenos a professora. O único elemento que nenhuma de nós conhecia tão bem, era apenas o professor de taekwondo, mas com uma ou outra descrição de quem o viu a dar aulas, a coisa acabou por se fazer.
A uma semana da gala (que decorreu sábado passado) decidimos mudar o programa de vídeo. Não que estivesse mal ou feio, mas pereceu-nos um nadita " ultrapassado". Pedimos opinião externa à cúmplice que nos ia passar o vídeo na festa e depois do seu aval positivo recomeçamos. Tudo. Outra vez. A pouco menos de uma semana, não sei se já disse. Nunca dormi tão pouco na minha vida. E, em boa verdade, nunca estive tão nervosa como naquele momento em que o vídeo começou a passar. E se ninguém gostasse? E ninguém se risse? E se dispersassem a atenção? O vídeo era longo (quase 9 minutos), tentamos encurtar ao máximo, mas não era possível mais ou cortávamos partes importantes. Conseguir manter cerca de 200 pessoas presas a uma tela durante 9 minutos foi... Incrível. O que vou dizer a seguir poderá parecer cinismo, mas não é: foi o melhor prémio que poderia trazer para casa (ainda não tinha contado aqui, mas estava nomeada para revelação feminina). Os silêncios, as gargalhadas, a expectativa, os "ohhhhhhhhhh's" quando surgiu o underboss, o apogeu de loucura quando entraram os "boss's", a colega de mesa que me segredou " isto tem mão tua, não tem? Só pode ter.." Foi um orgulho imenso pelo nosso trabalho. Por estarem de facto a usufruir, a viver aquilo que fizemos com dedicação e carinho. Pestanejei várias vezes para não lacrimejar. Foi absolutamente incrível.
Sei que já vos disse em privado, mas nunca é demais: foi um enorme prazer trabalhar convosco. Obrigada por confiarem quase cegamente na minha mente criativa (e um nadita parva), por me darem carta branca a quase tudo e, claro, por me aturarem, que não foi nada fácil, eu sei. Um obrigada especial ainda a quem nos ajudou externamente, sobretudo em momentos de pânico (isto funciona como? Como é que faço aquilo? E isto?) e todos aqueles que, sem hesitar e sem saber, tornaram isto possível.
Deixo-vos a caricatura sublime e muito, muito bem captada pelo ilustrador Pedro Silva, tendo como base este texto e bitaites vários de um pequeno grupo de compinchas. E claro, o MaduMáfia. Fujam, eles andem aí.
Cumprimenta-nos sempre com um "cá mais cinco!", trata-nos por atletas e devolve-nos sempre o sorriso à saída. Não se deixem enganar pelo ar simpático, duas de letra, meia dúzia de abdominais e uns agachamentos e encosta-nos às boxes em três tempos.
Está sempre disponível para ajudar, tem uma imaginação do caraças para elaborar os desafios semanais e dá treino personalizado.
Hoje, no tasco, o Nuno. Professor no ginásio que frequento e que tantas voltas me dá à cabeça com o quadro dos desafios. (E eu a dar uma de Daniel Oliveira, hã? :D)
Nuno, jovem, larga aí o bosu e senta-te aqui comigo. Conta-me cá: já te dedicas há muito tempo ao desporto?
Desde miúdo que gostei sempre de praticar desporto. As brincadeiras passavam também muito por jogos em que a actividade física estava inerente. O primeiro foi natação, para aprender a nadar, depois passei pelo hóquei, futebol, atletismo...
E sempre soubeste que querias fazer disto vida ou foi algo que foi surgindo?
Sempre gostei de Deporto, mas não achava que ia fazer disto vida... Durante o secundário tive muitas dúvidas, porque também era bom com os números, mas depois decidi que era "ensinar desporto" que queria. E tirei a licenciatura em Desporto e Mestrado em Ensino da Educação física.
Nós, alunos, dizemos que vocês são do demo, que saíram dos confins dos infernos só para nos fazer sofrer... Mas, não é bem assim. Também há o outro lado. Fala me um bocadinho dele, qual é, para ti, a parte mais difícil de ensinar desporto?
