Saudosos dos Mães (Im)Perfeitas?
A rubrica recomeça hoje, com uma convidada especial, muito simpática e com um grande sentido de humor.
Curiosos?
Espreitem, daqui a pouco aqui.
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A rubrica recomeça hoje, com uma convidada especial, muito simpática e com um grande sentido de humor.
Curiosos?
Espreitem, daqui a pouco aqui.
Sou a Vera, tenho 30 anos e fui mãe aos 21 de um menino chamado Rodrigo, com 9 anos.
Ui... Já é grandinho o Rodrigo, achei que era mais novito. Estava aqui pronta para te perguntar pelas birras, mas se calhar já não tens direito a tantas. Ou tens? Lembraste de alguma gira para partilhar?
Birras? Sim, todos os dias há birras lá em casa.
O Rodrigo é uma criança de extremos, com uma personalidade forte e tenta sempre vencer a dele. Como tem a quem sair, claro, a mãe não lhe facilita a vida e ouve muitas vezes o "NÂO!".
Lembro-me de uma birra recente, nu aniversário de uma amigo em que ficou muito chateado por ser o primeiro a vir embora. Mal entrou no carro chorou, esperneou, gritou, fez chantagem, enfim trinta por uma linha.
Ah, que birra tão bonita! Mesmo daquelas de levantar o volume capilar a qualquer mãe.Tens alguma táctica infalível para lidar com as teimosias?
Entre nós os dois há muita conversa, digo-lhe que quero ser a melhor amiga dele, tento-lhe explicar o bom e o mau das situações. Por norma, ele acaba por ver que está a fazer mal, muda a postura e acaba a birra. Em último recurso - e por vezes fundamental - entra o castigo.
A maternidade é um desafio constante, as birras são apenas uma parte, não achas?
Sem dúvida que o maior desafio da maternidade é educar É um desafio todos os dias e fico sempre com a dúvida se estarei correta.
Estamos em sintonia. Daqui a uns anos e olhando para trás, como esperas que o Rodrigo te recorde?
Com muita ternura, como uma amiga que está ao lado dele para tudo.
Trabalhas com crianças todo o santo dia, quarenta horas por semana. Sentes que isso te ajuda na qualidade de mãe ou nem por isso?
Nem por isso.
A única coisa positiva é a experiência e aprendizagem que temos todos os dias.
Tudo o resto é bastante complicado. Chego a casa já sem paciência, psicologicamente cansada, farta de barulho e o Rodrigo acaba por levar um pouco por tabela. Tenho que admitir que há dias em se ele falar um pouco mais alto, fico possuída e não tolero nada.
O que de melhor tens aprendido nisto da maternidade?
Aprendi a dar o devido valor à palavra "mãe".
Sinto que, enquanto filha, podia ter demonstrado à minha mãe o quanto a amo. Tenho muita dificuldade em demonstrar os meus sentimentos, principalmente a ela.
Para terminar, se tivesses que definir a maternidade numa só palavra, qual escolherias?
Vida.
É o Rodrigo que me alimenta e me dá forças para continuar esta caminhada.
Obrigada Vera!
Um beijinho aqui da blogozona para ti. :)
Mais uma voltinha, mais uma mamã. De dois e com um cargo de chefia. Isto promete, hã?
O meu nome é Suzana, sou diretora técnica de creche e jardim de infância e acumulo a função de educadora.
Tenho dois filhos: o Pedro, que é um doce de menino, um pouco mais calmo que a sua irmã, mas muito teimoso e a Sofia que é uma menina amorosa, cheia de energia e um pouco possessiva. São duas crianças curiosas, gostam de correr, saltar, andar de bicicleta, de jogar à bola, mas acima de tudo gostam de estar um com o outro.
Suzana, sendo os teus filhos mais maiorzitos, suponho que a fase das birras tenha passado. Ou nem por isso?
Sim, eles já são crescidinhos. Sinto que estão a crescer depressa demais! As birras propriamente ditas, com muito choro e barulho, estão a ficar para trás, embora existam, pontualmente, situações semelhantes que apesar de normalmente não serem tão ruidosas, eles mostram o desagrado através de expressões muito fechadas, algumas lágrimas à mistura e argumentam muito apelando ao lado emocional.
