Se a Imaculada Concepção fosse hoje #2
Na sua missão de encontrar uma incubadora para o Patrão, Gabriel percorre arduamente perfis do Instagram. Passou-lhe pela cabeça falar com a Rita Pereira, mas rapidamente percebeu que afinal a moçoila já estava grávida e não tinha apenas enfardado uma feijoada mais puxadita ao almoço. Pena, porque a gaiata tinha bons genes e iria dar um primogénito bonitinho e fácil de idolatrar. Por outro lado, o cachopo iria ser alimentado a barras proteicas da Prozis durante os primeiros anos e com um jeitinho até teria o seu próprio código de desconto que isto temos que rentabilizar os miúdos e educar para o valor ao dinheirinho porque ele não cai do céu nem vem em pacotes da MRW.
Desiludido, fechou o instagram e abriu o facebook. Deu consigo a fazer scrolldown sem ler metade das publicações, quando se deteve numa publicação do Noticias ao Minuto sobre uma declaração aparentemente homofóbica de um qualquer conhecido da TV. A publicação contava já mais de 338 comentários, mas dado que que já tinha perdido meia hora em nada, Gabriel guardou a publicação para os ler mais tarde.
Mudou para o LinkDin, mas rapidamente percebeu que ali não se passava nada.
Seguiu-se uma viagem rápida pelo twitter onde depressa percebeu que que aquilo funciona quase como um asilo aos expatriados pelo facebook. O facebook crucifica, o instagram aplaude apedrejamentos públicos, o twitter acolhe perfis de refugiados que conseguem sobreviver à perseguição do politicamente correto.
Desalentado e já a temer o sermão que teria que ouvir do Patrão por mais um dia perdido, Gabriel decidiu colocar as asas ao caminho e decidiu voltar à velha guarda: camuflou-se no meio da multidão que seguia apressada, sem vida e com rumo da rotina.
O comboio chegou a horas, facto extraordinário para aquela empresa ferroviária, gerando uma onda de alegria espontânea e milhares de desabafos em forma de post nas redes sociais.
Foi aí, no meio da multidão exaurida e acelerada que Gabriel a viu.