Ahahaha nós não temos prazer em fazer "sofrer" ninguém, mas para um bom despendido energético e para atingir alguns objectivos temos de nos esforçar, assim como fazemos para outras coisas.
Como deves ter percebido, a minha principal formação não foi em Fitness, mas sim em ensino. Só há dois anos decidi que iria ter mais oportunidades nesta área e tirei uma formação em treino funcional para PT.
Respondendo mais precisamente à tua questão: o mais difícil de ensinar é perceber que tipo de pessoas temos à nossa frente para sabermos a melhor forma de incutir o conhecimento ou movimento.
O que mais te irrita enquanto professor durante um treino?
Como é uma coisa que adoro, pouca coisa me irrita... Mas talvez o facto da pessoa não querer aprender.
E o não perceber o exercício de todo? O ter de explicar uma e outra vez? (Como tanta vez acontece...)
Não me irrita minimamente... Todos nós temos os nossos handicaps, e nem todos fomos feitos para ser atletas. Se tiver que explicar várias vezes e de várias formas não terei problemas com isso.
Há bocado mencionaste que a tua área é o ensino e não o fitness. Afinal, o que diferencia a educação física do fitness? Não me digas que o fitness é mais duro... A aulas de educação física também eram tramadas.
A educação física foi criada para se ensinar principalmente nas escolas às crianças. São abordados vários desportos colectivos e individuais
Enquanto que o Fitness é uma forma de as pessoas poderem fazer actividade física de uma forma mais prática e eficaz para os seus objectivos... Ambas têm como principal objectivo a promoção dos hábitos de vida saudável
Enquanto PT, tens uma trabalho mais meticuloso do que, por exemplo, um professor de aulas de grupo. Ou não?
Sim e não...
Usando a palavra que usaste, um professor de aulas de grupo tem de ser mais "meticuloso" com a sua execução (a sua própria performance) enquanto que um PT tem de ser mais exigente com a execução do seu aluno.
Respondendo à segunda pergunta, um treino personalizado é realizado com base nas patologias e objectivos dos alunos, em que o PT consegue que a pessoa faça com maior rigor e intensidade... Mas não é só este treino que faz toda a diferença.
Então? Já sei, já sei... Vais falar em calorias, certo?
Não, não! Não tem nada a haver com isso...
O trabalho de um bom PT é muito mais do que dar um bom treino.
Para eu ter a certeza que o meu cliente vai atingir o seu objectivo, preciso de saber se anda a comer bem, se faz a aula de grupo devia fazer, se faz o trabalho complementar na sala de musculação, se anda a descansar o que deve... Se não conseguir controlar estas coisas, quase de certeza que não conseguirá chegar onde quer.
Por exemplo, ainda hoje liguei a um cliente que faltou a uma aula de grupo que lhe tinha recomendado, para saber se estava tudo bem e quando vai compensar isso.
Preciso também de saber se a pessoa está bem. Se andar deprimida ou com algum problema, pode não render no treino e descarregar na comida.
Portanto, o trabalho de PT é um complemento, é isso?
O trabalho ou o treino de PT?
Estou confusa... Não é a mesma coisa? O trabalho e o treino de PT?
O treino de PT é aquilo que toda a gente gente vê... Mas com um cliente eu tenho mais "trabalho" do que esse treino. Tenho de controlar toda a semana dele no que diz respeito a hábitos de vida saudável. Ex: se faz as refeições que deve, se descansa as horas devidas, a mudança constante de plano de treino se treinar na sala sozinho, saber sempre se o cliente fica com alguma dor que não é normal, saber se o cliente está com algum problema, porque se tiver vai começar a faltar aos treinos, vai desmotivar, vai facilitar na comida.... Traço também planos de treino quando alguns clientes vão de férias ou eu vou de férias...
Portanto, esse treino, com PT, é um complemento ao restante...
Não diria um completo, mas sim uma parte do trabalho semanal que só fará sentido se tudo o resto que te falei funcionar.
Imagino que, enquanto PT, tenhas de lidar várias vezes com a frustração. O não conseguir determinado objectivo ou a execução de um exercício. De que forma tentas ajudar a contorna-las?