Em pequenos - e mesmo agora em graúdos - como lidavas com as birras?
Quando eram mais pequenos, tentava acalma-los, mas sempre fui firme. Um sim era sempre um sim e um não era sempre um não, independentemente da intensidade da birra.
E existiram algumas verdadeiramente complicadas...
Agora são mais crescidos, continuo a manter a firmeza da minha decisão inicial, explicando os motivos e as razões. Às vezes são diálogos um pouco acesos. Por vezes, conseguem perceber e termina ali a situação. Em alguns casos mais complicados, apesar dos meus esforços, ficam zangados. No entanto, como percebem que isso não altera nada, depressa vai modificando.
Sendo o Pedro e a Sofia já mais autónomos, tens a gestão do tempo facilitada?
Pois, essa é uma questão delicada. Seria de esperar que sim, mas dou-me conta de que as coisas vão-se complicando. Já passou a fase de ser um desgaste físico muito grande e sem nenhum tempo para mais nada, afinal a diferença de idades é de 3 anos e meio.
Agora eles são os dois autónomos, mas cada vez mais tenho que gerir o meu tempo entre atividades deles e por vezes até por aquilo que chamo "a sua agenda social", como os aniversários, por exemplo. Já nem falo na rotina diária.
O meu segredo, chamesmo-lhe assim, é aendar muito bem todo o meu tempo livre entre tarefas domesticas, o Pedro e a Sofia. Já vão participando em algumas tarefas lá em casa, o que já é uma ajuda. De resto, improviso está sempre na ordem do dia.
Consideras a tua atividade profissional uma mais valia na maternidade? Ou nem por isso?
Não. Se há coisa que cedo me apercebi, logo após ter sido mãe pela primeira vez, é que não era naquele momento a educadora de infância, mas sim mãe e com as ansiedades, as questões e os desejos que qualquer outra mãe com outra profissão teria. E por isso mesmo foi e é uma relação muito normal com questões, dúvidas, com momentos bons, momentos difíceis. Enfim, tudo igual a qualquer outra...
Queres partilhar connosco um momento que te tenha marcado enquanto mãe?
Isso é difícil. Tem sido uma viagem muito gratificante, muito plena de pequenos momentos felizes, menos felizes, mas todos eles muito importantes. Fazem parte da nossa caminhada. Realmente, a maternidade é algo único, insubstituível e não consigo eleger um momento em detrimento de muitos outros tão ou mais importantes.
O Pedro e a Sofia são duas crianças únicas, especiais, com diferentes personalidades, mas que se completam. Cada dia que passa esse é o sentimento que muito me deixa satisfeita e feliz.
Por fim Suzana, consegues definir a maternidade numa só palavra?
Uma só palavra... Partilha.
A minha vida mudou quando me tornei mãe e tive que partilhar tudo desde o inicio. Partilhar o meu corpo, o meu tempo, as minhas emoções, a minha vida... Tem sido uma partilha constante. E que bela partilha que tem sido!
Muito obrigada Suzana por este bocadinho de conversa!
Sexta é dia de conversa entre mamãs e hoje veio cá a Nay (estive em casa dela na segunda, é favor lá darem uma saltada).
Sou "Nay", mãe de um ser perfeito, pelo menos aos meus olhos, que é a Miss.Moony.Sempre disse que não queria outro filho porque acho que esgotei a minha sorte à primeira e a verdade é que não estou nada arrependida!
Hoje, como já é habitual, convidei alguém fora da blogozona para este cantinho. Ora atentem:
Olá sou a Sónia, 34 anos, educadora de infância e tenho uma linda filha, a Salomé de 4 anos.
Bem-vinda Sónia, a este meu humilde espaço. Vamos começar com aquele tema sempre interessante e capaz de nos pôr os cabelos em pé: as birras. Ocorre-te alguma que a Salomé tenha feito?
Sim, lembro-me de várias. Até porque minha filha é muito teimosa... Contudo, não posso dizer que foram daquelas mesmo feias ao ponto de se deitar no chão, de gritar ou de me bater.
