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Desculpa por ontem.
Sei que não foi fácil e que é muita coisa para absorver num tão curto espaço de tempo, mas não deixes que isso te faça desistir de nós.
Adorei cada segundo que estivemos juntos, mesmo naqueles em que mudaste de direcção numa amálgama de braços e pernas desgovernados e desorientados. A culpa foi minha: não te avisei como seria desta vez. Perdoa por isso também.
Por favor, não tenhas medo de me magoar. Eu mereço e aguento a tua frustração com a elasticidade que precisares. Tu mandas, eu apenas cedo à tua vontade.
Magoa-me que me ignores quando te peço para acelerar. A adrenalina faz parte da minha natureza e eu sei, pela forma como ficaste ofegante, que também faz parte da tua. Não tenhas medo: prometo não te deixar desamparada e serei sempre a rede que amparará a tua queda.
Palpitar contigo foi a melhor hora da minha noite e fizeste de mim o trampolim mais feliz de todos.
Não me vires as costas, por favor. És tu que dás mais brilho às minhas molas e por ti cedo até ao chão.
Perdoa-me por ontem, prometo que vamos conseguir melhorar juntos.
Sempre teu,
JUMP
Fui a uma aula de Jump.
Eu sei, eu sei o que vocês estão a pensar, até porque eu pensei o mesmo: oh, são só uns tranpolins, uns saltinhos para cima e para baixo e está feito.
Não é meus amigos, não é. Eu já vos tinha dito que o trampolim era o primogénito do demonio. Hoje não me restam dúvidas que tenho razão.
O primeiro sinal, onde devia ter escutado a campainha que soou na minha cabeça, foi metade da turma estar com calções. Agoiro de que muito suor ia correr, muita gordura se ia derreter. Não falhou: ainda não tinham passado cinco minutos e já eu sonhava com sopas e descanso - e amargurava baixinho por não ter vestido também uns calções.
Como se eu não estivesse apreensiva o suficiente, a professora pediu para verificarmos os pés do trampolim, a ver se estava tudo bem preso. Várias coisas me passaram pela cabeça nesse momento, entre as quais o número do cangalheiro mais próximo. Acabou por não ser preciso, felizmente a aula acabou a tempo.
Caloira naquela aula, foi-me explicado que não era suposto saltar no trampolim, a ideia era empurra-lo para o chão.
Faço aqui uma pausa para vos alertar: gente, escutem o que vos digo o trampolim é forte. É o Van Dame do material de fitness. Não queiram brincar ao braço de ferro com ele, vão sair perdedores e com umas dores dos diabos nas pernas. Quem vos avisa...
Ali a 15 minutos depois de começar, já eu sentia os níveis de açúcar de descer para níveis perigosíssimos, a professora grita a plenos pulmões: "DUPLOS!!!!!!!" Suspirei de alivio! Finalmente era a altura de pausa, certamente serviriam uns cafés duplos para repor energia... Afinal era para repetir o exercício duas vezes. Amaldiçoei-me por ter alinhado nesta loucura, se já é difícil coordenar levantar um pé depois do outro imagine-se a dificuldade de o fazer duas vezes! Ia-me esbardalhando pelo menos 59x, fora aquelas em que encravei as sapatilhas nos elásticos. E contar? Aquilo é malta que conta muito rápido, mesmo sendo só até dois. Ainda eu estava a levantar um pé, a concentrar-me para não cair, a pensar que a seguir era o mesmo pé e só depois passava ao outro e já eles iam no duplo do segundo pé.
Comecei a sonhar com halteres e bolas de 6kg, fazendo-lhes juras de amor eterno, quando vi o pessoal a benzer-se. Temi pela minha própria vida - e pelo chão - quando começamos a correr vertiginosamente. Bom, a parte do vertiginosamente talvez não se aplique à minha pessoa, mas o objectivo era quase fazer cycling, sem bicicleta, em cima do trampolim.
Foi mais ou menos assim que que fiquei, mas sem tanto tempo para penar ou sequer gritar.
No geral, posso dizer que a coisa correu bem: consegui não cair, consegui fazer pelo menos um terço do que era esperado e consegui não falecer, que era o objectivo principal. Mas sabem o que aprendi, o mais importante de tudo? O trampolim é um ótimo banquinho. E é tudo aquilo que se pode pedir no final de uma aula destas.