Cada pessoa tem as suas particularidades e não funcionamos todos da mesma forma. Daí nem sempre os resultados são os mais esperados. Quando isso ocorre, preciso de rapidamente encontrar o problema e uma solução para não fugir das metas traçadas inicialmente.
Trabalhas nisto há um tempinho, lidas com muita gente... Há alguma situação peculiar que te tenha marcado?
Todos os clientes me marcaram, porque acabo por entrar na vida deles... Mas existiram algumas situações mais peculiares. Posso te dar dois exemplos:
- Tive um senhor, noutro ginásio, com os seus 70 anos, que tem um tumor na cabeça e tem de estar sempre vigiado. Era um pouco sisudo e durante um treino confessou-me que tinha saudades de jogar squash.... Fui para casa a pensar naquilo. No treino seguinte, montei um campo de squash numa sala de aula de grupo e levei raquetes para jogar. Nunca tinha visto o senhor a sorrir tanto! E sempre que passava por mim sorria dessa forma porque se lembrava dessa hora. Ainda hoje tenho o vídeo desse treino.
- Houve uma outra senhora que descobri não saber andar de bicicleta e não descansei enquanto não a ensinei...
E depois há várias outras pessoas, que têm várias patologias e tenho de ter muita atenção à prescrição e correcção dos exercícios.
Já deu para perceber que gostas mesmo do que fazes, Nuno. Se pudesses descrever o teu trabalho (ou o desporto, se preferires) numa só palavra, qual usarias?
Sonhos... Uma das pessoas responsáveis pela minha formação, disse-me uma vez que uma das nossas funções é realizar sonhos. E por vezes sinto que faço isso.
De certeza que sim Nuno! E aposto que marcas todos aqueles que contigo se cruzaram. Quase - mas só quase - que me conseguiste convencer a marcar um treino contigo. Felizmente que ainda tenho algum juízo. :P
Depois da Páscoa - e dos exageros - nada melhor que retomar (e intensificar) a atividade fisíca. Para que não vos falte motivação, convidei dois compinchas (dos valentes, hã?) para duas de letras.
Um desafio, porque são dois ao mesmo tempo, que culminou numa conversa intimista e deliciosa.
A vossa atenção à Maria João e ao António, por favor.
Agora que a Páscoa já terminou e estamos todos a precisar de malhar (de novo), contem-me lá: há quanto tempo começaram a fazer exercício e porque decidiram dar o primeiro passo?
MJ: Eu sempre fiz desporto, desde criança, apesar de sempre ter tido excesso de peso! Passei pela ginástica, depois pela natação, andebol e por fim inscrevi-me no ginásio, por volta dos 14 anos. Mas só há cerca de um ano é que estou no Madugym.
A: Eu sempre adorei e pratiquei desporto. Desde os 5 anos que joguei futebol federado. Até aos 18 nunca tive problemas de engordar. Depois, por culpa de trabalho e por ter deixado de praticar tão assiduamente, aumentei bastante o meu peso. Chegando a uma estupidez de 115kg.
Wowowowowow.... 115kg?! Tu?! Caramba...Como é que sempre praticando desporto, se deixa de ter tempo para ele?
A: Yap. 115!!! Emergência mesmo… No meu caso deixei por um tempo, mais tarde retomei a jogar futebol com os amigos ao fim de semana e comecei a praticar BTT. Às vezes era falta de tempo, ou falta de vontade e também desmotivação. 115 kg não são muito motivadores na prática de qualquer desporto.
Acredito... Até porque não tens o mesmo rendimento. Conseguiste perder quanto em quanto tempo?
A: Exactamente. Até que me "caiu a ficha": comecei a ter mais controlo na boca e comecei a dar mais uso à minha menina (bicicleta). Fazia controlo de peso todos os dias! Tinha objectivo de ter sempre menos, nem que fosse 50grms! Ao fim de ano e meio tinha menos 30kg, mas muito fraco em rendimento. Faltava pulmão e definir mais músculo.
Além da mais que notória perda de peso, notaram mais benefícios em fazer exercício regularmente?
A: Sim, notam-se bastantes diferenças em coisas que por vezes nem damos conta, como andar mais calmo, descansar melhor… A resistência aumenta bastante nas tarefas do dia a dia.