Sorte a tua. O meu, com 17 meses, é muito dramático nas birras.
Como costumas lidar com elas?
Tento que ela oiça o porquê de ouvir um não. Se não resultar, respiro fundo e faço de conta que nem estou a ver, nem ouvir a birra.... Quando se acalma, converso com ela.
Sendo educadora de infância, suponho que ao final do dia a tua paciência esteja próxima do zero. Como tentas gerir isso?
Tendo já trabalhado com as idades todas de creche e jardim de infância, acho que se torna mais difícil gerir a paciência trabalhando com idades mais tenras, pois choram muito mais, não são tão autónomos e são um pouco mais egocêntricos com os brinquedos.
Tento explicar à Salomé o porquê de haver um dia ou outro que a mãe está mais cansada, mas fico sempre um pouco a brincar com ela para que entenda que tenho tempo para ela e para as minhas coisas.
Conta-nos um episódio que te tenhas marcado enquanto mãe.
Quando ela tinha 8/9 meses, já não me recordo ao certo, adormecia sempre bem, mas nessa noite estava um pouco mais aborrecida. Como já não mamava no peito, dei-lhe um pouco de leite que foi recusado. Tentei novamente e bebeu-o sem problema. Esperei que arrotasse e deitei-a. Passado mais ou menos uma hora, quando me ia deitar olhei para ela e estava toda vomitada, cheia de sopa e leite. era no nariz, nas orelhas, no cabelo, tudo! Pensei que tivesse sufocado e fiquei paralisada durante uns segundos, mas "acordei" e sentei-a chamando-a normalmente para não se assustar. Quando abriu os olho, esfregou-se toda e eu desatei a chorar, abraçando-a com toda a força. O maior susto da minha vida!
Faço ideia! Não foi comigo e até eu me assustei.
Qual aquela que consideras ser a maior dificuldade nesta aventura da maternidade?
Explicar o porquê de lhe responder não a determinada coisa e ter paciência depois de um dia de trabalho para birras e choros.
O de tens aprendido nesta jornada?
Um amor diferente e que afinal tenho mais paciência do que julgava.
Por fim Sónia, és capaz de me descrever a maternidade numa só palavra?
Sonho. A maternidade é um amor inexplicável, é um misto de emoções, é uma descoberta diária. Para mim, foi um sonho de vida que consegui tornar realidade.
Muito obrigada Sónia por teres aceite este convite e teres dispensado um pouco do teu tempo para esta conversa.
Para a semana, à mesma hora, cá vos espero.
Magda, 47 anos a caminho dos 48 (se não me enganei nas contas como é habito...) e com tantos filhos que nem sei o nome de todos...
Começo pelos filhos biológicos: a Maggie (que tem 14 anos e vai a caminho dos 15) e o Martim (que tem 12 e vai a caminho dos 13).
E depois os filhos adoptivos que são mais que as mães. Primeiro os da faculdade e que são uns 15 ou 16. Como eu era a mais velha, era mais cuidadosa com os preparativos da viagem de finalistas, era eu que os acordava em Cancun para irmos para as excursões, tratava-lhes das feridas... fiquei a mãe.
A Joana diz que eu sou a mãe dois. A irmã duma grande amiga pediu para mudar o nome para um qualquer que comece por M para poder ir viver para a minha casa para ter livros, séries e animais com fartura. A Bruna é uma das melhoras amigas da minha filha e trata-me por mãe porque eu a trato como filha...
Enfim, como dizia alguém, eu sou a mãe.
Irmã da Prima Vera, foi parte fundamental da minha infância - muita porradinha eu levei desta menina - e é parte importante da minha vida atualmente. Hoje, a mana do coração e prima direta Telma:
Sou a Telma Guerra, tenho 32 anos e sou mãe de duas meninas: a Beatriz, de 10 anos, e a Margarida de 5 meses.
Tu odeias birras, que eu sei, lembraste qual foi a pior que te ofereceram?
Quando a Beatriz, mais ou menos com 2 anos, decidiu que não queria ir comigo lanchar ao café. Queria ficar no carro, o fedelho. Como é lógico, não ficou, levei-a comigo e quando me sento no café, ela decide deitar-se no chão a bater com as mão e os pés, dizendo que queria ir embora.
