Diário de uma preguiçosa aspirante a fit #16
Foi hoje.
Corri esta manhã o que dizia, há três meses, ser impossível. Que não era para mim, que não era capaz, que ia atrapalhar, que já os restantes estariam na meta e eu às voltinhas, arrastando-me para lá chegar, isto se conseguisse efetivamente chegar ao fim.
Já estava mentalizada que era capaz (falei sobre isso aqui), mas nunca, nem por sombras, julguei terminar num tempo tão curto. Corro há tão pouco tempo, demorei uma vida e meia a ultrapassar a barreira mental, levei 1:07 a percorrer 9 km... Tinha mentalmente estipulado 1:15 para terminar e ficaria felicíssima se conseguisse fazer esse tempo. Fiz menos. Muito menos. 1:03 foi o tempo que demorei a percorrer os 10 km. Caraças, vou ser a maior da rua durante a semana toda! (Sim, estou um bocado orgulhosa, mas é só um cadito, quase não se nota. :P) Para além disto, levamos para casa o terceiro lugar em equipa feminina e açambarcamos o pódio todo em Juniores femininos. Uma manhã do caraças!
Não posso, nem quero, deixar de agradecer a quem me meteu nisto. Não sei bem quem me inscreveu (sim, já estava inscrita quando me inscrevi efetivamente), mas aposto as fichas todas numa menina cujo nome começa com C, termina em A e tem as letras L, A,U,D e I lá pelo meio. Uma grande beijoca e muito, muito obrigada por teres feito aquilo que eu não faria.
Obrigada à família, com quem pude contar para depositar o puto enquanto ia correr, ao marido que preparou um almoço divinal (e que cumpria os requisitos dos 30 dias sem porcarias), aos amigos que mandaram mensagens de apoio, à Cunhada por me estar sempre a azucrinar a cabeça e pelas mensagens altamente motivadoras.
Por último, mas não em último, um grande obrigada a toda a família fit que acolheu esta preguiçosa. Que todos os dias motiva, acompanha, desafia e supera. Dos monitores, aos compinchas, passando pela incrível claque - foi muito, muito, bom aquele apoio final, quando já só pensava em sopas e descanso e a meta ainda me parecia tãoooooo longe, apesar de já estar mesmo ali, a uns míseros passos.
Passar a meta é uma sensação absolutamente fantástica. Começamos com ela em mente, paira no espírito a cada subida, dá ânimo a cada metro que dela nos aproximamos. Aquela sensação de chegar ao fim por si só, não olhar para o relógio, esquecer a dor nas pernas, a fadiga e ficar só ali a desfrutar dos curtos segundos em que dura aquela alegria em estado puro... Se não é das melhores coisinhas desta vida, anda muito lá perto. Sentir que pertencemos a um lugar, a uma equipa - mesmo sendo por nós e para nós que corremos - saber que temos alguém à espera, alguém que passa por nós e diz "vamos lá", saber que há quem corra connosco, mesmo que não vá ao nosso lado. Isso dá energia extra. É o impulso para mais uns metros, para o bocadinho que falta. "Não vais sozinha", garantiram-me a meio da minha indecisão inicial, no começo dos começos. E não fui. Nenhum de nós foi. Porque quando pertencemos efetivamente a um lugar, nunca estamos sozinhos. O melhor de tudo é o que os olhos não vêem, farto-me de dizer isto. A união é uma dessas coisas. Isso foi notório hoje, mais uma vez. Além da minha vaidade pessoal, tenho um imenso orgulho de todos aqueles com quem partilhei a camisola - mesmo quem não pôde partilhar o alcatrão, hoje.
Agora, venha a próxima, que as minhas sapatilhas ainda têm muito sola nova!