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A Caracol

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Um blogue pseudo-humoristico-sarcástico. #soquenão #ésóparvo

Mães (Im)Perfeitas

Olá, o meu nome é Caracol e sou uma mãe (im)perfeita de um menino, há 15 meses.

Há dias que não sei que lhe fazer.

De há quatro dias para cá, tem sido pior: o miúdo não come a sopa.

Julgo ser do nabo ou do tomate, mas já a confecionei da mesma forma e foi engolida com satisfação.

Julgo ser dentinhos novos a moer nas gengivas.

Julgo ser sono.

Fome a mais ou falta dela.

Talvez não lhe apeteça.

A nós nem sempre apetece o que nos servem, não é verdade?

Outras vezes, tenho a certeza que é para me enervar. Que faz de propósito. Que é um pequeno monstrinho com vontade de própria. Nesses dias, só me apetece abrir-lhe a goela e enfiar-lhe o creme de legumes por lá abaixo.

Nestes dias, consegui que comesse praticamente tudo o que tirara para o prato, sempre acompanhada da Xana Toc Toc ou dos Caricas. Ontem, recusou-se terminantemente a abrir a boca. Mesmo entretido. Dentes cerrados e mãozinhas a afastar a colher, num gesto assertivo de recusa. Tentei, insisti, entretive, voltei a insistir. Ralhei. Expliquei. Bufei.

 A cada colher devolvida, via nutrientes perdidos, défices de verduras, falta de proteínas, carências nutricionais, perda de peso... O drama, o horror. E voltava a insistir, que não podia ser, que tinha que ingerir legumes, que tinha que jantar. E ele que não, que não queria, ou não lhe apetecia.

O homem foi comprar um boião, que não se podia deitar a criança sem jantar. Foi recusado.

Acabei por lhe dar um copo de leite. Apenas metade foi sorvido.

Eu tento manter a calma, eu tento relaxar e dizer que é normal, que é uma fase. O meu lado (im)perfeito não deixa. Abano a cabeça em negação, que não pode ser, o miúdo tem quinze meses, não faz já o que quer. Rais me parta se não o faço comer sopa. E volto a ver défices nutricionais e atestados de incapacidade parental.

Estabelecemos um plano, uma jogada estratégica para combater a recusa sopal: batata doce. Caso não resulte: farinha de pau. Em último recurso: legumes cozidos em pedaços.

E paciência. Carradas de paciência. Algo que as mães (im)perfeitas costumam perder com facilidade.

Dizei-me mães perfeitas, que mais haverei de fazer?