Permaneci sentada, a ferver dos nervos, com olhares cravados em mim e só saímos quando terminei de lanchar!
Bem... que grande birra! Como costumas lidar com elas, com as sacanas das birras?
Sou muito intransigente, não cedo de maneira nenhuma. Lidei com algumas da Beatriz, mas acredito que irei lidar com muitas mais quando chegar a vez da Margarida e não sei se irei lidar da mesma forma...
Como gostarias que as tuas filhas te recordassem?
Se eu conseguir que as minhas filhas pensem em mim da mesma forma que eu penso na minha mãe, sentir-me-ei muito feliz.
Mesmo tendo eu 32 anos e mesmo nem sempre correspondendo às expectativas da minha mãe, tenho a certeza que ela estará sempre disponível para mim. Posso ter muitas dificuldades na vida, mas enquanto puder contar com o seu colo, serei sempre muito feliz!
Se daqui a 10/20 anos as minhas filhas conseguirem ter este sentimento por mim, irei sentir que a minha missão de mãe foi cumprida!
Serás bem sucedida, com toda a certeza!
A Beatriz já é crescida, a Margarida ainda há pouco nasceu, como tem sido esta adaptação de um para dois?
Tem sido tranquila, embora gigantesca. Um bebé dá sempre imenso trabalho e sendo a Beatriz uma menina completamente autónoma, as atenções acabam sempre por se centrar mais na Margarida. Tento continuar a dar atenção à Beatriz, mas quase nunca consigo, ou porque a Margarida não deixa, ou porque quando deixa estou demasiado cansada e só quero dormir.
Não deve fácil, nada fácil. Mas tens a sorte de a Beatriz ser uma menina espetacular, como poucas, arrisco a dizer. Há algum episódio, durante esta aventura da maternidade, que te tenha marcado?
Não tenho nenhum em particular. O que me emociona é eu ter a perfeita noção que não estou a dedicar o tempo e atenção que deveria dar à Beatriz e mesmo assim ela continua a dizer-me que eu sou a melhor mãe do mundo!
É como ainda agora te disse, a Beatriz é uma raridade de miúda, será uma grande pessoa, não tenho dúvidas.
Mesmo sendo a Beatriz mais velha e tendo já muita autonomia, dois filhos significam mais trabalho, mais correria, menos tempo. Como tentas gerir isso? Algum segredo super espetacular?
Não sinto muita dificuldade em fazer as minhas tarefas. Tento sempre ter tudo em dia: todos os dias lavo, estendo e apanho roupa. Durante a semana mantenho tudo mais ou menos organizado e só ao fim de semana faço limpezas mais gerais. Claro que a ajuda da Beatriz é preciosa: de manhã, antes de sair, deixo camas feitas e loiça lavada e arrumada, enquanto a Beatriz está com a irmã.
Sabendo o que sabes neste momento, enquanto mãe, que dica deixarias para futuros pais?
Dar muito mimo e muito colo!
E não faz mal se habituar, depois desabitua. Não devemos deixar de dar colo aos nossos filho por isso. A Margarida tem tido muito colo e irá continuar a tê-lo, daqui a nada tem a idade da irmã e já não o quer.
Muito bem pensado. Por fim, gostaria que definisses a maternidade numa só palavra.
Dedicação.
Muito obrigada Telma por este bocadinho, foi um prazer ter-te por cá!
E eis que hoje vos trago alguém da blogozona para a habitual conversa sobre putos, birras e afins. A convidada é a Fatia Mor, do Vida às Fatias, que pronta e simpaticamente acedeu ao meu pedido.
Sem mais demoras:
Sou a FatiaMor, mais conhecida por Fatia e tenho duas Fatias pequeninas. Sou professora de profissão, psicóloga de formação, e mãe de duas criaturas adoráveis. A Fatia#1 tem 3 anos e meio. É uma criança muito criativa (como se pode ver nas pérolas do meu blog) e muito bem explicada. Está sempre a inventar novas músicas, jogos e ideias para explorar de toda a maneira e feitio. Tem imenso jeito para o desenho que herdou da mãe (not!!). A Fatia#2 tem 17 meses é um doce de criança. É a mais meiga das duas, mas já se percebeu que vai fazer tudo pela calada. Gosta muito de colinho, só quer dar beijinhos e miminhos, e está a começar a revelar um bom feitio que nem vos conto.
