25 de abril
Dizer "bom dia" ao vizinho, se medo que ele possa ser comunista.
Ouvir a música que se quer, mesmo a letra seja uma sátira ao Governo.
"Sim, mas..." - apenas sim, sem o mas.
"Eu não penso assim" - vamos ver se não pensas.
Vestir o que se quer, como se quer. Mesmo que se provoque ataques de epilepsia com os padrões e cores berrantes.
Usar biquíni, fato de banho ou aquelas tiras de pano que gostam de chamar trikinis.
Não há orações obrigatórias na escolas.
Não existiriam páginas como esta (bom, se calhar não é um bom ponto), até porque eu não teria direito a um telemóvel e viveria eternamente dona de casa.
No tempo do Salazar é que era bom, não era? Ah, que saudades daquela falta de liberdade básica. De ter de pedir licença para tudo e ai de mim que não cumprimentasse o agente de autoridade (ou que ele julgasse que não, mesmo que eu jurasse que sim). Isso é que eram bons tempos!
O povo tem, realmente, memória muito curta. E o pior é que grande parte dos que pedem o retorno de Salazar, qual rei d. Sebastião, na realidade não fazem a mais pequena ideia do que é viver numa ditadura.
Eu também não faço, mas nem quero sonhar como será. A História é suficiente para eu saber que não quero e que não é algo que se deva sentir falta.
Ao contrário do que afirmam falsos bajuladores do Estado Novo, não temos 'liberdade a mais', apenas não a sabemos utilizar devidamente. Mas isso já são outros quinhentos. 😉
Por isso sim: viva o 25 de abril!
Para que nunca se esqueça que o antigamente, rapidamente vira actual e que o passado, facilmente se torna presente.