MJ: A primeira foi deixar de sentir falta de ar ao apertar as sapatilhas - que vergonha dizer isto com a minha idade! Agora a sério, ajudou em situações práticas do dia a dia como carregar os sacos das compras; ajudou a aumentar a motivação para deixar de fumar (não fazia muito sentido fazer exercício e depois mandar abaixo uns cigarros); melhorou a qualidade do sono; ajudou a diminuir a minha tendência depressiva; ajudou a aumentar a auto-estima, a descobrir capacidades que não sabia que tinha; promoveu o estabelecimento de laços de amizade (muito importantes de momento) e deixou o bichinho da superação a funcionar (porque acima de tudo eu compito comigo mesma e não com os outros) para tentar alcançar novas metas a cada dia.
Não fazia sentido nenhum (fumares) e ainda bem que deixaste. A propósito do bichinho da superação, ainda bem que falas nisso: entranhou logo ou ainda esteve em banho maria algum tempo?
MJ: Eu inscrevi-me no ginásio determinada a mudar o meu corpo. Uma vez que já tinha perdido tanto peso, estava na altura de complementar esse trabalho! No primeiro dia fiz 3 aulas: jump, power e cycle. Só agora, recentemente, soube que na passagem para a terceira, quando a Cátia me viu a tirar senha foi à Filipa dizer: “aquela miúda nova, a Maria João, fez jump e power e veio tirar senha para o cycle, não lhe vai dar o fanico?” Voltando ao que estava a dizer, eu entrei determinada e quando tive contacto com a Cátia pensei: "Quero ser como tu". Tornou-se como um ídolo para mim, aquela irmã mais velha que eu nunca tive ou algo do género... Mas por outro lado pensava: ela é uma força da natureza, eu nunca vou ter a energia dela! Portanto, acho que o bichinho da superação acordou no dia em que entrei e vi que tinha ali uma grande inspiração, alguém à altura para me ajudar a alcançar os objetivos! Mas, quando esse bichinho vinha, sentia as dores musculares que tu própria já conheces, ficava em coma e só pensava: isto não é para mim!
Tu és completamente doida!!! Três aulas seguidas?! TRÊS?! Quantos sacos de açúcar emborcaste? E mexias te no dia seguinte ou ficaste em estado vegetativo?
MJ: 3!!! Nenhum! Mexia, com alguma dificuldade as pernas, mas mexia. Tanto mexia que devo ter ido treinar no dia seguinte.
E a ti António, a febre do exercício pegou logo ou resististe até ao fim?
A: No meu caso não foi bem o resistir, até porque a menina Cátia não deixa. Mas a superação que a MJ fala também aconteceu comigo. Por exemplo: hoje tens 20kg na barra e estás no limite (julgas tu). No outro dia, ouves a Cátia a perguntar "que peso é esse?" E lá vão mais 5kg. Depois dás contigo a aumentar 10/12kg ao que pensavas ser o limite. Então pensas: afinal consigo isto e muito mais. Depois todo o ambiente que se formou no ginásio: o espírito de entre ajuda, os desafios que nos colocam, os amigos que fazemos, tudo isso faz com que queiras atingir objectivos para teu bem e também um pouco como forma de agradecimento por tudo o que fazem por ti e pelas pessoas que são. Neste momento não me via a estar parado sem fazer exercício.
Barra... 20kg...isso existe?! A última vez fiz com 10 e tive tantas saudades dos meus 7...(Sou uma fraquinha, eu sei.)
Vocês são dois, a motivação para continuar e não faltar é a dobrar ou pelo contrário, é mais fácil ceder à preguiça?
MJ: Acho que é a dobrar! Há fases em que um anda mais motivado que o outro e acaba por arrastar o que está preguiçoso.
A: Exactamente. Assino por baixo a resposta da MJ.
Foi difícil, no início, inserir a rotina do exercício? De que forma o conseguem inserir na vossa vida?
A: Não achei muito complicado. Uma questão de adaptação e prioridades. Depois as amizades que fizemos, juntamente com o ambiente do ginásio faz com que nos sintamos bem e parece que estamos sempre à espera da hora de lá voltar.