Ohhhh que fofinhas, Fatia!
Se a tua mais velha tem 3 e meio, quando nasceu a irmã teria perto de 2 aninhos, certo? Como foi a transição de uma para duas filhas, sendo que uma era ainda tão bebe?
Olha, inicialmente foi um choque. Eu tive um descolamento de placenta logo muito cedo, o que fez com que toda a gravidez condicionasse o colo. Depois de estar habituada à ideia da mana na barriga, eis que a mana sai cá para fora.
Primeiro era toda beijinhos, abraços e miminhos, até que um dia, estava eu a dar de mamar, ela levanta-se, vem na nossa direção, enfia uma estalada na mana e diz "não quero mais a mana!".
Foram alguns meses até estabilizar mas agora adora a mana e delira com as brincadeiras dela.
O bom de terem idades tão próximas é que já não se recorda bem de quando era só ela...
Caramba! Devem ter sido tempos bem difíceis, sobretudo a nível emocional. Como geriste isso?
Vai-se gerindo, sabes? Acho que o mais importante foi não dar demasiado valor a esses momentos de explosão e até os permitir para que a tensão saísse.
A Fatia#1 era muito pequena quando a irmã nasceu e a capacidade de entendimento era mínima.
Tentei sempre envolvê-la nas actividades com a irmã! Durante imenso tempo foi a Fatia#1 que lhe deu banho, por exemplo. Pegava na esponja e esfregava-a de alto a baixo. Também cedo começou a ajudar na muda da fralda, nas brincadeiras para as primeiras colheradas. Quem cuida, ama e seguimos um pouco esse princípio ao deixá-la "cuidar" da irmã.
Depois, também tivemos o cuidado de continuar a dar-lhe alguma atenção exclusiva. Deixar a mana com os avós e ir passear apenas com ela.
Com tudo isto, o processo resultou numa relação muito gira entre elas, já com os seus altos e baixos, mas com muito amor à mistura!
E o tempo Fatia? O sacana parece que voa quando temos filhos pequenos. Como geres o tempo com duas meninas pequenas?
Desde que tenho filhas que acho que o tempo voa. Não consigo apreciar na totalidade o desenvolvimento delas e parece que me esqueço como era ainda há 6 meses...
Mas adoro a possibilidade de ver dois seres a desenvolverem-se de dia para dia. E por isso é tão bom ver o tempo passar e ver as conquistas que elas fazem a todo o instante.
Por outro lado, há a vertente da gestão do tempo. Eu sou apologista de rotinas bem implementadas. Lá em casa há horas para tudo, com bom-senso é claro. Normalmente o levantar e o deitar são a horas certas. Fazemos sempre um esforço por tomar o pequeno-almoço em conjunto para começarmos bem o dia. Depois a Fatia#1 vai para a escola e nós para o trabalho. A Fatia#2 ainda não vai para a creche. Foi uma opção que fizemos e enquanto pudermos, será assim. À tarde, brinco com elas pelo menos uma hora. Saltamos, rimos, fazemos brincadeiras, puzzles ou plasticina. Às 18h são horas do banho. Pode ser um pouco mais cedo ou mais tarde, dependendo do dia, mas nunca passa das 18h30. Às 19h são horas de jantar... Elas comem cedo porque dormem cedo. Dou-lhes o jantar e segue-se mais meia hora de brincadeira. A seguir vêm as rotinas da noite: xixi, lavar dentes, beber água, ler a história, leite para a mais nova e cama com elas! Porque às 7h30 da manhã do dia seguinte está tudo acordado! E são assim as nossas rotinas. Ao fim-de-semana a coisa aligeira-se e tentamos passar o máximo de tempo fora de casa com elas: passear, conviver, ir ao parque, ao café, enfim, o normal.
No meio de tanta correria, tanta evolução, o que de melhor aprendeste, até agora, com a maternidade?
Acho que aprendi a descontrair. A aceitar que as coisas nem sempre são como nós esperamos, que os miúdos não se comportam de acordo com as teorias.
Aprendi também que a maternidade é um campo constante de críticas. Nunca estamos bem. E temos que aprender que cada pessoa tem a sua visão da melhor forma de educar os filhos: nem melhor, nem pior, apenas diferente.
Sim, nisto da maternidade há paletes de teorias. Na temática da birrice há imensas, cada uma com a sua certeza. Como lidas com a birra? Tendo duas filhas tão pequenas, suponho que o não te faltem sejam birras. Queres destacar alguma?
Como lido com as birras pode ser tema que dá para mangas. Depende da birra, do que a motiva e de qual delas se trata.
Normalmente tento desvalorizar a birra, ou seja, deixo-a fazer um pouco do seu charme e muitas vezes a coisa resolve-se sozinha. A mais velha já consegue perceber algumas coisas, por vezes dá para negociar. Mas nem sempre é possível e verdade seja dita nem sempre tenho paciência. A mais nova, a melhor estratégia é tentar distraí-la e a maior parte das birras são motivadas por sono, que tem uma solução, dormir! Agora sim, começou a mostrar a sua raça e a fazer birras por frustração, especialmente quando lhe dizemos que não a alguma coisa. Gere-se com o que há! Gostava de dizer que sou sempre 100% pedagógica, mas é mentira. Às vezes levanto a voz, outras tento estratégias mais ajustadas. A mais velha já levou uns sacode-pós, por exemplo. Não me orgulho, mas reconheço que fez o seu efeito. Enfim, nestas coisas, não há perfeição, certo?
Nunca há perfeição na parentalidade. Digo eu, que tantas vezes não sei como lidar com o miúdo, qual o melhor caminho, qual a melhor forma. E muitas, tantas vezes, como dizes, não há paciência. Conseguem tirar-nos do sério.
Mas também há imensas coisas boas, que nos fazem sorrir só de lembrar. Tens algum momento desses que gostasses de partilhar? Que de alguma forma te tenha marcado, enquanto mãe?
O que mais me faz sorrir quando penso nelas, é a cumplicidade que elas já demonstram ter! Nada me aquece mais o coração que vê-las brincar, gargalhar com as maluqueiras que vão fazendo uma para a outra e ver que a minha Fatia#1 nunca sai de casa sem dar um beijinho à Fatia#2. O que mais desejo é que se mantenham assim pela vida fora.
Sabendo o que já sabes hoje, que sugestão deixarias para futuros pais?
Sugestão propriamente dita, acho que não tenho nenhuma. Mas tenho uma conselho, ou se preferires, uma ideologia que acho que todos os pais precisam ouvir. Já falei dela aqui.
Tudo passa! Não vale a pena ficarmos demasiado ansiosos ou frustrados, porque um dia, todas as dificuldades vão ficar para trás. Tudo passa!
É um bom concelho, sem dúvida.
Para terminar a nossa conversa, gostaria que me definisses a maternidade numa só palavra e explicasses a tua escolha.
A maternidade para mim é natural.
Nunca pensei muito na questão do querer ou não querer ter filhos. Quando tive a minha primeira filha descobri que a maternidade é uma coisa natural. Comum. Que muitas mulheres já passaram por isto e muitas outras ainda irão passar. E quando digo natural quero distanciar-me da ideia do especial. A maternidade é natural e, para mim, devia ser entendida assim!
Um muito obrigada à Fatia, pela simpatia e disponibilidade em aceitar o meu convite. Foi a primeira entrevista blogosférica que fiz e não podia ter começado melhor, gostei mesmo muito.
E vocês?
Na semana em que começa a estação do ano com o seu nome, veio hoje polinizar aqui o estaminé a Prima Vera, prima das bolachas para os amigos, que é assim uma irmã mais velha, daquelas que inspiram e quem se recorre para aquele conselho ou para contar aquela novidade. Faz parte da minha vida desde que me conheço por gente e é um privilégio contar a sua amizade.
Foi com muito gosto que a convidei para esta rubrica, quer pela nossa relação, quer pela sua prespetiva e postura na maternidade.