MJ: Não foi difícil. Primeiro pela oferta de aulas do ginásio, depois porque como ambos somos sócios, acabamos por até ir juntos e não temos de abdicar de estarmos juntos para ir ao ginásio. Assim ninguém sente que é deixado para trás por causa dos treinos. E tal como o Tozé disse, como atualmente o nosso grupo de amigos passa um pouco por alguns outros sócios, quando marcamos convívios é depois do treino.
Neste tempo todo, já perderam os quilogramas que tinham estipulado?
MJ: Eu cheguei a perder peso a mais! Houve uma altura que cheguei aos 49,5kg e a coisa já estava a descambar, mas depois consegui encontrar um equilíbrio! Agora o que acontece é que já não me guio tanto pela balança, guio-me mais pela roupa. Porque a massa muscular é mais pesada que a gorda e uma pessoa às vezes pensa que está muito bem e se vai à balança desanima. Acima de tudo o importante é estarmos saudáveis e sentirmo-nos bem para podermos viver a vida! Em tempos já fui "escrava" do meu corpo: evitava certos sítios e certos convívios ou então ia e comia comida de grilo, enquanto os outros comiam francesinha. Mas a vida é muito curta para lhe colocarmos restrições que nos fazem infelizes. Como um dos maiores prazeres da vida para mim é estar à mesa com os amigos... Há que treinar para compensar!
A: Eu ainda não atingi o peso que pretendia. até pelo contrário cheguei a aumentar. Talvez pelo que a MJ diz em relação ao peso da massa muscular vs massa gorda. A realidade é mesmo essa: a roupa agora é que manda e não a balança.
E em termos de treino, algum objectivo estipulado para este ano? Eu tinha a Petrus, por exemplo, mas neste momento gostava mesmo, mesmo de Conseguir aumentar o número de flexões, morro antes das 10…
MJ: Em termos de treino acho que não, só se for aumentar aos km'S que corro ou diminuir o tempo que demoro a correr 10km, que é o meu máximo até agora.
A: No que diz respeito ao treino é tipo cada vez mais e melhor. Quando começaram estas doenças das corridas, conforme o que fazia antes estipulei fazer os 10km em menos que uma hora. Consegui logo à primeira. Pareceu-me muito básico. Fui melhorando Agora tenho um objectivo em mente que é fazer os 10km em menos de 40 minutos. Mas com calma…
Caramba... Menos de uma hora para 10km, logo à primeira é muito nice! Parabéns.
A propósito, doenças das corridas é muito bom! E pega se…
A: A MJ se não me engano também conseguiu menos de 1h. Não foi Ju?
MJ: Fiz 10km em 58 minutos.
Caraças! Parabéns MJ!
Vamos imaginar que do outro lado do ecrã nos lê a mais sedentária das pessoas. E ainda por cima como um pacote de batatas fritas enquanto mexe os olhos. Como a tentariam convencer a ir treinar convosco?
MJ: Pergunta difícil! Eu acho que lhe mostrava a minha foto do antes e depois de perder os meus 25kg, dizia-lhe: se eu consegui, tu também consegues! Deixa de te matar a cada dia que passa com esse sedentarismo e com esses maus hábitos alimentares e vem descobrir aquilo que o teu corpo é capaz de fazer e sentir o bem estar da mudança! Acho difícil motivares alguém que necessite de mudar, acho que podes consciencializar a pessoa do seu estado e dos riscos que corre, mas se a pessoa não estiver intrinsecamente motivada, não muda! Eu tinha consciência de como estava, mas o meu estado emocional fazia com que eu me estivesse a matar aos poucos diariamente… Através da alimentação, do tabaco, das muitas horas que passava na cama - todas as que podia.
A: Eu acho que independentemente de dizer algo, temos de tocar no coração. Mostrava as fotos com as mudanças que tive e dizia todas as coisas boas que acontecem com o exercício, porque não é só a nível físico que temos vantagens mas também a nível psicológico. É uma questão de começar, experimentar e sentir os benefícios de uma vida activa e saudável. Primeiro estranha-se, mas depois entranha-se.
Um grande, grande obrigada ao simpático casal que tão prontamente acedeu ao convite, pela simpatia, boa disposição e motivação que trouxeram até este tasquinho. Boa sorte para esses objectivos!