Avancemos que de conversa fiada estão vocês fartinhos.
Quem é a Prima Vera?
Vera, 37 anos, mãe de Rita, 6 anos e Gabriel 3 anos.
A primeiríssima convidada a abrir esta rubrica é A Bruxinha, doravante tratada por Cunhada.
Olá sou a Sara, mais conhecida por Bruxinha, tenho um pirralho com 4anos, o David, que irá ter um irmão (a), tratado por Bebé. Trabalho na maior empresa deste país! Sou desempregada, mas coletada como vendedora ambulante, trabalho na época de produtos agrícolas, cá na terra. Também faço feiras de artesanato cá na zona. E mais mil e uma coisa... E gosto (sou obrigada) de fazer cárdio...
Cunhada, diz-me cá que ninguém nos ouve, qual foi a pior birra que o meu sobrinho te fez?
O David nunca foi muito de fazer birraaaaa, birraaaaa, mas dá-lhe os cinco minutos... Lembro-me de uma vez,ele armar circo no Pingo doce e o marido só dizer para me despachar que era uma vergonha! O bebé também já gosta de fazer a sua birra! Não quer cá apertos no espaço dele. O papy põe a mão por cima e lá dá ele de frosques para o outro lado...
Homens! Sempre com medo da vergonha! E tu, como lidas com a teimosia infantil?
Eu lido bem. Chora? Deixa chorar, quando quiser cala-se!
E não tens medo que fique traumatizado? Pobre criança... Como esperas que te recorde?
Como uma boa mãe, com os seus defeitos, mas que reconheçam o que faço/farei por eles, um dia...
E não, não tenho medo que fique traumatizado. :P
A maternidade é uma experiência do caneco. O que tens aprendido com ela?
Tenho aprendido:
1 O amor verdadeiro, o mais puro que poderemos ter;
2 Passam - nos a perna com facilidade, sabem chantagear (mas nós até gostamos....);
3 Só dizem que somos lindas quando lhes interessa;
4 Não dá para viver sem eles.
Estás novamente grávida, tens um puto com quatro anos e pico, como está a correr a adaptação dele ao maninho?
A adaptação foi fácil, está tudo a correr bem. O David super contente, mas prefere uma irmã, para menino diz ele que já chega ele. E confesso que até me esqueço (agora) que estou grávida, está a passar rápido...
És desempregada, é certo, mas uma mulher em casa também trabalha, também tem rotinas... Tens algum segredo especial na gestão do tempo?
Não tenho segredo, só tento ter tudo organizado ao máximo para o dia seguinte. Mochilas prontas (filho e marido), saco de ginásio pronto (nos dias que vou), deixo roupa já em cima das cómodas. Tudo adiantado para, na manhã seguinte, ser mais fácil. Que nunca é, o miúdo adora ser lesma a tomar o pequeno almoço. Se quero sair de casa às 8:30h às 7:15h tem de estar tudo fora da cama. E a partir das 19h é tratar dele, banho, jantar... Uma correria.
Como te compreendo! Para além de todos os momentos, de todas as birras, de tudo o que se aprende, há algum episódio que te marcado?
O único que me marcou, assim a sério, foi quando, com meio ano, teve de ser internado, com uma infecção urinária. Foi horrível, tivemos lá 7 dias. Ver a dor dele, os berros sempre que era picado... Não me aguentei numa das vezes e desatei lá a chorar... Tive largos meses que aquele choro não me saia da cabeça... Ficou mesmo marcado.
Imagino... O meu fez análises ao sangue na última ida à urgência e horrível.
Já estamos quase a terminar, mas antes gostaria que tentasses definir a maternidade numa só palavra.
Hmmm, só numa não consigo, mas duas sim: amor verdadeiro.
Por fim, tens alguma dica para futuros pais?
A dica útil que posso deixar é NÃO HABITUAR AO COLO! De dia, sempre que dormirem, nada de silêncios nem escuro, enquanto muito bebés, senão trocas os sonos.
Acho que estas dicas são preciosas, eu seguias à risca e recomendo! ;)
Obrigada pela conversa Cunhada!
Para a semana, há mais.
No mesmo sítio, à mesma hora.