Ora, ora, finalmente um homem decidiu vir dar duas de letra comigo! (Foi só a mim que isto soou estranho?) Estava a ver que só as mulheres é que eram atletas...
O Joaquim, compincha de ginásio, acedeu ao meu singelo pedido e concedeu-me dois dedos de conversa. Nunca treinei com ele, mas admiro-lhe a preserverança e coragem em enfrentar os desafios que lhe são propostos.
Atentem só:
Joaquim, diz me lá, há quanto tempo frequentas o ginásio e porque decidiste começar?
Frequento o gináio desde Abril de 2016. Decidi começar a treinar por ter excesso de peso e por motivos de saúde.
Mas já fazias desporto ou começaste do zero? (fazer zapping no sofá, não conta...)
Comecei do zero!
E gostavas de exercício e "não tinhas tempo" ou odiavas mexer-te?
Sempre gostei muito de desporto. Jogava futebol de salão com os meus amigos, uma vez por semana, mas depois da minha filha nascer fiquei um pouco sem tempo e, claro, comecei a engordar. Recentemente fazia caminhadas e corridas nos passadiços à beira mar.
Mais do que eu, que só fazia natação para bebés. Como conseguiste (e vais conseguindo) inserir o desporto na tua rotina diária/semanal?
Quando andava a correr nos passadiços, já corria de Espinho a Miramar e de Miramar Espinho. Cheguei a perder muito peso nessa altura, aí há três anos, mas ganhei líquido no joelho direito e tive que parar.
Agora já estou bem.
O trabalho que tenho, permite que possa ter algum tempo para ir ao ginásio. Quando tenho o dia livre vou durante o dia, à tarde ou de manhã, para poder estar com a minha filha e com a minha mulher ao fim da tarde. Quando ando a trabalhar vou ao fim da tarde levar as tareias da Cátia.
Não falemos de tareias, por favor, já passou uma semana da última e ainda estou marcada. Em termos de dia a dia, situações do quotidiano, notas que o exercício regular te trouxe mais qualidade de vida?
Claro que sim, é muito bom nos sentimos em forma, a auto estima está em alta sinto me muito feliz!
Sei que, por razões de saúde, não pudeste participar na corrida do demo lá da terra, que seria um dos teus objectivos para este ano. Tens mais algum?( Seja em exercício ou em peso)
O meu principal objectivo é ir a Fátima a pé e talvez, se me sentir bem, fazer alguma prova com o pessoal lá do ginásio. Quanto ao meu peso, não quero perder mais sinto me muito bem.
Apesar de praticares desporto antes, a tua atividade física regular é recente. Fala-nos um bocadinho dessa rua experiência. O bichinho entranhou logo? Ou ainda esteve a marinar um pedaço?
Nunca tinha frequentado nenhum ginásio, não sabia o que estava à minha espera. No primeiro treino com o Madu, sem fazer grandes exercícios, senti-me mal, quase desmaiava... (mesmo!) Senti-me mesmo muito mal, o Madu deitou-me no chão, abanou a toalha para fazer vento e fiquei mais aliviado. Pensava que não iria conseguir continuar, mas o Madu disse que era normal sentir-me assim porque não estava habituado. Foi um começo um pouco mau, mas a minha vontade de perder peso era enorme e com determinação consegui melhorar dia para dia. Primeiro na sala de musculação e depois as aulas da Cátia. Ai as aulas da Cátia! No princípio andava sempre espalmado, depois habituei-me e tornou-se vício até hoje!
Conheço o vício... Felizmente ou infelizmente, ainda estarei para conseguir determinar. Imagina agora que do outro lado do ecrã, nos lê um preguiçoso do pior, enquanto enfarda alegremente um pacote de batatas fritas. Como o tentarias convencer a ir contigo ao ginásio?
Tentaria convencer com a minha mudança. Mostraria as fotos de quando era mais gordinho para ver o resultado e convencendo que pode alcançar resultados rápidos, com muita força de vontade e determinação.
Já aconselhei algumas pessoas! Elas viram-me mais magro e perguntaram o que eu fiz para emagrecer!
Um grande obrigada Joaquim, por este bocadinho e por teres aceite o convite tão rapidamente!